Falta de pessoal prejudica fiscalização do setor minerário

A falta de estrutura do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a fiscalização e outorga do setor miner...

06/05/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Falta de pessoal prejudica fiscalização do setor minerário

A falta de estrutura do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a fiscalização e outorga do setor mineral foi denunciada à Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pelo chefe do 3º Distrito do DNPM, Sérgio Augusto Dâmaso de Souza. Ele participou, nesta quarta-feira (6/5/09), da audiência pública marcada para debater questões relativas aos bens minerais sociais de aplicação direta na construção civil, como areia, cascalho, brita e argila. A reunião foi solicitada pelo deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente da comissão, que informou que serão realizadas várias audiências sobre os subsetores da mineração, que devem culminar em um seminário legislativo. Representantes do poder público, de sindicatos e do setor produtivo participaram dos debates.

O representante do DNPM informou que, dos 59 servidores do órgão em Minas, somente 30 se dedicam à atividade-fim (outorga e fiscalização), enquanto a sede do DNPM, em Brasília, tem 330 servidores. "O DNPM de Minas responde por 51% da arrecadação nacional e por 44% da produção do País, mas tem apenas 4,7% do efetivo do departamento", protestou. Ele acrescentou que o órgão recebe, no Estado, em média 120 denúncias de clandestinidade por mês, vindas de órgãos como Ministério Público e Polícia Federal. "Se tivéssemos mais gente trabalhando na fiscalização e outorga, não precisaríamos interromper nossas atividades para atender a essas denúncias", explicou.

Reforço do corpo técnico - Para Sérgio Souza, seriam necessários mais três escritórios regionais em Minas, além do que está instalado em Governador Valadares, e mais 60 funcionários. Segundo ele, para tentar reduzir o passivo de processos de outorga, foi feita uma consulta à sede do DNPM sobre a possibilidade de emissão de guia de utilização para o setor de bens minerais sociais, sem a fiscalização prévia. A idéia é fazer a fiscalização depois, para não prejudicar o setor. O chefe do DNPM em Minas também pediu à comissão a realização de uma audiência para debater somente a situação do órgão. "Só com a estruturação do departamento é possível combater a clandestinidade", enfatizou.

O empenho do corpo técnico para tentar driblar as dificuldades foi lembrado pelo servidor do DNPM, Luiz Henrique Passos Rezende. Segundo ele, as demandas são bem maiores que a capacidade de resposta do órgão. "Lamentamos muito não conseguirmos dar a resposta que a sociedade necessita", afirmou. Luiz Rezende também disse que o DNPM foi criado como a primeira agência reguladora do País, mas precisa ter sua estrutura modernizada.

O deputado Sávio Souza Cruz esclareceu que já existe um requerimento aprovado, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), para realização de audiência pública para tratar do DNPM, e que a data deve ser logo agendada. O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) manifestou sua preocupação com as dificuldades do DNPM em Minas, uma vez que o Estado é um dos maiores produtores de minérios do País. Ele sugeriu que a audiência sobre o DNPM fosse antecipada.

Demora no licenciamento pode inviabilizar negócio

A demora para liberação da licença ambiental, que é requisito básico para a outorga, também foi criticada durante a reunião. O presidente da Associação Mineira das Empresas Produtoras de Brita (Amebrita), Marcelo Alves Santiago, defendeu que uma das maiores dificuldades encontradas pelo setor produtivo é o tratamento indiferenciado dado aos pequenos e grandes mineradores. Ele afirmou que o produtor é estimulado pela viabilidade econômica do negócio e exemplificou que, se um empresário pensa em produzir areia em vista da obra de duplicação da BR-381, que tem conclusão prevista para 2010, não pode esperar dois anos pelas licenças. "Todo o desenvolvimento de infraestrutura passa pelo setor dos minerais sociais", afirmou. "Não se pode falar em PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sem esse segmento", acrescentou o presidente da Amebrita.

Cerâmica - A mesma reclamação foi feita pelo presidente do Sindicato das Indústrias da Cerâmica para Construção e Olaria no Estado de Minas Gerais (Sindicer), Ralph Luiz Perrupato. Ele afirmou que a produção da argila em Minas Gerais é feita em pequenas áreas de várzea e que as exigências estão cada vez maiores. "Como as áreas são pequenas, precisaríamos mudar o local de exploração a cada ano, mas não conseguimos em função da demora das licenças e da outorga", explicou. Perrupato disse que existem cerca de 500 empresas de cerâmica vermelha e branca no Estado, e que a atividade está pulverizada em Minas, sendo importante para a interiorização do desenvolvimento.

O presidente do Sindicer também informou que o setor de tubos cerâmicos, usados para o saneamento, está sendo muito prejudicado, porque a Copasa vem assumindo o serviço de saneamento dos municípios e só adota tubos de plástico. De acordo com Ralph Perrupato, esse material é menos confiável e não é produzido no Estado, enquanto a cerâmica é matéria-prima mineira. Ele pediu a ajuda da comissão para solucionar esse impasse.

As questões ambiental e tributária são os pontos mais frágeis do setor de mineração, na opinião do superintendente de Mineração e Metalurgia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Luiz Antônio Fontes Castro. Ele explicou que, para o licenciamento, os critérios referem-se ao volume de produção, e não ao porte da empresa. O analista ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Eloi Azaline Máximo, acrescentou que vários critérios da Deliberação Normativa 74, de 2004, já foram revistos e, segundo ele, os pequenos produtores podem contar com instrumentos mais simplificados de licenciamento.

Os deputados Fábio Avelar (PSC) e Carlos Gomes (PT) falaram das contribuições que a Frente Parlamentar de Engenharia, criada em 1º de abril, pode dar à Comissão de Minas e Energia.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Célio Moreira (PSDB), Tiago Ulisses (PV), Ronaldo Magalhães (PSDB), Fábio Avelar (PSC) e Carlos Gomes (PT). Também participou dos debates o diretor de Mineração da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Newton Reis de Oliveira Luz.

 

 

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