Iepha já analisa tombamento de catedral em Campanha
O representante do Instituto Estadual de Patrimônio
Histórico e Artístico (Iepha), Carlos Henrique Rangel, anunciou
nesta quinta-feira (16/4/09) que está em andamento o processo de
análise de viabilidade de tombamento da Catedral de Santo Antônio,
em Campanha (Sul de Minas). Ele repassou a informação para os
deputados da Comissão Cultura da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais, que promoveu audiência pública no município. A reunião,
solicitada pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), contou com a
presença de autoridades locais e representantes da sociedade civil
organizada.
Segundo Rangel, a catedral já foi tombada em âmbito
municipal e o dossiê de tombamento será usado como base no processo
de análise da equipe técnica do Iepha. Ele disse que uma comitiva do
instituto será enviada ao município, para que seja feito um estudo
histórico e cultural que comprove a legitimidade do tombamento. Ele
lembrou, no entanto que a principal guardiã do patrimônio artístico
é a própria sociedade. "O que assegura a preservação do bem é a
comunidade. De nada adianta o tombamento, se não houver o carinho e
o cuidado da população com a catedral", afirmou. Ele declarou ainda
que o Iepha fará o restauro de imagens sacras da igreja.
A Catedral de Santo Antônio teve sua pedra
fundamental lançada em 1787. Foi construída em taipa (terra) pelos
escravos ao longo de 35 anos. Em 1925, a fachada da igreja foi
modificada, descaracterizando-a por completo. Em 1937, Dom Inocêncio
Engelke mandou cercar a catedral com uma grade de ferro. Outras
reformas foram feitas no decorrer dos anos.
Dossiê no Iepha - O dossiê
de tombamento destaca que a catedral é o maior templo católico
construído em taipa do Estado e um dos três maiores do Brasil.
Consta também no documento que a igreja possui um rico acervo do
século XIX.
O presidente do grupo Pró-Restauro da Catedral de
Santo Antônio, Paulo César Ferreira, lembrou que a captação de
recursos para a recuperação da igreja fundada no século XVIII é
fundamental. De acordo com ele, é preciso que o Poder Executivo
municipal obtenha verbas por meio das leis e fundos de incentivo
cultural, assim como dos empresários locais. "Aguardamos o
tombamento estadual, mas precisamos agilizar principalmente a
captação de financiamentos para a restauração", salientou.
Autoridades destacam importância afetiva da
igreja
O prefeito de Campanha, Lázaro Roberto da Silva,
definiu a Catedral de Santo Antônio como o símbolo maior da fé e da
religiosidade do município. Para ele, é preciso que cada um faça a
sua parte e que os esforços sejam em benefício do patrimônio
cultural da região. O bispo da diocese de Campanha, que congrega 66
paróquias, fez coro às palavras do gestor e fez um apelo para que o
Iepha agilize o processo de tombamento do conjunto arquitetônico e
religioso. "Temos que preservar nosso patrimônio para que a rica
tradição da cidade não seja perdida para as próximas gerações",
disse.
O pároco da catedral, padre Marco Antônio Filho,
lembrou também o valor afetivo da igreja. Segundo ele, o tombamento
não significa apenas a preservação de um bem cultural, mas também do
reconhecimento do patrimônio histórico e artístico de Minas
Gerais.
Vontade política - Os
parlamentares assumiram, na audiência pública, a intenção de
reforçar o pedido ao Iepha para que oficialize o tombamento da
catedral. O deputado Dalmo Ribeiro Silva disse que a luta é árdua,
mas que o processo já está adiantado, tendo em vista que o
tombamento em âmbito municipal já foi concluído. Ele disse que vai
elaborar requerimentos que agilizem a ida da comissão técnica do
instituto ao município para que os estudos de viabilidade sejam
feitos com mais celeridade.
As deputadas Gláucia Brandão (PPS), presidente da
comissão, e Maria Lúcia Mendonça (DEM) e o deputado Neider Moreira
(PPS) falaram sobre a emoção de presenciar a mobilização da
comunidade local pela preservação cultural da cidade. "Estamos de
mãos dadas em benefício da preservação e restauração da bela
Catedral de Santo Antônio", afirmou Gláucia Brandão. "Tenho
consciência do meu objetivo. A comunidade de Campanha pode contar
com a minha boa vontade política, para que possamos conseguir
realizar esse sonho", completou Maria Lúcia Mendonça.
Presenças - Deputadas
Gláucia Brandão (PPS), presidente; e Maria Lúcia Mendonça (DEM);
deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Neider Moreira (PPS). Também
participaram da reunião o presidente da Câmara Municipal, Luiz
Antônio Bacha; o vigário-geral da diocese de Campanha, monsenhor
Luiz Augusto Furtado; e o econômo da diocese de Campanha, padre
Alexandre da Costa.
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