Médicos defendem escleroterapia com espuma para tratar
varizes
A utilização do método de escleroterapia com espuma
para o tratamento de varizes foi defendida por especialistas e
deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais, em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira
(6/5/09). A reunião, solicitada pelo deputado Carlos Mosconi (PSDB),
recebeu representantes da Secretaria de Estado de Saúde, UFMG, da
Sociedade Francesa de Flebologia e pacientes, que demonstraram a
eficácia e os bons resultados do procedimento, que ainda não consta
da tabela de cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o médico cardiologista, Francisco
Reis Bastos, que representou a Sociedade Francesa de Flebologia, as
varizes atingem cerca de 20% da população brasileira e que a maior
parte das pessoas é tratada por cirurgia. O especialista afirma que
o método da escleroterapia com espuma, apesar de existir há várias
décadas, ainda é visto como intervenção estética e, por isso, não é
contemplado pelo SUS. Ele diz, no entanto, que a técnica é mais
eficaz, cômoda e segura para o paciente, e econômica para o Estado.
"O procedimento é feito no consultório ou ambulatório e a
recuperação é imediata. Enquanto a cirurgia obriga o uso de
anestesia e força o afastamento do paciente de suas atividades por
até 30 dias, a intervenção com espuma faz com que a pessoa saia
andando poucas horas após o tratamento", diz. Ainda segundo Bastos,
cerca de meio milhão de pessoas já se beneficiaram com o tratamento
no Brasil.
A paciente Edel de Oliveira Piroli e a enfermeira
Mariane Gandra ratificaram as palavras do médico. De acordo com Edel
Piroli, que passou pelos dois tipos de intervenção, a escleroterapia
com espuma é muito mais eficiente e gera uma recuperação muito mais
ágil. "Praticamente não me afastei das minhas atividades de
professora de culinária e o problema foi resolvido conforme eu
esperava", contou a paciente.
Deputados querem projeto piloto no Estado
Durante a reunião, foi aprovado requerimento, de
autoria dos membros da comissão, que propõe à Secretaria de Estado
da Saúde (SES) que faça um plano piloto de tratamento com o uso da
escleroterapia com espuma em Minas Gerais, que tenha o embasamento
necessário para que o Governo encaminhe ao Ministério da Saúde a
solicitação de inclusão do procedimento na tabela do SUS.
O chefe do Departamento de Alta Complexidade da
SES, Marcílio José Stortini, concordou que o procedimento é
vantajoso em relação à cirurgia, mas lembrou que, muitas vezes, a
inclusão no SUS inviabiliza a realização do tratamento. Segundo ele,
a burocracia exigida e a baixa remuneração de profissionais e
estabelecimentos faz com que as intervenções sejam feitas apenas em
centros de estudo de hospitais universitários.
Sobre a iniciativa, o médico e professor da UFMG,
Francisco Rubió, afirmou que a universidade está desenvolvendo um
projeto nesse sentido, mas espera que a SES seja parceira na
realização dos estudos. "Identificamos milhares de pessoas em filas
de espera para cirurgias de varizes no Estado. Acho que a técnica
com a espuma deveria ser prioritária, uma vez que tem resultados
mais rápidos e a intervenção é feita com cerca de 50% dos custos das
cirurgias", reforça.
Apoio - Os deputados
Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM), Carlos Pimenta (PDT) e Hely
Tarqüínio (PV), que estiveram presentes à reunião, demonstraram
entusiasmo com o procedimento. Para eles, é necessário que o projeto
seja levado ao Ministério da Saúde, para que a população de baixa
renda seja beneficiada. "O Governo Federal precisa valorizar esses
tipos de programas e mutirões nos estados, tendo em vista que geram
economia para os cofres e mais qualidade de vida para a população",
afirmou Carlos Pimenta. O deputado Doutor Rinaldo se disse defensor
da técnica, mas lamentou a possibilidade de que a técnica se limite
apenas a hospitais universitários.
Requerimento - Ainda na
reunião, foi aprovado requerimento, de autoria do deputado Ivair
Nogueira (PMDB), que solicitou a realização de audiência pública
para obter esclarecimentos sobre a provável transferência do
complexo hospitalar da Colônia Santa Isabel, administrada pela
Fhemig e revitalizada pela Secretaria Municipal de Betim.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice;
Doutor Rinaldo (PSB); Ruy Muniz (DEM); Hely Tarqüínio (PV); e Adelmo
Carneiro (PT).
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