Com o objetivo de aumentar a segurança e a
tranqüilidade do cidadão que adquire um automóvel, o chefe do Setor
de Verificação de Originalidade de Cadastro de Motor e Chassi do
Detran-MG, Lucas Gomes Arcanjo, lançou dois livros que ensinam os
procedimentos necessários para evitar problemas. Esse tema foi
debatido na reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (29/4/09).
Para o presidente da comissão, deputado Durval
Ângelo (PT), trata-se de duas publicações importantes para todos
aqueles que atuam na comercialização de veículos, além de
fundamental para a atuação da polícia. Contexto Histórico na
Identificação de Veículos e Tratado Técnico Específico de
Identificação de Veículos, segundo o autor, permitirão que
qualquer leigo tenha a oportunidade de encontrar eventuais
irregularidades no motor ou chassi do seu veículo sem depender da
honestidade de terceiros. Com os livros, a pessoa aprenderá a fazer
uma identificação completa do carro e, se preciso, tomar
providências a tempo de evitar prejuízos.
O deputado Vanderlei Miranda (PMDB) parabenizou o
autor pela iniciativa e disse que o automóvel, assim como o celular,
são como apêndices do cidadão moderno. As publicações foram
elogiadas também pelos demais convidados presentes, como o
vice-presidente regional do Veteran Car Club do Brasil, Otávio Pinto
de Carvalho, e o presidente da Cooperativa dos Despachantes
Documentalistas de Trânsito do Estado de Minas Gerais, Antônio Pedro
Alves Filho. Também o chefe da Divisão de Registros de Veículos em
Belo Horizonte, Cláudio Freitas Utsch Moreira, ressaltou a
importância das obras, dizendo que não conhece trabalho similar no
Brasil.
Documentação dos veículos traz novidades
O delegado Luiz Cláudio Figueiredo, coordenador de
Administração de Trânsito do Detran-MG, informou que desde o dia 13
de abril o órgão vem incluindo a informação de "veículo recuperado"
na documentação de automóveis acidentados, mas que não tiveram perda
total. Trata-se, segundo ele, de uma decisão proferida pelo Tribunal
de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Ao tomar conhecimento dessa nova
norma, o deputado Durval Ângelo apresentou um requerimento, que foi
aprovado, no sentido de parabenizar o TJMG pela iniciativa.
Também por requerimento do presidente da comissão,
será encaminhado um ofício aos 53 deputados federais e três
senadores mineiros sugerindo a elaboração de um projeto de lei que
contemple, em nível nacional, a decisão do TJMG, uma vez que ela só
vale para os veículos registrados em Minas.
Outra novidade trazida pelo delegado do Detran foi
a eliminação, nos documentos dos veículos, do endereço do
proprietário. Essa medida, determinada pelo Conselho Nacional de
Trânsito (Contran), visa resguardar o sigilo e aumentar a segurança
dos donos dos veículos. Ele lembrou um caso recente em que um
motorista foi vítima de seqüestro-relâmpago. Os bandidos encontraram
no carro as chaves da casa e o documento do veículo, não tendo
dificuldade para roubar também a residência do proprietário.
Tortura - No início da
reunião foi exibida uma reportagem recente da TV Alterosa, na qual
são exibidas cenas de tortura contra presos na cadeia pública de
Conceição das Alagoas (Triângulo Mineiro). A comissão aprovou três
requerimentos referentes a esse assunto, todos de autoria de Durval
Ângelo. Serão encaminhados ofícios ao Conselho Nacional de Justiça e
à Corregedoria do TJMG, solicitando apuração de possível omissão do
magistrado de Conceição das Alagoas em relação à denúncia, e também
um pedido ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, para que o órgão
tome as providências cabíveis.
Cidadãos pedem o fim da impunidade
Durante a fase chamada de "pinga-fogo", na qual
cidadãos usam o microfone para fazer comunicações à comissão, o
primeiro a se manifestar foi o advogado Luiz de Almeida, de
Nepomuceno (Sul de Minas). Ele pediu a ajuda da comissão para
libertar da prisão seu cliente, André da Silva Miranda, detido desde
2007 pelo assassinato de um traficante daquela cidade. Segundo o
advogado, não foi apresentada até hoje qualquer prova do
envolvimento de André, que inclusive teve um olho perfurado por
estilete durante sua permanência na cadeia. Durval informou que vai
solicitar ao ministro da Justiça, Tarso Genro, que faça com que a
Polícia Federal apure o caso.
Daniele Barbosa denunciou o assassinato de seu
sogro, Mário Dias Magalhães, por um homem acusado de oito crimes,
mas que continua solto. Segundo ela, Túlio Fernando Afonso Silva
Coura espancou o Mário quando este, por ser policial reformado, foi
chamado para intervir numa briga. A viúva, Cleusa Maria Magalhães,
pediu justiça, enquanto o vizinho Adão Raimundo dos Reis informou
que Túlio Fernando, supostamente filho de um desembargador, se acha
acima da lei, trafegando com veículos em alta velocidade e ameaçando
outras pessoas, inclusive os filhos do ex-PM assassinado. A comissão
aprovou requerimento de Durval Ângelo pedindo uma visita ao juiz
Nelson Messias para solicitar as providências necessárias. Ele
lamentou que na sociedade brasileira a impunidade ainda
prevaleça.
Denise Maria Alvarenga ocupou o microfone para
acusar seu ex-cunhado, delegado regional de Muriaé, pelo assassinato
de Mônica Vidon Alvarenga, irmã da denunciante, e pedir
providências. Segundo ela, o crime ocorreu em 21 de novembro do ano
passado, mas as investigações estão emperradas. Durval Ângelo
informou que na imprensa não resta dúvida de que o delegado é de
fato o assassino, somente a polícia não admite isso. Atendendo a
requerimento de Durval, a comissão vai pedir uma audiência com o
ministro da Justiça para pedir que o caso seja apurado também pela
Polícia Federal.
O último a se manifestar foi o cabo reformado da PM
Luiz Carlos de Oliveira, conhecido como Cabo Cadeado. Ele trouxe
diversos adolescentes para denunciar arbitrariedades, agressões e
até torturas que, segundo Cadeado, são praticadas cotidianamente por
policiais militares na vila onde mora, na zona sul de Belo
Horizonte. Esses menores, envolvidos na venda e consumo de
entorpecentes, foram aconselhados por Vanderlei Miranda e Antônio
Genaro (PSC), ambos pastores, a deixar o mundo do crime e das
drogas. "É triste ver crianças crescendo num mundo de agressões,
assaltos e assassinatos achando que tudo isso é normal", lamentou
Genaro.
Presenças - Deputados
Durval Ângelo (PT), presidente; Antônio Genaro (PSC), Vanderlei
Miranda (PMDB), Ruy Muniz (DEM) e deputada Gláucia Brandão
(PPS).