As micro e pequenas empresas estão entre as maiores
geradoras de empregos da economia brasileira, mas sofrem com as
dificuldades de acesso ao crédito e com a elevada carga tributária,
situação agravada pela crise econômica mundial. Esse cenário levou a
Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais a realizar, nesta
quinta-feira (23/4/09), audiência pública para discutir o impacto da
crise sobre os empreendimentos de menor porte. A comissão também
propôs tratamento fiscal diferenciado para as micro e pequenas
empresas, a fim de estimular sua atividade.
O deputado Carlos Gomes (PT), autor do requerimento
para realização da audiência pública, destacou o papel desses
empreendimentos na economia do país. Ele lembrou que as micro e
pequenas empresas geram cerca de 60% dos empregos formais e
reivindicou medidas específicas do Estado para o segmento. "Vários
outros estados já têm um tratamento diferenciado para as micro e
pequenas empresas, o que inclui isenção do ICMS", declarou.
Reivindicações - A reunião
desta quinta-feira teve a participação de representantes dos
governos federal e estadual e de entidades empresariais. As
reivindicações deram o tom de boa parte da audiência. O analista da
Unidade de Políticas Públicas do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro
e Pequena Empresa de Minas (Sebrae-MG), Jefferson Ney Amaral,
afirmou que é preciso ver no segmento "uma fonte de geração de
riquezas, e não uma fonte de arrecadação".
Segundo ele, a contribuição dessas empresas para a
arrecadação de impostos é pequena e elas respondem por menos de 25%
do Produto Interno Bruto (PIB) do País, mas seu impacto nos empregos
é significativo. Por isso, Amaral pediu a redução da carga
tributária que incide sobre elas.
O presidente da Câmara Brasil Seguros, Adelmo da
Silva Leão, ao contrário, disse que ações de política monetária são
mais importantes que medidas fiscais. Para ele, o governo federal
deve estimular o crédito para enfrentar a crise. "Os bancos não
deixaram de atender empresas grandes, mas, como existem limites, as
micro e pequenas empresas acabaram prejudicadas", afirmou Leão.
Outras três reivindicações foram apresentadas pelo
presidente do Conselho Empresarial de Micro e Pequenas Empresas da
Associação Comercial de Minas, Olavo Gonzaga de Resende: maior prazo
para entrega da declaração de Imposto de Renda das empresas menores;
fim do impedimento de parcelar o Documento de Arrecadação do Simples
(DAS); e, sobretudo, mudança de critérios de exclusão das empresas
do Simples, regime federal unificado de arrecadação de tributos.
Segundo Resende, este ano 200 mil empresas foram excluídas do
sistema, muitas vezes por causa de atrasos no pagamento de
impostos.
O presidente do Sindicato dos Escritórios de
Contabilidade, Auditoria e Perícias Contábeis no Estado de Minas
Gerais (Sinescontábil), Eduardo Heleno Valadares Abreu, pediu
alteração da Lei do Uso e Ocupação do Solo em Belo Horizonte. Na
avaliação dele, a legislação atual impõe dificuldades à obtenção de
alvará de funcionamento pelas micro e pequenas empresas.
Representantes de governos destacam medidas
recentes
O governo do Estado foi representado na audiência
pública pelo Superintendente de Comércio e Serviço da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, João Neiva. Ele disse que Minas avançou
na adoção de medidas para o segmento e citou a criação de fórum
específico de micro e pequenas empresas, em parceria com o Sebrae e
outras instituições. Entre as ações mencionadas por Neiva, estão a
desburocratização da abertura de novos negócios e o estímulo ao
crédito.
O secretário de Comércio e Serviço do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Édson Lupatini
Júnior, listou ações federais recentes. Ele classificou a crise
econômica mundial como profunda, mas afirmou que o Brasil está mais
bem preparado que em outras ocasiões para enfrentar situações
adversas.
Debates - Os deputados Eros
Biondini (PHS) e Bráulio Braz (PTB) mencionaram o papel da ALMG na
discussão da crise. Biondini lembrou a criação pela Assembleia de
comissão extraordinária para analisar o assunto. Braz destacou a
realização do Ciclo de Debates Minas Combate a Crise, nos dias 14 e
15 deste mês.
No fim da audiência pública, o deputado Carlos
Gomes listou 17 sugestões da Comissão de Turismo, Indústria,
Comércio e Cooperativismo para incentivar as micro e pequenas
empresas. Elas foram entregues aos representantes dos governos
federal e estadual.
Presenças - Deputados
Carlos Gomes (PT), Eros Biondini (PHS), Bráulio Braz (PTB) e Carlos
Pimenta (PDT).