Os projetos da Fundação Estadual do Meio Ambiente
(Feam) para 2009 visando o aproveitamento de recursos energéticos
foram apresentados aos deputados da Comissão de Minas Energia da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (29/2/09).
A reunião foi solicitada pelo deputado Rêmolo Aloise (PSDB) para que
os órgãos públicos do Estado ligados aos setores de mineração e
energia pudessem apresentar os resultados já alcançados e os planos
futuros. "O desafio da nova comissão é conhecer bem o tema e a
realidade do setor energético em Minas Gerais para orientar os
trabalhos que podem ser realizados no Estado", afirmou o autor do
requerimento para a realização da reunião.
O presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz
(PSDB), lembrou que, embora a ALMG não possa legislar sobre o setor
energético, a comissão deve ser um fórum de discussão das políticas
federais. "Assim o Estado poderá estar mais organizado e orientado
para se posicionar", afirmou. O deputado Fábio Avelar (PSC) disse
que a comissão tem trabalhado em sintonia com a Comissão de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG.
A análise da viabilidade da geração termelétrica a
partir do tratamento de resíduos sólidos urbanos, o aproveitamento
energético de gás metano em aterros sanitários, a utilização de
biomassa pela indústria cimenteira e a recuperação de energia a
partir de resíduos sólidos urbanos pelo processo de biometanização
são alguns dos projetos da Feam na área de energia para este ano. Os
dados foram apresentados aos deputados pelo diretor de Pesquisa e
Desenvolvimento da fundação, Paulo Eduardo Fernandes de Almeida. A
Feam também quer desenvolver tecnologia para incrementar a
utilização do gás de altos fornos siderúrgicos para produção de
energia.
Inventário sobre emissão de gases de efeito estufa
deve orientar políticas públicas
Em relação aos gases de efeito estufa (GEE), a Feam
está fazendo o levantamento das emissões anuais pelos
empreendimentos para aplicar em projetos de redução ou compensação
de emissões por indústrias. Além disso, a fundação está preparando o
balanço do carbono emitido pelo consumo de combustíveis fósseis em
Minas Gerais.
O inventário estadual de emissões de GEE foi
apresentado por Paulo Eduardo de Almeida com bastante ênfase porque,
segundo ele, permite ao poder público e às associações setoriais
conhecerem as emissões de GEE, além de tornar-se um instrumento de
gestão pública do meio ambiente. "Esse instrumento permite maior
eficiência energética e estimula a adoção de tecnologias cada vez
mais limpas, além da implementação de resoluções técnicas mais
sofisticadas", avaliou.
De acordo com o inventário, o setor de agricultura,
florestas e outros usos do solo é o maior responsável pelas emissões
totais de GEE, com 51,4%; seguido pelo setor de energia, com 36,9%;
o de resíduos, com 5,9% e o de processos industriais, com 5,8%. No
setor de energia, as indústrias respondem por 48% dessas emissões e
o setor de transportes, 36,6%. Nos subsetores, a siderurgia
participa com 72,2% das emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com a diretora de Qualidade e Gestão
Ambiental da Feam, Zuleika Torquetti, os quatro programas da Feam
voltados para o setor de mineração têm permitido maior segurança
para os empreendimentos, além de qualidade ambiental para toda a
população. Os quatro programas são: gestão de barragens de rejeitos
e resíduos e reservatórios de água em empreendimentos industriais e
minerários; marco legal para o fechamento de mina; mapeamento e
classificação de áreas degradadas pela mineração; e ações integradas
de licenciamento e fiscalização. Em cada um deles são desenvolvidas
ações de normatização, acompanhamento, classificação e fiscalização
dos empreendimentos.
Em relação às barragens, por exemplo, ela afirmou
que o resultado concreto das ações - 93% das barragens cadastradas
sofreram auditorias de segurança - é que, no último período de
chuvas, não foram registrados acidentes graves no Estado. Ela
informou que 31% das barragens são de alto potencial de dano
ambiental. As empresas de mineração são responsáveis por 62% das
barragens e as demais são das indústrias.
Parcerias para exploração mineral atraem
investimentos
Os programas do Governo do Estado de incentivo à
mineração e à siderurgia foram apresentados pelo diretor de
operações da Codemig, Marcelo Arrruda Nassif. Ele citou como
programas específicos o de apoio para a implantação da usina
siderúrgica em Jeceaba pela joint venture Vallourec-Sumitomo
e da usina siderúrgica em Congonhas, pela CSN. Além disso, segundo
Marcelo Nassif, o governo está procurando criar condições para
atrair mais investimentos para o Estado por meio de novas
oportunidades minerais em parceria com a iniciativa privada.
A redução de redução de riscos para investimentos
em exploração mineral por meio da oferta de informações geológicas
básicas é outra meta da Codemig, que já investiu R$ 1,5 milhão no
novo mapa geológico do Estado, que deve estar pronto no próximo ano,
e R$ 10,2 milhões no novo levantamento aerogeofísico. De acordo com
o diretor da Codemig, o retorno para esses investimentos, feitos em
parceria com o Governo Federal, é a atração de novos empreendimentos
para o Estado. Ele também mencionou a possibilidade de exploração do
gás natural na Bacia do São Francisco, que seria uma nova
oportunidade mineral.
Rede da Gasmig no Sul de Minas deve ser entregue em
julho
O diretor financeiro da Gasmig, João Luiz Senra de
Vilhena, afirmou que a principal obra da empresa, prevista para ser
entregue em julho deste ano, é a rede de distribuição de gás natural
do Sul de Minas. O gasoduto de 110 km recebeu investimentos de R$
150 milhões. Outras obras que devem ser concluídas neste ano são os
ramais Vale (ex-MBR), Votorantim (para expansão da planta da empresa
em Juiz de Fora), Aeroporto de Confins (para o fornecimento de gás
natural para o aeroporto industrial), Ambev (em Sete Lagoas) e
Valourec-Sumitomo (Congonhas).
De acordo com o diretor da Gasmig, os principais
desafios para os próximos anos são a implantação do atendimento à
região do Vale do Aço em 2010, viabilização do suprimento de gás do
Triângulo Mineiro, implantação da segunda etapa do projeto Sul de
Minas, construção do gasoduto Tronco Oeste para atender ao eixo Pará
de Minas-Divinópolis, conversão da Usina Igarapé e expansão da Usina
Aureliano Chaves.
A empresa também quer investir no atendimento ao
segmento residencial e tem meta de atingir 100 mil residências em
2013. João Vilhena destacou que as principais vantagens para o
consumidor seriam a comodidade, a segurança gerada pela ausência de
estoque e o pagamento pós-consumo. O projeto já está sendo testado
em alguns bairros de Belo Horizonte.
A Gasmig, segundo o diretor, investirá cerca de R$
788 milhões em 2009 e 2010 e acrescentará mais de 1.400 km às suas
redes entre 2009 e 2013, triplicando seu porte nos próximos cinco
anos. O faturamento da empresa em 2008 foi de R$ 697 milhões e o
lucro líquido, de R$ 86 milhões. A Gasmig tem contratos para atender
todo o seu mercado até 2020.
Cemig investe em crescimento no mercado
elétrico
O panorama da Cemig foi traçado pelo
superintendente de Planejamento e Gestão da Estratégia, Tarcísio
Queiroz. Ele informou que, desde o começo da década, a empresa
começou a investir no processo de fusões e aquisições. Esse
movimento, segundo ele, é forte no setor elétrico, a despeito dos
números do ano passado, que representam decréscimo de 41% no valor
das transações em função da crise mundial. No entanto, o número de
transações aumentou 24%.
Desde 2003, segundo Tarcísio Queiroz, por
orientação do Estado, acionista controlador da Cemig, a empresa tem
buscado crescimento com agregação de valor e ousadia via leilões e
aquisições.
"O plano diretor orienta a Cemig a crescer até o
limite regulatório para distribuição - 20% do mercado - e a buscar a
máxima participação possível nos demais mercados onde atua",
afirmou. Segundo Queiroz, a meta da empresa é continuar ampliando o
seu portfolio para crescer em sustentabilidade no longo prazo.
Em relação à distribuição, o programa Luz para
Todos atendeu 200 mil consumidores nos últimos quatro anos, e a
previsão é de que mais 100 mil consumidores sejam atendidos no
período 2009-2010. Na transmissão e geração de energia, o programa
Cresce Minas investiu em 2008 R$ 119 milhões em linhas e subestações
e R$ 73 milhões em redes de média tensão. A previsão é de
investimentos de R$ 270 milhões em 2009. Neste ano, também devem ser
investidos R$ 1,1 bilhão em todo o Estado.
O reconhecimento da qualidade da empresa, que já
recebeu premiações importantes para o setor empresarial, foi
destacado pelo vice-presidente da Cemig, Arlindo Porto. Segundo ele,
a meta é crescer de preferência internamente. "No entanto, não temos
nenhuma restrição quanto ao mercado externo", afirmou, lembrando que
a empresa já atua no Chile.
Requerimento - Durante a
reunião foi aprovado requerimento do deputado Padre João (PT) para a
realização de audiência pública para debater a construção das
pequenas centrais hidrelétricas de Ferradura e Sete Cachoeiras, no
Rio Santo Antônio, em Ferros (Região Central do Estado).
Presenças - Deputados
Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Gustavo Valadares (DEM), vice;
Rêmolo Aloise (PSDB), Tiago Ulisses (PV), Hely Tarqüínio (PV) e
Fábio Avelar (PSC). Também participaram da reunião o chefe de
gabinete da Semad, Augusto Henrique Lio Horta; o subsecretário de
Estado de Desenvolvimento Minerometalúrgico e Política Energética,
Paulo Sérgio Ribeiro; o superintendente-adjunto de Gestão de Energia
da Copasa, Marcelo Gaio; e o secretário executivo do Comitê Gestor
de Fiscalização Ambiental Integrada da Semad, Paulo Teodoro de
Carvalho.