Moradores de favelas denunciam ações da PBH no programa Vila Viva

Moradores de vilas e favelas da Capital e defensores públicos afirmaram nesta terça-feira (19/5/09), na Assembleia Le...

19/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Moradores de favelas denunciam ações da PBH no programa Vila Viva

Moradores de vilas e favelas da Capital e defensores públicos afirmaram nesta terça-feira (19/5/09), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) age com autoritarismo e não paga as indenizações devidas às famílias removidas pelo programa Vila Viva. As denúncias foram feitas em reunião da Comissão de Direitos Humanos. Os deputados da comissão aprovaram requerimentos solicitando à Câmara Municipal e à Câmara dos Deputados (uma vez que o programa envolve verbas federais) abertura de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a situação.

O debate foi realizado a pedido do presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT). Ele disse que as denúncias já haviam sido feitas em outras reuniões por integrantes da Defensoria Pública e, por isso, a comissão decidiu ouvir também os moradores e a PBH. "O Vila Viva muda a vida de muita gente, radicalmente", declarou Durval. O deputado Ruy Muniz (DEM) afirmou ter uma imagem boa do programa e que a audiência foi uma oportunidade de ver o contraditório.

Desejo de ficar - Quatro moradores de vilas e favelas integraram a mesa da reunião. Todos disseram que o desejo das comunidades é ficar nos locais onde já vivem e ter sua situação fundiária regularizada, além de melhorias na infraestrutura urbana. "Não quero abrir mão dos meus direitos", afirmou a representante da Pedreira Prado Lopes (região Noroeste de BH), Rosilene Nunes Martins.

As indenizações pagas às famílias removidas pela PBH foram alvo de reclamações. "Eles [autoridades da prefeitura] impõem o preço deles, o que eles querem, a falta de consideração deles, e não pagam aquilo que têm de pagar", declarou José Otávio, da Vila São José, também na região Noroeste. Ainda foram ouvidos os representantes do Morro das Pedras, Gilberto Francisco Guimarães, e do Aglomerado da Serra, Cristina Silva de Lima.

O coordenador do movimento Rede Favela e Periferia, Alexandre Mello Brandão, levantou a suspeita de que a remoção de famílias possa estar atendendo a interesses do mercado imobiliário, e sugeriu que o Vila Viva seja investigado. Por causa das denúncias, a Comissão de Direitos Humanos aprovou requerimentos do deputado Durval Ângelo para que as notas taquigráficas da reunião sejam enviadas às presidências da Câmara Municipal de Belo Horizonte e da Câmara dos Deputados, ao Ministério Público e à Defensoria Pública. No caso dos legislativos municipal e federal, o deputado sugere a abertura de CPI.

Defensoria - Os defensores públicos Marcelo Nicoliello e Hélio da Gama e Silva disseram que a prefeitura não discutiu o Vila Viva com os moradores das áreas afetadas. Nicoliello chegou a comparar a ação da PBH a métodos nazistas, por supostamente remover as famílias contra a vontade delas. Gama e Silva afirmou que os valores pagos aos moradores a título de indenização são injustos.

Para o padre da Paróquia de Todos os Santos, Pier Luigi Bernareggi, a prefeitura age de forma preconceituosa contra os moradores de favelas e não respeita sua cultura. Ele disse que o poder público municipal comporta-se de forma diferente quando se trata de bairros de classe média-alta, como o Belvedere, que, segundo o padre, é fruto de ocupação irregular.

Urbel diz que intenção é regularizar situação fundiária

A defesa do programa Vila Viva foi feita pelo diretor-presidente da Urbel, Claudius Vinícius Leite Pereira, e pelo vereador de Belo Horizonte Paulinho Motorista (PSL). Pereira rebateu as críticas ao programa. Segundo ele, o Vila Viva é resultado de discussões iniciadas no Conselho Municipal de Habitação, com participação das comunidades, e tem como objetivo a sobrevivência das vilas, com melhor infraestrutura. "O Vila Viva não quer acabar com as favelas. O objetivo final é regularizar fundiariamente a vila, entregando títulos de propriedade aos moradores", afirmou.

O diretor-presidente da Urbel disse que pesquisa realizada pela PBH demonstra que 72% das 2.000 famílias já removidas de barracões no Aglomerado da Serra (Zona Sul) permaneceram na região ou em seu entorno. O vereador Paulinho Motorista afirmou que no Aglomerado da Serra a maioria dos moradores está satisfeita com o programa, que teria ajudado até a reduzir os índices de criminalidade.

De acordo com o site da PBH, o Vila Viva realiza intervenções em seis vilas e favelas. A previsão é de que 7.414 famílias sejam removidas nas seis comunidades, sendo que 2.000 já vivem em novos lares. Até o fim das obras, serão construídos 4.130 apartamentos para o reassentamento das famílias nas próprias comunidades. Há ainda a opção de receber o valor da indenização pela benfeitoria da residência ou participar de reassentamento monitorado.

Outros requerimentos - A Comissão de Direitos Humanos também aprovou os seguintes requerimentos: do deputado Sargento Rodrigues (PDT), pedindo audiência pública para discutir denúncias de irregularidade na transferência de policiais militares; da deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), solicitando audiência pública em Cataguases (Zona da Mata) a respeito da situação da cadeia pública e do quartel da Polícia Militar; e do deputado Durval Ângelo, para que seja enviado apelo ao Superior Tribunal de Justiça, a fim de que reverta a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais de não conceder habeas corpus a detenta da cadeia de Monte Belo que está grávida.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Ruy Muniz (DEM), Vanderlei Miranda (PMDB) e Domingos Sávio (PSDB).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715