A busca de soluções para resolver atritos entre
taxistas credenciados e agenciadores de transporte irregular e para
garantir a segurança de passageiros no Aeroporto de Confins foram os
principais assuntos da audiência pública realizada nesta
quarta-feira (22/4/09) pela Comissão de Direitos Humanos da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A audiência pública foi
solicitada pelo presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT),
motivada por denúncias feitas pelo vereador de Confins, Luiz
Fernandes Rosa Júnior.
O principal objetivo da audiência, destacou Durval
Ângelo, era apurar as ocorrências de situações de violência nas
dependências do aeroporto, que seriam um resultado indireto do
transporte irregular. "Há relatos de brigas, discussões e até de
enfrentamento físico, e não podemos pecar pela omissão", declarou o
deputado. A reunião contou com a presença de representantes da
Infraero, DER-MG, Polícia Militar, de cooperativas de táxi e das
prefeituras de Confins e Lagoa Santa.
Além dos problemas referentes ao transporte
clandestino e violência, o vereador Luiz Fernandes disse que houve
uma série de concessões de licenças para táxi sem licitação,
efetuadas pela administração anterior. O vereador calcula que cerca
de 150 famílias de Confins, que dependem da renda de corridas de
táxi, estariam prejudicadas. O vereador pediu à Infraero que fosse
revisto o valor cobrado das cooperativas de táxi para explorarem o
serviço de transporte de passageiros no aeroporto.
O superintendente-geral da Infraero no Aeroporto de
Confins, Willer Furtado, disse que os processos de concessão de
licença para transporte de passageiros nas imediações do aeroporto
foram todos realizados de acordo com a lei de licitações. De acordo
com o superintendente, esses processos licitatórios previam os
valores das licenças de táxi a serem repassados para a empresa.
Furtado disse que a questão do transporte clandestino é preocupante,
mas a capacidade da Infraero de coibir essa ação é limitada.
"Fazemos campanhas para que os passageiros utilizem somente o
transporte oficial e vamos continuar importunando os agenciadores",
afirmou o superintendente. Furtado acredita esse controle seria mais
eficiente se houvesse órgãos de gerenciamento de trânsito em Confins
e Lagoa Santa.
Alternativas - O deputado
Ruy Muniz (DEM) disse que uma das razões que estimulam o transporte
irregular é o elevado preço das viagens cobrados pelos motoristas
credenciados. Para ele, é necessário aumentar a concorrência para
que o preço para o consumidor seja mais justo. O deputado apontou
como caminho a legalização do transporte alternativo, a exemplo do
que vem acontecendo em outras regiões do Estado. Ele disse que
ampliar a base de serviço para o consumidor pode ser uma saída, pois
considera difícil combater o transporte clandestino.
Já o deputado Vanderlei Miranda (PMDB) acredita que
se houver uma fiscalização sistemática, o problema pode ser
temporariamente sanado até que se encontre um caminho. Para Miranda,
não é difícil identificar os agenciadores, uma vez que o serviço é
oferecido de forma explícita.
O diretor de fiscalização do Departamento de
Estradas de Rodagem (DER-MG), Paulo Rubens Pereira Diniz, disse que
tentar resolver esse problema sem um trabalho conjunto da Assembleia
Legislativa, do Governo do Estado e das Secretarias da Fazenda e do
Turismo, seria como "enxugar gelo". O diretor afirmou que o DER-MG
tem estabelecido ações em parceria com a Polícia Militar e com a
Infraero no sentido de coibir o transporte irregular de
passageiros.
Riscos - O prefeito de
Lagoa Santa, Rogério César de Matos, lembrou os riscos a que estão
sujeitos os passageiros que fazem a opção pelo transporte irregular.
No Rio de Janeiro, são comuns os relatos de assaltos e outros tipos
de violência contra os passageiros. Adoção de uniformes para os
taxistas credenciados e instalação de câmeras para identificação dos
agenciadores foram algumas das medidas sugeridas pelo prefeito.
Taxistas - Representantes
de cooperativas de táxi que prestam serviços no Aeroporto de Confins
manifestaram preocupação com os problemas causados pelo transporte
clandestino. Cláudio Rodrigues dos Santos, representante da
Coopertramo, defendeu que é preciso dar continuidade ao trabalho
integrado dos órgãos competentes.
Wesley de Almeida, da Cooperfins, disse que houve
uma considerável evasão de receitas dos taxistas cooperados. Outra
preocupação é que não há como garantir a integridade física dos
passageiros, se não é possível saber quem é o condutor do veículo.
Wesley relatou que é comum haver atritos entre taxistas regulares e
agenciadores de transporte clandestino nas dependências do
aeroporto. Ele contou que enquanto o taxista fica até dez horas na
fila aguardando um cliente, os agenciadores conseguem passageiros
com facilidade e, em muitas ocasiões, dirigem-se aos motoristas que
estão na fila em tom de deboche.
Encaminhamentos - A
comissão vai encaminhar à Polícia Militar pedido de providências
para coibir a ação dos chamados "piolhos". A comissão solicita
também à Polícia Civil a designação de um delegado titular em
Confins.
Serão encaminhadas notas taquigráficas da reunião
às prefeituras de Confins e Lagoa Santa, sugerindo a criação de
órgãos de controle de trânsito nessas cidades. A comissão solicitou
também ao DER-MG que, nos próximos seis meses, o órgão envie
relatórios mensais sobre o trabalho de fiscalização do transporte de
passageiros no Aeroporto de Confins.
Projeto recebe parecer favorável
A comissão aprovou parecer favorável ao Projeto de
Lei 2.493/08, da deputada Ana Maria Resende (PSDB), que pretende
assegurar a publicização de informações sobre a situação da mulher
em Minas Gerais. O relator, deputado Ruy Muniz, opinou pela
aprovação do projeto na forma original. O projeto já pode seguir
para o Plenário em 1o turno.
O texto prevê que informações como o percentual de
mulheres no emprego formal, a taxa de participação feminina na
população economicamente ativa, o nível de desemprego das mulheres,
o número de vítimas de violência sexual, física ou psicológica e o
grau de instrução médio das mulheres estejam disponíveis para
subsidiar políticas voltadas para essa população.
Foram aprovados requerimentos do deputado Durval
Ângelo para que sejam realizadas audiências públicas para discutir o
direito à moradia e para discutir denúncia de ameaças de morte a
vereadores de São Francisco do Glória (Zona da Mata).
Presenças - Deputados
Durval Ângelo, presidente; Ruy Muniz (DEM), Vanderlei Miranda (PMDB)
e deputadas Gláucia Brandão (PPS) e Maria Lúcia Mendonça (DEM).
Também participou da reunião o major da Polícia Militar Ailton
Cirilo da Silva.