Cipe Rio Doce faz sua primeira reunião de trabalhos

Na tarde desta quinta-feira (21/5/09), a Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustent...

21/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Cipe Rio Doce faz sua primeira reunião de trabalhos

Na tarde desta quinta-feira (21/5/09), a Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce (Cipe-Rio Doce) realizou sua primeira reunião de trabalho sob a presidência da deputada Luzia Toledo (PTB-ES), eleita na parte da manhã em substituição ao deputado mineiro José Henrique (PMDB). Entre os objetivos e metas traçados na reunião para o presente biênio, Luzia Toledo incluiu, na meta de desenvolvimento do turismo, a discussão de ações de uma Rota Imperial dentro do projeto Estrada Real, que vai de Ouro Preto a Vitória.

A secretária de Meio Ambiente do Espírito Santo, Maria da Glória Abaurre, fez uma exposição sobre a situação ambiental em seu Estado. Disse que 90% do território capixaba era coberto por mata atlântica, que hoje chega apenas a 10%, em áreas fragmentadas da região serrana, Caparaó e na foz do Rio Doce. Revelou também que o Estado sobre um déficit hídrico, que o governo espera equilibrar até 2015 com um plano de estender a cobertura vegetal a 16% do território e um projeto para converter produtores rurais em produtores de água.

Abaurre disse que o Rio Doce é essencial para a vida no Espírito Santo, pois sua bacia cobre 33% do território. Disse que sua Secretaria se espelha em muitas das ações da Semad de Minas, comandada pelo secretário José Carlos Carvalho.

Carvalho considera a Cipe "um espaço de debate político sobre a gestão ambiental do Rio Doce, uma das bacias mais degradadas do País, mesmo com ocupação bem recente". Falou sobre o Plano Diretor e sobre o Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. O documento, que está em fase de contratação, será elaborado em conjunto com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a Agência Nacional das Águas (ANA) e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema). O plano vai conter diretrizes, metas e programas para o uso racional da água do Rio Doce.

Prejuízos da enchente de Ponte Nova foram minimizados

Técnicos da Semad e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) apresentaram em detalhe um sistema de alerta contra enchentes, baseado em modelos desenvolvidos por eles em parceria com a UFRJ a partir de informações recebidas em tempo real de 45 estações ao longo da bacia do Rio Doce. Elizabeth Guelman David, da CPRM, demonstrou a exatidão das previsões através de gráficos e informou um resultado prático: a cheia do Rio Piranga, que inundou Ponte Nova no ano passado, teve seus prejuízos minimizados graças ao alerta.

Os técnicos cobraram, no entanto, a aquisição de um radar meteorológico capaz de rastrear, num raio de 200 km, temporais perigosos e precipitação de granizo, que também causam prejuízos. O equipamento custa cerca de R$ 2 milhões, e poderia ser adquirido com recursos do Fhidro, segundo o deputado José Henrique. O argumento dos técnicos foi o de que São Paulo possui quatro desses radares, e até Estados menores, como Alagoas, o possuem. Minas e Espírito Santo estariam desguarnecidos.

O sistema de alerta contra cheias foi elogiado pelo deputado capixaba Paulo Roberto, porque cidades como Colatina e Linhares são muito expostas às cheias do Rio Doce. Ele disse também que o Estado está enfrentando o problema dos lixões com um investimento de R$ 40 milhões. Quatro aterros sanitários estão sendo construídos nas diversas regiões, cabendo às prefeituras apenas o custo do transporte do lixo.

A lembrança dos prejuízos das últimas enchentes na Zona da Mata foi tema da participação do deputado Padre João (PT), que participava da Cipe há anos, mas só agora tornou-se membro. "A enchente em Ponte Nova parecia uma bomba que caiu lá. Mostrou a indignação do rio Piranga contra as agressões que vem sofrendo", disse o parlamentar. Para ele, o trabalho precisa começar nas cabeceiras, em pequenas cidades como Cipotânea, cujo IDH é um dos mais baixos do Estado.

Padre João cobrou também que as empresas que obtêm recursos do BNDES deveriam ser condicionadas a não degradar os rios. Como exemplo, disse que a Copasa recebe recursos públicos, atende 611 municípios, mas não trata os esgotos como deveria. "O segundo maior degradador do Estado é a Cia. Vale do Rio Doce, que também deve ao BNDES", acusou.

Cidades da Zona da Mata constroem dentro dos leitos dos rios

Por sua vez, o deputado Carlin Moura (PCdoB) afirmou que a situação da bacia do Rio Doce mostra retrocessos, como a situação dos atingidos por barragens e os graves acidentes ambientais que ocorrem, cuja reparação é muito lenta. Deu como exemplo a sub-bacia do Rio Santo Antônio, que seria vítima do mercúrio das minerações, e do Suaçuí, à mercê da degradação ambiental trazida pela pecuária de corte. "A luta ambiental em Minas não avança. O que avança é a ganância das mineradoras", sentenciou.

O deputado José Henrique deposita suas esperanças no Fundo de Recursos Hídricos (Fhidro), cujos recursos ficaram parados há anos e poderão ser investidos na recuperação dos desastres causados pelas cheias. "Manhuaçu, Caratinga e Governador Valadares são sempre atingidos pelas enchentes, e a situação é mais grave porque essas cidades invadem o leito natural do rio. Não sei se nossa lei ambiental permitiria, mas visitei a cidade espanhola de Valencia, onde o governo desviou do centro da cidade o rio que a cortava, e construiu várias barragens para regularização das cheias", informou.

Ao final da reunião, foi aprovada uma proposição dos deputados Padre João e Carlin Moura, para a realização de uma reunião da Cipe em Resplendor, para verificar o problema das estações de tratamento de esgotos que não funcionam.

Presenças - Deputados capixabas: Luzia Toledo, presidente; Dary Pagung, coordenador pelo ES; e Paulo Roberto. Deputados mineiros: Padre João (PT), José Henrique (PMDB), Ronaldo Magalhães (PSDB) e Carlin Moura (PCdoB).

 

 

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