As obras do córrego Bonsucesso estão com verba
garantida e empreiteira contratada. São mais de R$ 70 milhões. Os
outros R$ 55 milhões necessários para as obras dos córregos Olaria e
Jatobá ainda não chegaram aos cofres da Prefeitura de Belo Horizonte
(PBH), porém, a liberação do investimento está sendo esperada ainda
neste mês de maio. Foi o que informou o secretário municipal de
Políticas Urbanas de Belo Horizonte, Murilo Valadares. Ele foi um
dos convidados da audiência pública desta terça-feira (28/4/09) da
Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais. Solicitada pelo deputado Célio Moreira
(PSDB), a reunião tratou das dificuldades enfrentadas por moradores
e comerciantes da região do Barreiro prejudicados pelas chuvas
recentes.
A reunião foi transferida para o Teatro da
Assembleia, devido ao comparecimento de grande número de moradores
da região. A maioria pediu agilidade às obras e participação efetiva
da comunidade nas discussões sobre os projetos. "Os relatos são
oportunos, para que tenhamos diagnóstico real da situação", disse
Célio Moreira, que é morador do Barreiro. "Muitas ações já estão
sendo feitas, mas é necessário unir forças para complementá-las e
colocá-las em prática", afirmou.
"Queremos ser parceiros. Participar de uma comissão
para discutir, mês a mês, o encaminhamento das obras", falou o líder
do Movimento Barreiro Vivo, Celso da Silva. "O que estamos pedindo
não é nada novo, são reivindicações antigas. Pedimos soluções,
porque os problemas vocês já conhecem", disse o presidente da
Associação Comercial do Bairro Milionários e Adjacências, José
Márcio Resende.
Vallourec & Mannesmann teve prejuízo de R$ 11
mi com enchente
O superintendente de Desenvolvimento Sustentável e
Relacionamento Corporativo da Vallourec & Mannesmann, Antônio
Claret de Oliveira, informou que a usina do Barreiro teve um
prejuízo direto de R$ 11 milhões devido às enchentes do final de
2008. "Os indiretos ainda não conseguimos somar. Certamente, os
clientes que deixaram de ser atendidos vão pensar duas vezes antes
de fazer um novo pedido", comentou. Ele ressaltou a necessidade de
acelerar o processo de construção de pelo menos três reservatórios
de contenção das águas dos córregos do Barreiro, Jatobá e Olaria.
"As obras do Bonsucesso já foram iniciadas", contou o
superintendente operacional da Diretoria Metropolitana da Copasa,
Luiz Nogueira de Oliveira, que informou ainda a retomada dos
trabalhos nas áreas do Jatobá, Olaria e Marilândia.
Contagem - As famílias
presentes questionaram o secretário municipal de Obras e Serviços
Urbanos de Contagem, Rômulo Tomaz Perilli, sobre a ausência de ajuda
financeira à população atingida pela enchente, já que os moradores
de Belo Horizonte receberam entre R$ 500 e R$ 2 mil. "A prefeitura
não tem como dar ajuda financeira por total falta de recursos",
respondeu. "Temos como dar o suporte da Defesa Civil, doar colchões
e cestas básicas. Hoje, é o possível de ser feito." Segundo ele,
cerca de 3 mil famílias foram atingidas diretamente pelas enchentes.
"Em Belo Horizonte, foram 2 mil. Contagem está trabalhando no
projeto de uma grande bacia de contenção do córrego Ferrugem, que
passa pela desapropriação e realocação de mil famílias",
relatou.
Secretário critica empresa que vai mapear bacia
hidrográfica
O secretário Murilo Valadares lembrou que a PBH
licitou uma empresa para elaboração de um estudo de toda a bacia
hidrográfica de Belo Horizonte. "Para mim, a empresa que venceu não
serve. Ela não tem competência para fazer isso", disse, frisando que
isso foi fruto de uma distorção da lei sobre licitações. Ele pediu
aos deputados que revejam a legislação sobre o tema.
Em sua fala, Valadares comentou que a falta de
verba da prefeitura de Contagem justifica-se porque a cidade não tem
direito de pegar financiamentos com o Governo Federal, devido a má
administração financeira de administrações anteriores. "Não tenho
procuração de ninguém para falar isso, mas é o que ocorre hoje com
Contagem."
Além de informar sobre a situação das obras que
visam à prevenção de novas tragédias no Barreiro, o secretário
salientou que a obra do córrego Ferrugem é essencial. "Só Belo
Horizonte não dá conta. Ferrugem é importante pela quantidade de
água que se acumula no local", falou. Ele afirmou que existe
integração entre os projetos e que, segundo um estudo entregue em
janeiro, o Mapa da Inundação, Belo Horizonte tem 76 áreas críticas.
"A cidade terá 76 núcleos de Defesa Civil", informou. Ele argumentou
a favor da instalação de radares meteorológicos e defendeu que os
equipamentos devem ser comprados pelo Estado. "A discussão é quem
vai comprar. O aparelho é capaz de prever chuvas num raio de 300 km.
Vai ajudar não só a Capital", comentou.
Proposições - No início da reunião, foi
aprovado parecer favorável de 1o turno do Projeto de Lei 3.005/09, do
deputado Fábio Avelar (PSC). Relatado pelo deputado Juarez Távora
(PV), o projeto determina o cancelamento imediato da Carteira
Nacional de Habilitação, junto ao Detran, dos falecidos em Minas
Gerais. Foram aprovados ainda dois projetos e cinco requerimentos
que dispensam a apreciação do Plenário.
Presenças - Deputados
Gustavo Valadares (DEM), presidente; Célio Moreira (PSDB) e Juarez
Távora (PV). Também participou da reunião o vereador Henrique Braga,
de Belo Horizonte.