Comissão quer rever decreto sobre circulação de táxis

A Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pretende provocar um...

19/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão quer rever decreto sobre circulação de táxis

A Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pretende provocar uma revisão do Decreto 44.035, de 2005, que disciplina o transporte rodoviário intermunicipal. Um dos objetivos é solucionar o problema vivido por taxistas do interior do Estado, que estão recebendo multas pelo transporte de passageiros entre municípios. O assunto foi tema de audiência nesta terça-feira (19/5/09), a requerimento do deputado Padre João (PT), que se comprometeu a reunir os envolvidos na questão e listar as mudanças necessárias no decreto. Por sugestão do presidente da comissão, Gustavo Valadares (DEM), as propostas serão levadas à Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop).

Padre João argumentou que, em muitas cidades, as empresas de ônibus não prestam serviço adequado. Há casos em que há apenas um horário de ônibus, mas os cidadãos ficam impedidos de usar o serviço de táxi. "E o pior é que essa normatização é feita por decreto", salientou. Um dos convidados, o presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Transporte de Passageiros do Vale do Carangola, Joaquim Alves Corrêa, trouxe ainda a denúncia de que em Divino (Zona da Mata), por força de liminar, o taxista multado tem que pagar R$ 1 mil por passageiro, e que o valor estaria sendo creditado para a empresa de ônibus que tem a concessão da linha.

Também o taxista e vereador de São Roque de Minas (Centro-Oeste), Renato Carlos da Silva, afirmou que as empresas de ônibus têm fiscais nos pontos de embarque, que anotam as placas de táxis que apanham passageiros. "Quando somos parados por algum agente do DER-MG (Departamento de Estradas de Rodagem), ele confere se a placa está na lista e aplica a multa", afirmou. E o presidente da Câmara Municipal de Felício dos Santos (Região Central), Luiz Lopes do Nascimento, afirmou que todos os taxistas do município migraram para a clandestinidade. Os dois vereadores identificaram os agentes de fiscalização. Taxistas de várias outras cidades acompanharam a reunião.

Para o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos e Taxistas de Minas Gerais, Dirceu Efigênio Reis, o DER-MG está usando dois pesos e duas medidas, uma vez que os taxistas de Confins e de Belo Horizonte circulam nesses dois municípios e os táxis especiais também não são multados por essa prática. Essa exceção de BH-Confins foi citada ainda pelo deputado Paulo Guedes (PT). "Por que o taxista de Manga não pode ir a Montes Claros?", comparou. O parlamentar salientou que, no interior, não faz sentido o passageiro usar o táxi para ir de um bairro ao outro. "Os ônibus não chega em várias cidades. E o objetivo é sempre levar o passageiro para as cidades maiores", reforçou.

O deputado Délio Malheiros (PV) leu ainda carta de taxistas de Angelândia (Vale do Jequitinhonha), relatando problemas semelhantes.

Deputados criticam decreto e defendem modificações

Diversos deputados estiveram na audiência e reforçaram a necessidade de revisão das normas sobre o transporte público. Segundo Antônio Carlos Arantes (PSC), a legislação tem que favorecer a maioria. "Podemos fazer ações para mudar isso e também os grandes intervalos entre os horários de ônibus", afirmou. Juninho Araújo (PRTB) também reclamou que o interior de Minas está sem uma resposta efetiva para esse problema. "Várias cidades próximas a Manhuaçu (Zona da Mata) sofrem com os poucos horários de ônibus. A lei não pode prejudicar as empresas, mas também não pode atingir taxistas e usuários", defendeu.

Para Alencar da Silveira Jr. (PDT), é preciso encarar a realidade desse problema. "O taxista não vai sobreviver se ficar só na sua cidade. Ele vai para a rodoviária, sim. Mas pessoas que não são taxistas também estão fazendo isso. E os perueiros não são fiscalizados porque dão bola para policiais", garantiu. Já Irani Barbosa (PSDB) propôs uma estudo real da situação de cada cidade, uma espécie de pesquisa de origem e destino para adequar o transporte público. "Não existe limitação para os táxis em nenhuma lei, a não ser nesse decreto em Minas", criticou. Por outro lado, o deputado salientou que muitas placas de táxis são concedidas sem critérios ou por motivos políticos no interior.

O deputado Délio Malheiros também condenou a cobrança de multa com base em decreto. Segundo ele, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou várias vezes contra essa prática. Para o parlamentar, a questão do transporte público precisa de uma revisão geral, do preço das passagens até a licitação das empresas de ônibus. "Uma corrida de táxi para Itamarandiba, por exemplo, custa menos que a passagem de ônibus. Os ônibus também transportam cargas e descumprem o Estatuto do Idoso. Mas é fácil multar o mais fraco", criticou.

DER-MG argumenta que obedece à legislação

Dois representantes do DER-MG estiveram na audiência e listaram as normas que regem o trabalho do órgão. O diretor de Fiscalização, Paulo Rubens Pereira Diniz, afirmou que causa dó aos fiscais tomar as atitudes a que são obrigados. "Mas não cabe ao DER discutir e criticar. Trata-se de um problema social que precisa ser resolvido", afirmou. Segundo ele, o órgão fez agora um concurso público e quer acertar. Já o gerente de Fiscalização, Ronaldo de Assis Carvalho, ressalvou que, todos os dias, nas rodoviárias, taxistas anunciam corridas para o interior, aliciando passageiros e fazendo concorrência direta com as empresas concessionárias.

O DER-MG tem ainda convênio com a Polícia Militar, representada na reunião pelo tenente-coronel Adirson Barbosa do Prado. Segundo o militar, o usuário do sistema de transporte realmente fica sem opção. Mas quem paga a conta disso é o órgão fiscalizador. "Se não agradamos à sociedade, é porque a norma não é adequada. Mas não podemos fugir dela", afirmou.

Projeto de lei recebe parecer pela rejeição

A comissão aprovou ainda parecer pela rejeição do Projeto de Lei (PL) 2.987/09, em 1º turno. De autoria do deputado Leonardo Moreira (DEM), a proposição obriga a contratação de seguro de vida e acidentes pessoais, além de assistência funeral, nas rodovias sob jurisdição do Estado sujeitas à cobrança de pedágio. A relatoria, originalmente a cargo do deputado Rêmolo Aloise (PSDB), foi redistribuída a Juninho Araújo. Segundo o relator, os custos dessa obrigação provavelmente seriam repassados para os pedágios, penalizando os usuários que já pagam o seguro obrigatório. Durante a reunião, também foram aprovadas proposições que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Gustavo Valadares (DEM), presidente da comissão; Irani Barbosa (PSDB), Juninho Araújo (PRTB), Padre João (PT), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Antônio Carlos Arantes (PSC), Délio Malheiros (PV) e Paulo Guedes (PT).

 

 

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