A Comissão Especial da Execução das Penas da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais continua na próxima
sexta-feira (24/4/09) seu trabalho de coleta de depoimentos. Desta
vez, os deputados vão a Pouso Alegre (Sul de Minas) visitar a 2ª
Vara Criminal e de Execuções Penais, a requerimento dos deputados
Durval Ângelo (PT), relator, e Wander Borges (PSB). A visita será às
9 horas. Em seguida, às 10 horas, a comissão realizará audiência
pública no Auditório da Faculdade de Direito do Sul de Minas. Criada
em 13 de março, a comissão, que é presidida pelo deputado João Leite
(PSDB), tem 60 dias para estudar as condições carcerárias do sistema
prisional de Minas.
A visita a Pouso Alegre estava programada, mas
também é um desdobramento da primeira reunião com convidados,
realizada no dia 2 de abril. Nessa reunião, o defensor Cristiano
Maia Luz relatou o caso do presídio de Pouso Alegre, considerado
"uma bomba-relógio" prestes a explodir. Segundo ele, o local abriga
360 detentos, quando deveria ter 81. O prédio está com infiltrações
e, quando chove, as celas ficam inundadas. As condições foram
consideradas desumanas pelo órgão, que está tomando providências
judiciais. Em resposta, a Superintendência de Atendimento ao Preso
informou que será inaugurado neste semestre presídio com 396
vagas.
Cristiano Maia Luz citou, ainda, na reunião do dia
2 de abril, os casos de pelo menos dois presos provisórios de Pouso
Alegre que foram mantidos no cárcere por vários meses, pois não
tinham como comprovar residência e ocupação lícita. "Há um rigor
excessivo do Ministério Público e do Judiciário quanto à manutenção
das prisões cautelares", opinou, afirmando que o cidadão tem
dificuldade para conseguir liberdade provisória.
Convidados - Os convidados
a participar da audiência em Pouso Alegre são o prefeito e o
presidente da Câmara, Agnaldo Perugini e Paulo Henrique Pereira
Alves; o juiz da vara criminal e de execução penal, Sérgio Franco de
Oliveira Júnior; o delegado regional de Pouso Alegre, Carlos Eduardo
Pinto; o diretor da Faculdade de Direito do Sul de Minas, Rafael
Tadeu Simões; e a promotora responsável pela execução penal, Tereza
Cristina Coutinho do Amaral Barroso.
Além do evento em Pouso Alegre, a comissão
realizará seminários em Juiz de Fora (Zona da Mata), Montes Claros
(Norte de Minas), Governador Valadares (Vale do Rio Doce) e
Uberlândia (Triângulo).
Deputados esclarecem objetivos do trabalho
A expectativa do presidente, deputado João Leite
(PSDB), é de que, a partir do trabalho da comissão, possam nascer
novas leis que interfiram efetivamente na execução das penas. Já o
relator esclarece que a comissão especial não é de visita a
estabelecimentos prisionais e sim de estudos sobre a execução das
penas. O deputado Wander Borges acredita que a comissão poderá
chegar ao final dos trabalhos constatando o grau de intensidade com
que cada órgão atua para resolver os problemas existentes. Para
conhecer melhor o trabalho de cada um, foi aprovado requerimento do
deputado Delvito Alves (DEM) de visita ao Comitê Integrado de
Política Prisional da Secretaria de Defesa Social.
Carência de defensores -
Na sua primeira reunião com convidados, no último dia 2 de abril, a
comissão ouviu o relato das dificuldades vividas pela Defensoria
Pública, que tem, entre outras funções, a de prestar assistência
jurídica àqueles que não podem pagar um advogado. Segundo dados do
próprio Executivo, dos 41 mil presos do Estado, 40% são condenados,
sendo o restante provisórios. Do total, 80% não têm advogado
particular, mas apenas 30% deste universo contam com a efetiva
assistência de um defensor público. O Executivo também projetou o
número de presos para 2011: 72 mil pessoas.
Os deputados ouviram várias reivindicações, entre
elas de aparelhamento, contratação de pessoal e melhor remuneração
para os defensores. Dos 1,2 mil cargos do órgão, apenas 472 estão
providos. No Estado, 61% das comarcas não contam com o profissional,
que presta assistência jurídica ao preso que não tem condições de
pagar por um advogado. O consenso entre os convidados foi de que
somente com ações integradas dos operadores do Direito, governo e
sociedade é possível resolver os problemas. Na reunião, tanto a
Defensoria quanto o Ministério Público afirmaram que é determinação
dos órgãos fazer com que seus profissionais saiam do gabinete e
acompanhem de perto o andamento das penas.