Profissionais da área de saúde que trabalham na
Secretaria de Estado de Educação e servidores técnicos lotados nas
escolas estaduais receberam, nesta quinta-feira (30/4/09), o apoio
de deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para
reivindicações de redução da defasagem salarial que enfrentam. O
assunto foi discutido em reunião conjunta das Comissões de Saúde e
de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática. O requerimento para
a realização da reunião foi do deputado Domingos Sávio (PSDB).
Para reforçar as reivindicações apresentadas,
servidores que participaram da reunião mostraram seus contracheques.
Fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais
e assistentes sociais que trabalham em escolas voltadas para
crianças especiais são classificados como analistas de educação
básica e ganham um vencimento básico de R$ 570. Já os assistentes
técnicos de educação básica (ATBs) que trabalham nas escolas
estaduais, segundo documento apresentado por representantes da
categoria, têm um vencimento básico de R$ 334,05, vale-transporte
mensal de R$ 39,60 e vale-refeição de R$ 55.
O diretor do Conselho Regional de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional e fisioterapeuta Márcio Delano Cruz apresentou
um conjunto de reivindicações dos profissionais de saúde lotados na
Secretaria de Estado de Educação. Eles pedem extensão de uma
gratificação de 20% sobre o vencimento básico para trabalhadores do
ensino especial; incorporação de uma gratificação de 10% a título de
especialização; diminuição da carga horária, que é de 30 horas
semanais, contra 20 horas dos professores; transferência de todos os
profissionais de saúde lotados na educação para a Secretaria de
Estado da Saúde; mudança da classificação do cargo desses
servidores, de forma que deixem de ser agrupados como analistas de
educação básica.
Representante da Coordenação Intersindical dos
servidores estaduais, Renato Barros cobrou a criação de uma carreira
sistêmica que agrupe todos os trabalhadores da saúde. Isso deve ser
feito, segundo ele, por uma revisão da carreira que acabe com
tratamentos diferenciados para servidores que exercem a mesma
função. Ele citou o exemplo dos analistas de saúde, que têm o mesmo
cargo e trabalham a mesma jornada, mas ganham vencimentos básicos de
R$ 900 na própria Secretaria e R$ 1.350 no Hemominas e na Fundação
Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). "São valores abaixo
do que é pago no mercado. Quando vemos que há profissionais
exercendo essas atividades na Educação, recebendo R$ 500, achamos
que isso é um desrespeito" afirmou Barros.
Deputado diz que reivindicação é viável
Entre as diversas reivindicações apresentadas pelos
profissionais de saúde, o deputado Domingos Sávio disse considerar
perfeitamente possíveis de serem atendidas pelo menos duas: a
concessão da gratificação de 20% pelo ensino especial e a redução da
jornada de 30 para 20 horas, seguindo padrão dos demais
profissionais lotados na Educação. Essas propostas, segundo ele,
deverão ser encaminhadas pelos deputados por meio de requerimentos
aprovados em comissões e por meio de propostas a serem incorporadas
no Plano Decenal de Educação. "Vamos abrir canais de negociação em
apoio a vocês", comprometeu-se o parlamentar.
Com relação à defasagem salarial dos servidores
técnicos da Educação, Domingos Sávio disse ter estranhado sua
situação, uma vez que a Assembleia tinha intermediado, há algum
tempo, uma equiparação salarial entre servidores da Secretaria de
Estado de Planejamento (Seplag) e da Educação. "Depois disso, parece
que os servidores da Seplag ganharam um aumento de 30% e a diferença
voltou a prevalecer", afirmou o parlamentar.
Sobre a situação dos técnicos, a subsecretária de
Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Educação, Maria Eliana
Novaes, esclareceu que a equiparação com os servidores da Seplag,
mesmo na época em que foi feita, só atingiu os servidores da própria
Secretaria e das superintendências regionais, mas não os técnicos
que trabalham nas escolas. Domingos Sávio defendeu que essa situação
seja corrigida, seja por meio do Plano Decenal de Educação ou por
outra providência negociada com o Executivo.
Transferência de servidores é malvista pelo
Executivo
Não há certeza sobre o número de profissionais de
saúde que estão hoje lotados na Secretaria de Estado da Educação, em
escolas para crianças especiais. Sabe-se que é um grupo pequeno. De
acordo com a subsecretária de Gestão de Recursos Humanos da
Educação, Maria Eliana Novaes, são 177 profissionais. Já Márcio
Delano Cruz disse que são 266 profissionais, em cerca de 30 escolas
em todo o Estado.
Apesar de ser um grupo pequeno, tanto Maria Eliana
quanto os representantes da Seplag presentes na reunião se disseram
contrários à proposta de transferi-los para a Secretaria de Saúde.
Na saúde, esses mesmos servidores ganham aproximadamente o dobro.
Para Maria Eliana, essa modificação poderia iniciar um processo de
desagregação das carreiras da Educação. "Se fizéssemos isso para os
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros que trabalham nas
escolas, teríamos que fazer para os pedagogos e outras categorias.
Seria reformular toda a carreira, segundo novas bases", afirmou a
subsecretária.
A posição de Maria Eliana foi endossada pela
diretora central de Carreiras e Remanejamento da Seplag, Luciana
Meireles. "Vamos procurar resolver essas questões salariais sem
desagregar as carreiras da Educação", afirmou Luciana. Ela
ressaltou, no entanto, que a demanda dos profissionais é justa e
legítima e disse que a Seplag se esforçará para encontrar uma
alternativa para corrigir a situação.
A deputada Gláucia Brandão (PPS), que é
ex-presidente de uma Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais
(Apae), chamou atenção para o fato de que muitas dessas entidades
ainda carecem de equipes multidisciplinares que incluam
fisioterapeutas, fonoaudiólogos e outros profissionais de saúde. Ela
defendeu que o Estado, além de resolver a questão salarial, deve
investir mais na cessão desses funcionários para as Apaes. Ela ainda
lembrou que a maioria desses profissionais são mulheres, que merecem
uma atenção especial em função da dupla jornada que enfrentam, em
casa e no trabalho. "Todos aqui reconhecem a necessidade de uma
solução", afirmou a deputada.
O deputado Carlos Gomes (PT) disse que irá propor
uma audiência pública para discutir o piso salarial de diversas
categorias profissionais do Estado, em especial da saúde e educação.
"Queremos ter qualidade de ensino e um bom serviço de saúde, mas
como é possível sem melhores condições de trabalho e melhores
salários?", questionou o parlamentar.
Presenças - Deputada
Gláucia Brandão (PPS); deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB),
Domingos Sávio (PSDB) e Carlos Gomes (PT). Também participaram da
reunião a diretora da Escola Estadual Helena Antipoff, Marli Maria
de Oliveira Amaral; o assessor da Seplag, Carlos Sicoli; e a
procuradora jurídica da Federação das Apaes de Minas Gerais, Maria
Tereza Cunha.