Especialistas pedem recursos para extração de potássio em verdete

Mais recursos para pesquisas sobre as possibilidades de extração de potássio a partir de reservas de verdete e invest...

18/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Especialistas pedem recursos para extração de potássio em verdete

Mais recursos para pesquisas sobre as possibilidades de extração de potássio a partir de reservas de verdete e investigação de alternativas para a produção de fertilizantes. Essas foram as principais demandas levantadas por especialistas das áreas de fertilização e geologia durante reunião conjunta realizada nesta segunda-feira (18/5/09) pelas comissões de Administração Pública e de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

"O preço do potássio tem engessado a agricultura brasileira", disse o presidente da Comissão de Administração Pública, deputado Délio Malheiros (PV), que solicitou a audiência junto com o presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, deputado Vanderlei Jangrossi (PP). Délio Malheiros disse que o objetivo da audiência foi discutir com especialistas e representantes de órgãos públicos a possibilidade de extrair o potássio das glauconitas, rochas com registro de ocorrência principalmente no Noroeste mineiro, conhecidas comercialmente como verdete. Ele explicou que 90% do potássio utilizado no Brasil para a produção de fertilizantes é importado, o que provoca alta nos preços de insumos e onera a produção agrícola.

O chefe do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, José Geraldo Barbosa, disse que essas ocorrências em abundância em Minas Gerais fazem do verdete uma opção potencial para ser explorada, pelo menos em termos territoriais. Ele lembra que é necessário avaliar a viabilidade dessa exploração.

Também destacou esse aspecto o representante do Sindicato da Indústria Mineral de Minas Gerais (Sindiextra), Jorge Raggi, que disse que o maior desafio é conseguir extrair o potássio do verdete com condições competitivas. Ele esclareceu que as ocorrências são um indicativo de que pode haver jazidas. "Para que a ocorrência seja considerada jazida são necessários bons investimentos e trabalho", frisou.

O gerente-executivo do Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Renato Ciminelli, afirmou que o Estado vem discutindo a possibilidade de produção de fertilizantes com vantagens competitivas. Apesar de o verdete apresentar baixo teor de potássio, Ciminelli disse que é possível desenvolver tecnologias que otimizem o processo de extração.

Investimentos em pesquisa - Flávia Cristina dos Santos, pesquisadora especialista em Fertilidade do Solo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disse que é preciso que sejam desenvolvidos estudos para promover uma adubação eficiente, dado o crescimento da demanda global por alimentos e pediu linhas específicas de financiamento de pesquisas.

Para o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Francisco Freire, é necessário que os estudos estejam voltados para o uso eficiente dos recursos minerais, levando em consideração de que se tratam de recursos esgotáveis. Segundo o especialista, as reservas mundiais de potássio são suficientes para 350 anos, mas a reserva de fosfato, outro mineral importante para a produção agrícola, deve se esgotar em apenas 85 anos, isso se for mantido o atual nível de consumo.

O pesquisador Francisco Eduardo Loureiro, do Centro de Tecnologia Mineral do Rio de Janeiro, afirmou que Minas Gerais tem um grande potencial para a produção de materiais alternativos para fertilizantes. Segundo o especialista, experimentos realizados com rochas feldspáticas localizadas em Poços de Caldas, no Sul de Minas, comprovaram que é possível extrair 96% do potássio contidas nessas formações. Ele disse que é necessário, entretanto, estudar a viabilidade dessa alternativa, pois a separação do sódio e do potássio, presentes no líquido resultante do processo, é muito difícil.

Renato Ciminelli defendeu a realização de testes de agronômicos com utilização do potássio extraído do verdete, a partir de um consórcio entre secretarias de Estado e institutos de pesquisa. Ele acredita que empresas não vão investir nesses testes iniciais nesse primeiro momento, pois os custos são elevados.

Verdete pode ser alternativa ao alto custo da produção agrícola

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Sérgio Barroso, afirmou que a possibilidade de extração de potássio do verdete é "um assunto da maior importância para o Estado e também para o Brasil", tendo em vista os elevados custos da produção agrícola. Ele explicou que o potássio leva de 30 a 40 dias para chegar ao País, e a distribuição do produto para os produtores também é demorada. Barroso prevê que haja um ciclo de "crescimento vertiginoso" da agricultura do Estado, sendo necessário investir nessa alternativa.

O diretor de Recursos Energéticos da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lucas Carneiro, defendeu a sustentabilidade do setor agrícola a partir da pesquisa e produção de adubos mais eficientes e investimentos em inovação.

Para o subsecretário de Desenvolvimento Minerometalúrgico e Política Energética, Paulo Sérgio Machado Ribeiro, os principais caminhos para viabilizar a extração de potássio do verdete são investir em tecnologia, adequar a legislação tributária para o exercício dessa atividade, liberar linhas de financiamento para pesquisas e agilizar o processo de registros de novos fertilizantes.

O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) disse que a melhor reação para enfrentar a crise do setor agrícola é explorar essa alternativa, para que o País não fique tão dependente da importação de insumos. O parlamentar lembrou que no último ano o preço do fertilizante dobrou, dificultando ainda mais a situação dos produtores.

Para o deputado Domingos Sávio (PSDB), os altos custos de produção comprometem a competitividade dos produtos brasileiros. "Fica evidente que existe um abuso, com indicativos de cartel", disse o deputado, referindo-se aos preços cobrados pelas empresas produtoras de fertilizantes. Ele defendeu a produção de insumos alternativos e cobrou do Governo Federal uma política reguladora para coibir práticas abusivas de mercado.

O deputado Délio Malheiros informou que os parlamentares devem encaminhar nas próximas reuniões requerimento à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior no sentido de estimular a pesquisa na área e propor a realização de um fórum técnico sobre o tema. Os deputados devem também realizar uma visita à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico para dar prosseguimento às discussões, conforme sugestão do próprio secretário Sérgio Barroso.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente da Comissão de Administração Pública; Vanderlei Jangrossi (PP), presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial; Antônio Carlos Arantes (PSC); e Domingos Sávio (PSDB). Também participaram da audiência pública o superintendente regional da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), Marco Antônio Fonseca, e o gerente técnico da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (OCEMG), Marco Túlio Borgatti.

 

 

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