Brasil adota ações coordenadas para evitar epidemia de gripe suína

O trabalho integrado entre órgãos do Governo Federal, Estados e municípios e o investimento em campanhas informativas...

13/05/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Brasil adota ações coordenadas para evitar epidemia de gripe suína

O trabalho integrado entre órgãos do Governo Federal, Estados e municípios e o investimento em campanhas informativas são as principais diretrizes adotadas no Brasil para combater a influenza do tipo A, que ficou conhecida como gripe suína. Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (13/5/09) pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, especialistas, representantes de secretarias de saúde e da Anvisa forneceram informações sobre a situação da nova gripe nos contextos mundial e brasileiro, além de esclarecerem as medidas que o poder público vem adotando para conter o avanço da doença.

O deputado Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão, disse que quando fez o requerimento para a audiência, o quadro parecia mais alarmante, mas destacou que é necessário manter a vigilância. "É bom que a população se informe e fique segura sobre o que está acontecendo", declarou o parlamentar, ao falar do principal objetivo da reunião.

O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, fez um histórico sobre a nova gripe, apresentando dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que fez a primeira notificação oficial da doença em 24 de abril deste ano. Já no dia seguinte, a OMS classificou o evento como "Emergência em Saúde Pública".

José Agenor informou que no mesmo dia em que a OMS fez o anúncio, o Governo Federal instituiu o Gabinete Permanente de Emergência em Saúde Pública (GPESP), formado por representantes da Anvisa, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e dos ministérios da Saúde, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de Relações Exteriores. O GPESP realiza duas reuniões diárias para estudar a situação e definir as medidas de combate à doença.

O diretor da Anvisa considera que, até o momento, a situação está sob controle graças a ações coordenadas dos três níveis da federação. Além disso, segundo ele, a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) permite um trabalho articulado entre os órgãos envolvidos na execução dos planos de contingência. José Agenor acrescentou que o fato de o Brasil ter estabelecido esses planos na época do surto da gripe aviária, ocorrido em 2005, deixou o País mais preparado para enfrentar a nova gripe.

Impactos - O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, demonstrou preocupação quanto aos impactos no sistema público de saúde caso a situação no México se repita no Brasil. Ele apresentou dados que revelam que até o final do mês de abril deste ano, o número de internações no México triplicou em comparação com o mesmo período dos três anos anteriores.

Starling lembrou que o caos do sistema público de saúde durante o último surto de dengue no Brasil demonstra que o País não estava bem preparado para a epidemia, e que os problemas podem se repetir caso a influenza A avance. Nesse sentido, Starling pediu que sejam alocados recursos para ações emergenciais, para que o País esteja pronto para enfrentar uma possível epidemia. "Não precisamos de uma epidemia de notícias, precisamos de mais ações", declarou.

Convidados defendem ações em comunicação

"Informação é a vacina". Esta é a opinião do infectologista Carlos Starling, corroborada pelo deputado Carlos Pimenta (PDT). O parlamentar ressaltou que é importante que a população esteja bem informada para evitar que as pessoas que tenham contraído a nova gripe sejam estigmatizadas ou que casos de gripe clássica sejam confundidos com a nova gripe, o que poderia sobrecarregar o SUS.

O diretor da Anvisa José Agenor Álvares da Silva afirmou que no dia 26 de abril, dois dias após o primeiro anúncio da OMS sobre a gripe, o Governo Federal providenciou a impressão de três milhões de panfletos informativos para serem distribuídos nos portos, aeroportos e fronteiras. "Não há como monitorar 190 milhões de pessoas", disse José Agenor, justificando a importância de informar os cidadãos com campanhas de esclarecimento.

Outra medida adotada foi a veiculação de informes sonoros em todos os voos internacionais. José Agenor ressaltou que, apesar dessas medidas, ainda há resistência por parte de algumas empresas aéreas. Ele relatou casos de empresas que teriam criado dificuldades para que a Vigilância Sanitária inspecionasse suas aeronaves. Houve, ainda, um caso em que uma passageira que apresentava sintomas foi impedida de se apresentar aos agentes da Anvisa. A empresa alegou que o procedimento causaria atraso em uma conexão.

O subsecretário de Vigilância Sanitária, Luiz Felipe de Almeida Caram, informou que a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a exemplo do Governo Federal, está investindo em ações de comunicação para fazer com que a sociedade coopere no sentido de minimizar os riscos de uma epidemia. Além da distribuição de material impresso informativo, a população pode ligar gratuitamente para o número 0800-283 22 55 e esclarecer suas dúvidas com relação à nova gripe. A SES implementou também um serviço de monitoramento dos passageiros vindos do exterior através de contatos telefônicos diários durante um período de dez dias.

Medidas - Uma das principais medidas é intensificar a vigilância de portos, aeroportos e regiões de fronteiras. José Agenor Álvares da Silva disse que, por dia, chegam ao Brasil 164 voos internacionais, totalizando um trânsito de 20 mil passageiros. A partir do anúncio da OMS de alerta de nível 5, penúltimo nível antes da pandemia, a Anvisa reforçou a vigilância e passou a abordar todos os passageiros vindos do exterior, colhendo dados pessoais, como endereço e telefone para realizar o trabalho de monitoramento.

Foi providenciada a aquisição de kits de para diagnóstico rápido da nova gripe, além de materiais de segurança, como máscara, gorros e álcool em gel para envio aos aeroportos. Profissionais da saúde estão recebendo treinamento com informações sobre a nova gripe e seus principais sintomas para detecção mais segura de casos suspeitos.

Os passageiros que apresentam sintomas são encaminhados para um hospital de referência e são monitorados. Em Minas Gerais, os hospitais que recebem essas pessoas são o Risoleta Neves, o Eduardo de Menezes e o das Clínicas , todos em Belo Horizonte. A SES está preparando outros hospitais no Estado para fazerem esse tipo de atendimento, no caso de necessidade futura.

As pessoas com suspeita de infecção pelo vírus da influenza A são submetidas a exames. No Brasil, apenas três laboratórios estão autorizados a realizarem os testes: a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo e o Instituto Evandro Chagas, em Belém.

Os passageiros são monitorados por contato telefônico diariamente. O monitoramento e a orientação para que as pessoas que apresentem os sintomas fiquem em casa são as principais saídas para impedir o avanço da doença, pois ainda não há vacina contra a influenza A.

Cenário atual - Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, até o dia 12 de maio 30 países relataram à OMS a ocorrência de casos confirmados da nova gripe, com 56 mortes no México, três nos Estados Unidos, uma no Canadá e uma na Costa Rica. Os especialistas acreditam que a doença já atingiu todos os continentes, embora ainda não tenham sido registrados casos na África oficialmente.

No Brasil, foram 237 ocorrências relatadas. Desse total, 32 casos foram considerados suspeitos e oito foram confirmados. Em Minas Gerais, um caso foi confirmado até o momento, e três pessoas estão sendo monitoradas.

Os bebês e a população idosa são os dois grupos mais vulneráveis à nova gripe. Pneumonia viral, infecções bacterianas secundárias e gravidez são fatores que podem agravar o quadro dos pacientes, oferecendo risco de morte. A média mundial de mortalidade causada pela influenza A é de 1,1% dos casos confirmados.

Requerimentos - A comissão aprovou requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PDT) de audiência pública para discutir as consequências das dispensas e licenças médicas na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros. O outro requerimento aprovado, do deputado Délio Malheiros (PV), é para realização de audiência pública para discutir a proliferação de clínicas odontológicas em más condições sanitárias.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Adelmo Carneiro Leão (PT), Doutor Rinaldo (PSB), Fahim Sawan (PSDB), Padre João (PT), Ruy Muniz (DEM) e Sargento Rodrigues (PDT). Também participaram da reunião a secretária Municipal de Saúde de Caeté, Flávia de Jesus Silva; o superintendente de Epidemiologia da Secretaria de Estado da Saúde, Francisco Leopoldo Lemos; e a infectologista Lúcia Paixão.

 

 

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