Publicidade sobre bloquedores de ar é questionada na ALMG

Os deputados da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais question...

19/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Publicidade sobre bloquedores de ar é questionada na ALMG

Os deputados da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais questionaram, em audiência pública, realizada na manhã desta terça-feira (19/5/09), a empresa Blokear Equipamentos, fabricante de bloqueadores de ar para tubulações de água, sobre benefícios do produto listados em publicidade adotada pela empresa. A reunião, solicitada pelo deputado Fábio Avelar (PSC), que ouviu também representantes da Copasa, Ministério Público e Movimento das Donas de Casa, debateu ainda o problema do excesso de ar na rede de fornecimento de água e o prejuízo gerado aos consumidores, que pagam por ar como se fosse água.

De acordo com Fábio Avelar, a propaganda utilizada pela Blokear é enganosa, uma vez que afirma que o produto é aprovado por estudos da UFMG e que é eficaz para todos os consumidores. O parlamentar lembra que, na verdade, os efeitos do bloqueador são sentidos apenas em algumas circunstâncias; e que a universidade emitiu pareceres sobre a eficiência do produto, sem, com isso, autorizar seu uso. "Não há nenhum órgão que fiscalize a economia trazida pelo aparelho. Os laudos apontam que a eficiência vai de 15% a 48%, mesmo assim apenas em alguns casos", diz.

O deputado Délio Malheiros (PV) fez coro às palavras do colega, mas cobrou da Copasa uma solução do problema do ar nas tubulações da rede de água. Para ele, a concessionária precisa admitir a falha e encontrar soluções para que o consumidor pare de pagar pelo uso do ar como se fosse água. "O bloqueador traz economia para algumas pessoas, mas não vai resolver o problema. Acredito que se a Copasa criasse cotas com descontos na cobrança, os consumidores teriam uma contrapartida desse prejuízo", sugeriu. Sobre a publicidade da Blokear, o parlamentar também considerou o material como fraudulento por não informar a verdadeira eficiência do produto.

O coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, sugeriu que a empresa forneça à comissão uma lista de todos os clientes que possuem o aparelho instalado, para que possam ser colhidos depoimentos sobre a real economia gerada pelo uso do bloqueador.

Ministério Público critica prestação de serviço da Copasa

O promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, José Antônio Baeta, afirmou que o problema passa por falhas no atendimento da Copasa. Para ele, as tarifas cobradas estão entre as mais altas do País, mas o consumidor ainda paga pelo consumo de ar como se fosse água. Ele lembrou que existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que definiu critérios para o uso dos bloqueadores e eliminadores de ar na rede de fornecimento de água do Estado, mas que muito ainda deve ser feito pela concessionária. "Os aparelhos são eficientes em determinadas situações e os estudos da UFMG apontaram isso. Os hidrômetros utilizados pela Copasa são tão eficientes, que cobram até pelo ar, que o consumidor paga indevidamente", alertou.

Baeta lembrou ainda que a criação da agência reguladora, cujo projeto de lei está tramitando da ALMG, deverá adaptar os hidrômetros à realidade brasileira, levando em consideração a precariedade na prestação de serviço das concessionárias. "A aferição é perfeita, mas o atendimento é de terceiro mundo", criticou. Para ele, a publicidade da Blokear também é enganosa.

Estudos - O professor da UFMG Carlos Barreira Martinez explicou que o trabalho da universidade foi emitir um laudo sobre a eficiência dos aparelhos. Segundo ele, os estudos apontam que a solução do problema passa pela fiscalização do uso do bloqueador com o apoio técnico necessário. Ele reforçou que os sistemas de água têm problemas, mas nem todos serão resolvidos com a utilização do produto.

A representante do Movimento das Donas de Casa e Consumidoras de Minas Gerais, Maria do Céu Paixão, reforçou que os consumidores são os principais lesados pelo impasse, e sugeriu que o Inmetro aprove não somente o hidrômetro, mas também os bloqueadores e eliminadores de ar.

Copasa e empresários se defendem

O gerente da Divisão de Assuntos Contenciosos da Copasa, Adlei Duarte de Carvalho, afirmou que a responsabilidade da concessionária vai até o hidrômetro. De acordo com ele, o uso dos bloqueadores é uma opção do consumidor e ainda questionou os efeitos dos aparelhos na qualidade da água e na saúde das pessoas. Ele afirmou na audiência que a informação de que a economia ocorre em todos os casos é mentirosa e que a Copasa já acionou os ministérios públicos Estadual e Federal e a Secretaria de Estado da Saúde, para que os consumidores sejam devidamente esclarecidos sobre a eficácia dos aparelhos. "Não existe ar em todas as regiões de Minas Gerais. A Copasa não pode ser responsabilizada pela divulgação errônea desse anúncio", salientou.

Blokear - O advogado e procurador da Blokear admitiu que há erros no panfleto que lista os benefícios pelo uso do bloqueador, mas lembrou que não há nenhuma ação ajuizada por consumidores contra a empresa. Ele disse que a UFMG fez todos os testes com o produto e que, por prudência, afirmou que a economia chega a até 40%, "mas temos clientes que tiveram até 64% de redução na conta", disse. Ele reforçou que o problema do ar nas tubulações da água é real e que o produto só será descartável quando toda a rede for adaptada. "Admitimos os equívocos no anúncio, mas estamos certos do resultado do produto", concluiu.

O proprietário da Blokear, Fábio Túlio de Souza, realizou um teste com o bloqueador durante a audiência e reforçou que o retorno dos clientes é extremamente positivo. "Corrigiremos o que está incorreto, mas me sinto realizado e satisfeito por promover economia à população", afirmou.

Ao final, o deputado Fábio Avelar se disse satisfeito com a audiência, mas cobrou da Copasa e do Ministério Público que encontrem soluções para que os consumidores não sejam mais lesados pela cobrança indevida de ar nas tubulações de água.

Requerimentos - Na reunião foram aprovados seis requerimentos. O deputado Délio Malheiros solicitou a realização de debate público sobre o preço do gás no Estado; pediu envio de solicitação à Secretaria de Estado da Fazenda, para que seja encaminhada à comissão todas as notas fiscais e relatórios de distribuição de GLP em Minas Gerais; e requereu a realização de uma audiência pública para debater a falta de combustíveis nos postos da bandeira BR em Belo Horizonte. Os outros três requerimentos são de autoria do deputado Adalclever Lopes (PMDB), e pedem a realização de reuniões conjuntas, para que sejam debatidas questões relativas à cidade de Caratinga. A primeira, a ser realizada com a Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, quer discutir a construção do aeroporto da Usiminas, no Vale do Aço; a segunda, em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pretende debater a inadimplência da Copasa na prestação de serviços relativos a esgoto sanitário naquele município; e a terceira, com a Comissão de Saúde, vai tratar da construção de uma sede do Hemominas na cidade.

Presenças - Deputados Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Délio Malheiros (PV); Gil Pereira (PP); Walter Tosta (PMN); e Fábio Avelar (PSC).

 

 

 

 

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