| Decisão da Câmara de BH de vetar parada gay é 
            repudiada A decisão da Câmara Municipal de Belo Horizonte de 
            barrar um projeto de lei que institui o dia municipal da parada do 
            orgulho gay foi considerada mais uma manifestação de preconceito e 
            homofobia. As críticas partiram dos participantes da audiência 
            pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de 
            Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (13/5/09). A reunião foi 
            motivada por um requerimento do deputado Durval Ângelo (PT) para 
            comemorar o Dia Mundial de Combate à Homofobia, celebrado no dia 17 
            de maio.  "O que o público GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, 
            travestis e transexuais) faz de tão mal à sociedade?", questionou o 
            promotor de Justiça, Rodrigo Filgueira de Oliveira. Já o coordenador 
            do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania da UFMG, Marco Aurélio 
            Máximo Prado, ironizou os pastores evangélicos que votaram pela 
            derrubada do projeto na Comissão de Legislação e Justiça da Câmara: 
            "Eles devem ter uma heterossexualidade bastante frágil para se 
            sentirem ameaçados por uma simples parada". O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, 
            reconheceu a presença da homofobia nas casas legislativas, 
            principalmente por parte dos parlamentares ligados a religiões. 
            "Apesar dos avanços já conquistados na defesa dos direitos dos 
            homossexuais, ainda há um longo caminho a percorrer", disse ele. 
            Para o promotor Rodrigo Filgueira, a maior dificuldade é a mudança 
            da mentalidade. Ele deu como exemplo a demora na tramitação do PL 
            36/07, do deputado Carlin Moura (PCdoB), que inclui o companheiro ou 
            a companheira homossexual como dependente do segurado do Ipsemg. O 
            projeto tramita em 1º turno, estando atualmente na Comissão de 
            Fiscalização Financeira e Orçamentária. Entre os avanços conquistados nos últimos 15 anos, 
            Marco Aurélio citou a exclusão da homossexualidade da lista de 
            doenças da Organização Mundial de Saúde. "Não se trata de doença, 
            nem distúrbio e nem perversão", argumentou a coordenadora da 
            Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia de 
            Minas Gerais, Dinacarla Gonzaga Piermotei. Participantes relatam casos de assassinato e 
            agressão Durante a reunião os participantes levantaram 
            questionamentos também sobre o caso do assassinato do bailarino Igor 
            Xavier, ocorrido em Montes Claros, há sete anos. Até hoje, os 
            supostos assassinos não foram levados a júri. A irmã da vítima, 
            Daniela Xavier, denunciou que os acusados hoje moram em Belo 
            Horizonte, onde transitam livremente. Outro caso discutido foi o da agressão a um aluno 
            na moradia estudantil da UFMG, ocorrida há cerca de um mês. Segundo 
            o integrante do Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual, 
            Daniel Arruda Martins, o agressor foi expulso da moradia não por 
            suas atitudes homofóbicas, mas pela própria agressão, que configura 
            motivo para exclusão do infrator. Após as falas dos presentes, os deputados aprovaram 
            uma série de requerimentos, entre eles pedidos aos presidentes da 
            ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP) e da Câmara dos Deputados, 
            Michel Temer (PMDB/SP), no sentido de agilizar a votação de projetos 
            que tratam dos direitos dos homossexuais, repúdio à Câmara Municipal 
            de Belo Horizonte pela rejeição do projeto que trata do dia 
            municipal da parada do orgulho gay na cidade, uma audiência pública 
            em Montes Claros para debater o caso Igor e ainda um pedido à 
            Justiça daquela cidade de informações e de agilidade na marcação do 
            julgamento dos supostos assassinos. Outros requerimentos - 
            Foram aprovados ainda os seguintes requerimentos: * do deputado Arlen Santiago (PTB), solicitando uma 
            reunião para debater os critérios de demarcações das terras 
            indígenas em Minas Gerais; * do deputado Vanderlei Miranda (PMDB), pedindo uma 
            audiência pública para discutir as políticas públicas de combate à 
            pedofilia no Estado; * do deputado Durval Ângelo, pedindo o envio de 
            cópias a diversas autoridades do relatório da visita que a comissão 
            fez à 2ª Delegacia de Betim; uma reunião com a o Centro de Apoio 
            Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos 
            Humanos para discutir a discriminação racial e religiosa; um apelo à 
            Mesa da ALMG para agilizar a votação do PL 2.177/08, do governador, 
            que cria o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial; um 
            pedido ao governador para que agilize a criação do mesmo conselho; 
            uma audiência pública em Raul Soares para esclarecer as 
            circunstâncias da agressão de um cidadão por um detetive da Polícia 
            Civil; o envio de uma cópia, ao presidente da Câmara dos Deputados, 
            da manifestação de repúdio à tramitação do Projeto de Lei Federal 
            4.228/08, que trata da denominação de um viaduto na BR-381, próximo 
            a Nova Era; e providências do comando da Polícia Militar de Minas 
            Gerais quanto às instalações inapropriadas para funcionamento de um 
            batalhão da Polícia Militar em Betim. Presenças - Deputados 
            Durval Ângelo (PT), presidente; Ruy Muniz (DEM), Carlin Moura 
            (PCdoB) e deputada Gláucia Brandão (PPS). Além das personalidades 
            citadas na matéria, participaram a diretora do Escritório de 
            Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Social, Maressa 
            Miranda; o coordenador de Direitos Humanos da Prefeitura de Belo 
            Horizonte, Daniel Nepomuceno; a secretária municipal adjunta de 
            Direitos da Cidadania, Sílvia Rabelo; a diretora do Centro de 
            Referência Gays Lésbicas Bissexuais Travestis e Transexuais do 
            Estado de Minas Gerais, Walkiria La Roche; e o vice-presidente do 
            Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual, Luiz Fernando Ferreira 
            Schalcher.         |