BH agiliza atendimento a menor que comete ato infracional

Com pouco mais de cinco meses de funcionamento, o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infraci...

26/05/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

BH agiliza atendimento a menor que comete ato infracional

Com pouco mais de cinco meses de funcionamento, o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA) elevou sensivelmente o número de decisões a respeito dos crimes cometidos por esses jovens. De 3 de janeiro de 2008, quando passou a funcionar, a 21 de maio deste ano, foram registrados 3.498 atendimentos, contra 148 audiências realizadas em dezembro de 2007 e 538 no ano seguinte. O CIA reúne, num mesmo espaço, representantes de todos os órgãos de segurança - policiais civis e militares, promotores, defensores, e juízes que atuam em conjunto para agilizar o processo de apreensão, apuração e julgamento dos adolescentes infratores.

Os números foram apresentados pelo titular da Subsecretaria de Estado de Atendimento às medidas Socioeducativas (Suase), Ronaldo Araújo Pedron, em audiência pública realizada nesta terça-feira (26/5/09) pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O objetivo da reunião foi conhecer o trabalho desenvolvido pela pasta.

Ronaldo Pedron se baseou em números para defender a ampliação desses centros para o interior. Em sua opinião, o trabalho integrado é mais efetivo e eficiente, pois estabelece uma responsabilidade ao adolescente já em sua primeira infração, facilitando sua reinserção social e o desestímulo a continuar no mundo do crime. Segundo ele, quando o processo é desarticulado, é comum o jovem ser responsabilizado apenas depois de cometer quatro ou cinco infrações. "O que se pretende é romper com o ciclo de criminalidade juvenil", afirmou.

Dados confirmam que adolescentes cometem crimes mais leves

O levantamento feito pela Suase serviu para produzir um quadro da criminalidade juvenil em Belo Horizonte. Dos 3.498 adolescentes atendidos, 90,53% são homens e 9,47%, mulheres. Desse total, 20,35% têm 15 anos; 25,69%, 16 anos; e 29,76%, 17 anos.

Os adolescentes infratores, conforme a pesquisa, nem sempre agem na região onde moram. Dos crimes cometidos, 25,95% são praticados na Zona Sul, região que abriga 14,20% dos infratores; 15,51% são na região Leste, contra 14,37% de moradores; e 12,03% na Noroeste, onde moram 13,52% dos jovens envolvidos. Para Ronaldo Pedron, é natural que os locais mais nobres exerçam maior atração em função do poder aquisitivo das pessoas que moram ou trabalham na área.

Um dado que o subsecretário considerou importante é o do nível de gravidade das infrações cometidas pelos adolescentes: menos de 1% delas estão relacionadas a crimes contra pessoas. Das ocorrências registradas, 0,47% são de homicídio consumado; 0,35%, de tentativa de homicídio; e 0,09%, de tentativas de latrocínio.

A maioria das infrações está ligada a tráfico de drogas (24,12%); posse e uso de drogas (23,02%); e danos contra patrimônio, divididos em furtos (13,73%) e roubo (10,64%). Esses dados, segundo Pedron, reforçam que as medidas socioeducativas podem ser muito mais eficientes que as exclusivamente punitivas.

A Subsecretaria tem estimulado, nos municípios, a adoção dessas medidas para prevenir a reincidência dos crimes entre os adolescentes. O subsecretário disse que essas medidas podem ser em meio aberto ou fechado. O regime aberto é de competência do município e pode ser aplicado de duas formas: a liberdade assistida, na qual o infrator e sua família são acompanhados por especialistas como psicólogos, assistentes sociais e advogados; e a prestação de serviços à comunidade.

As medidas socieducativas em meio fechado são de responsabilidade do Governo do Estado e são realizadas em unidades de internação provisória ou definitiva. Podem ser aplicadas em regime de semi-liberdade, com atividades fora da unidade, ou dentro do estabelecimento prisional, para os infratores de crimes mais graves.

Ronaldo Pedron lamentou que a maioria dos municípios mineiros ainda não aplicam medidas socieducativas aos adolescentes. O governo tem estabelecido convênios com as prefeituras para disseminar essa cultura. Em 2008 foram capacitados profissionais em 83 municípios, e a meta é chegar a 125 ainda este ano, alcançado 1,3 mil adolescentes em todo o Estado. Há cinco anos, eram 12 unidades e 420 vagas. Atualmente, são 28 centros socioeducativos, com 926 vagas.

Deputados pedem mais atenção a Betim

Os deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão, e Rômulo Veneroso (PV), apelaram ao subsecretário mais atenção do governo aos problemas ocorridos em Betim envolvendo adolescentes. A cidade ocupa o primeiro lugar no Estado no ranking de crimes juvenis.

Rômulo Veneroso pediu que o governo destine mais recursos para adequar o município às novidades apresentadas pelo subsecretário. Sugeriu que os mesmos dados levantados em Belo Horizonte sejam feitos na cidade vizinha para identificar melhor as ocorrências. "É preciso investir em projetos para conter o avanço do envolvimento dos jovens na criminalidade", justificou. Ele propôs intermediar um entendimento entre o Estado e a prefeitura para buscar uma solução.

João Leite reforçou o pedido, lembrando que Betim é atravessada por uma rodovia que liga Minas Gerais ao Mercosul, o que pode significar mais riscos para a população. Recordou, também, que 20 adolescentes daquela cidade cumprem pena em cadeia porque não há uma unidade específica para essa faixa etária na município.

Pedron explicou que o Estado tinha tudo pronto para instalar um centro na cidade quando descobriu que uma lei municipal impede a construção desse tipo de unidade prisional. Mesmo assim, se dispôs a um entendimento com a prefeitura de Betim.

João Leite também defendeu mais investimentos na socialização dos jovens dentro da comunidade onde vivem, para evitar a migração de crimes para outras áreas, como demonstrado em Belo Horizonte. "É um equívoco levar o jovem para programas em locais que ele não conhece e longe de onde mora", disse.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente; Rômulo Veneroso (PV), Tenente Lúcio (PDT) e Vanderlei Jangrossi (PP).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715