Moradores de Fabriciano protestam contra projeto da Copasa

Até mesmo um burro foi convocado para um protesto organizado por moradores do município de Coronel Fabriciano, nesta ...

11/05/2009 - 00:05
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Moradores de Fabriciano protestam contra projeto da Copasa

Até mesmo um burro foi convocado para um protesto organizado por moradores do município de Coronel Fabriciano, nesta segunda-feira (11/5/09), contra o local escolhido pela Copasa para a construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) na cidade. O assunto foi discutido em audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião foi requerida pelo deputado Wander Borges (PSB).

Assim como vários outros moradores, Israel de Paula Ferreira chegou à Câmara Municipal de Fabriciano usando um nariz de palhaço. Além disso, montava um burro coberto com palavras de ordem contra a nova ETE: "Burro é quem não ouve - esgoto tratado é um direito; ouvir a opinião pública é um dever". Já a funcionária pública Rita Avelino destacou que a área escolhida pela Copasa para a construção da ETE fica ao lado do terreno onde será erguido o Hospital Metropolitano Unimed Vale do Aço, além de várias áreas residenciais.

A ETE Central, de acordo com o projeto da Copasa, será instalada no bairro Santa Terezinha. A decisão irritou moradores do local, do Centro e dos bairros Amaro Lanari, Aldeia do Lago, Mangueiras, Santa Helena, Professores e Caladinho de Baixo, todos próximos à área escolhida. Rita Avelino, assim como Israel Ferreira, vivem na Aldeia do Lago. Ela disse que a comunidade luta para que a ETE seja instalada em uma área a 3 km do perímetro urbano, próxima ao anel rodoviário. "O único problema é que eles teriam que gastar um pouco mais", afirmou a Rita.

O temor da população de Fabriciano provocou a solidariedade de um morador de Contagem, que compareceu à reunião para dar o testemunho dos problemas que vem enfrentando com a ETE do Bairro Retiro, naquele município vizinho a Belo Horizonte. De acordo com Antônio Aparecido de Oliveira, o mau cheiro da estação chega a "doer o nariz".

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Fábio Avelar (PSC), disse conhecer o caso de Contagem, onde a Copasa teria instalado um equipamento de contenção de gases. A empresa enviou correspondência à comissão, que foi lida por Fábio Avelar, informando que não enviaria representante à reunião. Não houve justificativa para a ausência. Também não compareceram representantes da prefeitura e do Ministério Público. As ausências foram lamentadas pelo deputado Wander Borges, logo no início do evento.

A deputada Rosângela Reis (PV) disse estar acompanhando há algum tempo a luta dos moradores. "A construção de uma ETE é de fundamental importância para nós. Isso é saúde, é saneamento básico, mas tem que obedecer uma distância mínima para que o mau cheiro não incomode a população", afirmou a deputada. Ela disse estar preocupada com a situação do esgoto na cidade, que ainda é jogado diretamente nos rios. Citou o exemplo de Ipatinga, cidade vizinha, que já conta com uma ETE que foi construída longe de áreas habitadas.

Cobrança de taxa de esgoto é criticada

O município vizinho de Timóteo foi citado como exemplo a ser seguido pelo vereador de Fabriciano, Luciano Lugão da Silva. Segundo ele, naquela cidade a prefeitura exigiu que a Copasa só passasse a cobrar a taxa de tratamento de esgoto depois que o serviço estiver efetivado. Além disso, estabeleceu que a ETE só poderia ser construída a 3 km do perímetro urbano. "Porque aqui é diferente?", questionou o vereador, que é presidente da Comissão de Obras e Meio Ambiente da Câmara Municipal.

A presidente da Câmara Municipal de Coronel Fabriciano, vereadora Andréia Botelho, pediu que os deputados presentes levassem o sentimento da população ao governador do Estado. "Infelizmente, aqui na cidade, decisões têm sido tomadas de forma unilateral", declarou. Já o vice-presidente da Câmara, vereador Doutor Francisco Lemos, ressaltou que a população não está contra a construção da ETE. "O que tentamos é a mudança do local e vamos lutar por isso", disse o parlamentar.

O vereador Nivaldo Querubim citou o exemplo do município de Itabira, onde já estaria sendo construída uma estação de tratamento para substituir uma primeira ETE, instalada em local que provocou protestos da população. Ele criticou o fato de a prefeitura ter assumido a responsabilidade pela construção da ETE em Fabriciano, por meio de convênio que não teria sido autorizado pela Câmara.

Ainda se pronunciaram os vereadores de Fabriciano, José Cleres, Natalino Morais e Adriano Martins, que também criticaram a prefeitura e a Copasa. Já o bispo de Coronel Fabriciano, Dom Léris Lara, recomendou que a situação fosse resolvida sem confrontos. "Não estamos aqui para lutar contra ninguém, apenas contra o mau cheiro", advertiu.

Durante a reunião, o representante da Associação de Moradores do Condomínio Aldeia do Lago, Israel de Paula Ferreira, entregou ao presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Fábio Avelar, um abaixo assinado com 10 mil assinaturas de moradores de Coronel Fabriciano contrários à construção da ETE no local projetado. Também foi exibido um vídeo produzido pela associação, relatando detalhes do contrato para construção da ETE, estabelecido entre o município e a Copasa.

O engenheiro sanitarista Jorge Martins Borges disse que existe tecnologia para construção de uma ETE que contenha e trate os gases emitidos. "No entanto, não existe estação deste tipo sendo construída no Brasil em razão do alto custo disso", afirmou. Ele elogiou a mobilização da população e também citou o exemplo de Itabira, onde uma ETE construída originalmente também causou transtornos à população. "Se queremos progredir, não devemos repetir os erros passados", afirmou.

Licenciamento - O chefe da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram) no Leste de Minas, Dorgival da Silva, explicou o processo de licenciamento ambiental no Estado. A Supram é um órgão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na região. Segundo ele, o local de construção da ETE é determinado pelo responsável pela obra - no caso, a Copasa - e aprovado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental. "O papel da Supram é somente dar suporte ao conselho", declarou o superintendente.

Dorgival da Silva admitiu, no entanto, que é possível rever o licenciamento ambiental da obra. Isso poderia ocorrer, segundo ele, se houver desistência do processo de licenciamento por parte do empreendedor ou se a Copasa assumir o compromisso de que a obra não gere mau cheiro que perturbe a vida da população.

Ao final da audiência, foram recebidos dois requerimentos, que serão colocados em votação na próxima reunião. O primeiro, de autoria coletiva, visa à realização de nova audiência com representantes da Copasa e da prefeitura de Coronel Fabriciano para discutir a possibilidade de revisão da construção da estação de tratamento de esgoto. O segundo, do deputado Wander Borges, é para que a Copasa divulgue as conclusões de um estudo para definição do local onde seria construída a ETE.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente da comissão, e Wander Borges (PSB); e deputada Rosângela Reis (PV).

 

 

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