Diversos trevos na BR-381, entre Belo Horizonte e
João Monlevade, terão o fluxo de veículos interrompido no dia 13 de
maio, às 15 horas. Será uma manifestação simultânea promovida por
moradores e lideranças comunitárias, com o objetivo de pressionar o
Governo Federal a providenciar a duplicação da estrada, conhecida
como "rodovia da morte". A iniciativa foi comunicada nesta
terça-feira (28/4/09), em Caeté, durante audiência pública da
Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais. A reunião foi solicitada pelo deputado
Wander Borges (PSB).
A paralisação da rodovia será uma forma de protesto
contra as condições precárias da BR-381, que em 2007 registrou 1.456
acidentes, com 77 mortes. Estão previstas mobilizações em trevos que
ligam a rodovia a cidades como Santa Luzia, Caeté, Sabará, João
Monlevade, Nova União e outras. Uma das coordenadoras da
manifestação, a jornalista Júnia Lima, afirmou que a mobilização
social é a única forma de sensibilizar as autoridades. Além dessa
paralisação simultânea do dia 13, estão sendo planejadas iniciativas
como uma visita à sede do Departamento Nacional de Infra-estrutura
de Transporte (Dnit) em Minas e uma marcha a Brasília para
reivindicar uma solução junto ao ministro dos Transportes.
Para o vice-presidente do Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura (Crea-MG), Jobson Nogueira de Andrade, em
vez de ser duplicada, a BR-381 deveria ser reconstruída. "O traçado
não atende mais à vida moderna, trazendo riscos à vida, além de não
ser sequer ecologicamente correta", disse ele. As críticas à rodovia
foram feitas por todos os participantes da reunião, que contou com a
presença de vereadores e representantes do Poder Executivo de Caeté
e diversas cidades vizinhas. A presidente da comissão, deputada
Cecília Ferramenta (PT), salientou que o superintendente regional do
Dnit, Sebastião Donizete de Souza, foi convidado para a audiência,
mas não compareceu nem enviou representante.
O deputado Wander Borges convocou os presentes a
manterem-se mobilizados pela duplicação da rodovia. "Precisamos agir
como uma criança, que só pára de pedir pipoca quando é atendida",
comparou. A deputada Rosângela Reis (PV) aplaudiu a união das
comunidades no sentido de pressionar o Governo Federal por uma
solução. Cecília Ferramenta alertou para a necessidade de se chegar
a uma solução ainda em 2009, uma vez que 2010 é ano eleitoral,
quando "tudo pára".
Moradores não aceitam pagar pedágio prévio
Outra queixa dos moradores é em relação à
indefinição sobre a autoria da obra de duplicação. Segundo a
presidente da Câmara Municipal de João Monlevade, Dorinha Machado, a
Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) deverá ser
responsável pela duplicação. Caso seja verdadeira essa informação,
disse ela, a obra vai ser realizada pela iniciativa privada e haverá
cobrança de pedágio antes mesmo da conclusão dos trabalhos. Ela e os
demais presentes defenderam que a revitalização da BR-381 seja feita
pelo Dnit. Assim, será uma obra do Governo Federal utilizando verbas
do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). O pedágio, nesse caso,
só passaria a ser cobrado após o fim da duplicação. O dinheiro para
as obras, segundo Rosângela Reis, inclusive já está previsto no
orçamento, chegando a R$ 1,6 bilhão.
O prefeito de Caeté, Ademir da Costa Carvalho,
acusou o Governo Federal de negligente, lembrando que a estrada
registra mais acidentes que a média das demais rodovias brasileiras.
Já o presidente da Associação Comunitária Bom Destino, de Santa
Luzia, Aílton Gomes da Silva, pediu a indenização das cerca de 300
famílias que serão desalojadas para que a BR-381 seja duplicada.
Na próxima reunião da comissão, prevista para esta
quarta-feira (29), deverá ser aprovado um requerimento do deputado
Wander Borges, pedindo apoio da Polícia Militar à manifestação do
próximo dia 13.
Presenças - Deputadas
Cecília Ferramenta (PT), presidente, Rosângela Reis (PV) e deputado
Wander Borges (PSB). Também participou da reunião o presidente da
Câmara Municipal de Caeté, José Cristiano de Lima.