Sustentabilidade de municípios pós-mineração é colocada em dúvida

A Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais tem realizado periodicamente reuniões com o s...

20/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Sustentabilidade de municípios pós-mineração é colocada em dúvida

A Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais tem realizado periodicamente reuniões com o setor mineral com o objetivo de colher subsídios tanto para a realização de um debate público a ser realizado em junho quanto para elaboração de uma política minerária para o Estado. Nesta quarta-feira (20/5/09), a requerimento do seu presidente, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), a comissão reuniu especialistas para discutir o uso de rochas e minerais industriais, como calcário e fosfato, em Minas.

Porém, a discussão derivou para a questão da iminente exaustão das jazidas e a sustentabilidade dos municípios a partir de então. Somente a orientadora de lavra do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Ana Lúcia Guará Bezerra, trouxe alguns dados sobre os minerais em foco na reunião. Trata-se de um relatório preparado pelo órgão a partir de um trabalho para identificar e potencializar a produção desses insumos. Esse documento foi entregue à comissão.

O DNPM informa, por exemplo, que 80% dos depósitos de fosfato presentes no Brasil concentram-se a partir da região de Goiás, estendendo-se a Araxá e Patrocínio, no Alto Paranaíba. Desse total, 66% localizam-se em território mineiro. Por isso, a região tem potencial para abrigar a segunda maior jazida de fosfato do Brasil. O Brasil responde, ainda de acordo com o relatório do DNPM, por 42% da extração mundial de rochas sedimentares, com uma produção anual de 6.185 milhões de toneladas.

O problema da exaustão das jazidas e do abandono da atividade minerária, com o consequente declínio econômico e social de diversos municípios, foi levantado pela assessora jurídica da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), Priscila Ramos Neto Viana. Ela disse que, para muitas cidades, a dependência econômica da atividade hoje é benéfica, mas quando as jazidas acabarem, isso vai gerar uma situação caótica.

A assessora lembrou o caso de Raposos (Região Metropolitana de Belo Horizonte). "Nenhuma atividade preencheu o vazio deixado pelo fim da mineração", afirmou. Segundo ela, é importante que o Fundo de Exaustão dos Municípios Mineradores, previsto pela Constituição Estadual, saia do papel.

A Comissão de Minas e Energia também recebeu, das mãos do diretor do sindicato Metabase, de Itabira, Wegton José Alvarenga, um relatório que indica que está nos planos da mineradora Vale abandonar Minas Gerais aos poucos e concentrar sua produção na região de Carajás (PA). Segundo Alvarenga, "em curto prazo nossas minas estarão exauridas e o Estado, totalmente desamparado". Por isso, defendeu uma posição governamental clara sobre o assunto.

Legislação precisa ser modernizada

Outra questão levantada pelos participantes foi a necessidade de modernização da legislação minerária vigente. Segundo Priscila, "é assustador como a legislação brasileira é primitiva no setor mineral, que é tratado como na época do Império ou mesmo do Brasil-Colônia", comparou. Suas palavras foram apoiadas pelo deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), ex-prefeito de Itabira. Ele também defendeu a modernização da lei e pediu que as ações do Estado, incluindo aí municípios, Estados e União, sejam mais eficientes e participativas.

Magalhães e Sávio Souza Cruz lamentaram a ausência do setor produtivo no debate desta quarta-feira (20). Porém, não foi por falta de convite, uma vez que a Associação dos Mineradores de Pains, Arcos e Região foi chamada para a reunião mas não enviou representante. "A presença do setor produtivo aqui seria altamente enriquecedora, porque são eles quem vivem os problemas no dia a dia", destacou.

Luiz Antônio Fortes Castro, superintendente de Mineração e Metalurgia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, destacou os pontos positivos da mineração, citando a qualidade da água mineral produzida em Minas, o alto nível de tecnologia aplicado na fabricação de argila refratária e a competitividade do calcário extraído no Estado. Ele reiterou a abertura do Governo do Estado para ouvir as reivindicações das entidades representativas do setor mineral.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Gustavo Valadares (DEM), vice; Célio Moreira (PSDB) e Ronaldo Magalhães (PSDB). Também participaram da reunião o coordenador do setor de Tecnologia Mineral do Cefet, Ângelo Carlos Maffei; a consultora do Sindiextra Denise Kirstemann Chiadi, e o presidente do Sindicato dos Geólogos de Minas Gerais, Dower Alvim.

 

 

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