A consulta pública promovida pela Assembleia
Legislativa de Minas Gerais sobre o Projeto de Lei (PL) 2.215/08, do
governador, que cria o Plano Decenal de Educação de Minas Gerais,
resultou em 212 propostas apresentadas por cidadãos de 48 municípios
mineiros. O processo eletrônico de consulta à sociedade, oferecido
por meio do site da ALMG, foi encerrado nesta quarta-feira (15/4/09)
e teve a participação de nove das dez macrorregiões (Sul de Minas, Vale do
Jequitinhona/Mucuri, Norte, Triângulo, Noroeste, Central, Rio Doce,
Centro-Oeste e Mata). Representantes de vários segmentos
ligados à educação, como escolas estaduais, universidade e
associações de estudantes e de pais, apresentaram sugestões.
Os temas mais recorrentes na consulta pública foram
organização e gestão dos sistemas estadual e municipais de ensino;
alteração nos conteúdos curriculares; remuneração de professores e
demais profissionais de ensino; e aplicação do piso salarial
nacional do magistério. Outros exemplos de assuntos que receberam
sugestões de modificação foram os mecanismos de premiação dos
profissionais da educação, a infra-estrutura das escolas e a gestão
escolar.
Também foram recebidas propostas que não estão
diretamente relacionadas ao Plano Decenal de Educação, mas que
tratam de assuntos ligados à educação em Minas Gerais. Essas
sugestões tratam de temas como programas de incentivo à leitura na
educação infantil, instituição de sistema informatizado de
bibliotecas escolares, sensibilização de empresas para
institucionalizar o estágio supervisionado na educação tecnológica e
profissional, entre outras.
Propostas serão analisadas na etapa final do Fórum
Técnico
As propostas encaminhadas através da consulta
pública serão discutidas nos grupos de trabalho da etapa final do
Fórum Técnico Plano Decenal de Educação em Minas Gerais: Desafios
da Política Educacional, no Plenário da ALMG, em Belo Horizonte,
nos dias 13 a 15 de maio. Também estarão em debate as sugestões
colhidas nas etapas regionais coordenadas pela ALMG em Araçuaí,
Montes Claros, Governador Valadares e Paracatu e nos encontros
organizados pelas entidades e movimentos sociais ligados à educação
em Divinópolis, Juiz de Fora (nesta sexta-feira, 17/4), Varginha
(22/4) e Uberlândia (24/4).
Depois de analisadas e aprovadas, as sugestões da
consulta serão incluídas no documento final a ser entregue ao
presidente da Assembleia. Posteriormente, serão encaminhadas à
Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da ALMG, que
vai avaliar a pertinência e a possibilidade de inclusão no PL
2.215/08. As sugestões enviadas que tratam da educação no Estado,
mas não estão relacionadas ao plano decenal, serão encaminhadas
diretamente à Comissão de Educação para análise dos parlamentares.
Essas propostas poderão ser transformadas em requerimentos ou
audiências públicas da comissão, entre outras iniciativas da
comissão.
O Fórum Técnico sobre o Plano Decenal de Educação
está sendo realizado pela Assembleia a requerimento do deputado
Carlin Moura (PCdoB) e da ex-deputada Elisa Costa (PT), com a
participação do Governo do Estado e de entidades e movimentos
sociais ligados ao tema. Essa foi a primeira vez que o Legislativo
mineiro realizou uma consulta pública. Com tradição de ouvir os mais
diversos segmentos da sociedade, ao disponibilizar esse mecanismo de
participação, a Assembleia teve como objetivo ampliar a discussão
sobre um assunto que interfere diretamente na vida dos mineiros.
Plano Decenal - O PL
2.215/08 está tramitando na ALMG e será transformado na lei que vai
estabelecer a política educacional do Estado para os próximos dez
anos. O Plano Decenal de Educação de Minas Gerais está estruturado
em 11 temas: educação infantil; educação fundamental; ensino médio;
educação superior; educação de jovens e adultos; educação especial;
educação tecnológica e formação profissional; educação indígena,
educação do campo e quilombolas; formação e valorização dos
profissionais da educação; financiamento e gestão; e diálogos entre
as redes de ensino e sua interação.
Uma das metas que se repete em todos os temas é a
que visa à melhoria do desempenho dos alunos, a fim de que a
universalização da oferta seja acompanhada da qualidade do ensino.
Segundo a proposta original, a implementação das metas dependerá de
disponibilidade orçamentária e financeira. Para a maioria dos níveis
de educação, o governo planeja definir, em dois anos, os padrões de
atendimento da educação, abrangendo os aspectos relacionados à
infra-estrutura física, ao mobiliário e equipamento, aos recursos
didáticos, ao número de alunos por turma, à gestão escolar e aos
recursos humanos indispensáveis à oferta de uma educação de
qualidade.
Outra ação estratégica prevê, também em dois anos,
a definição das habilidades e competências a serem adquiridas pelos
alunos, bem como as metas a serem alcançadas pelos professores, a
cada ano escolar, de modo a garantir o progresso dos alunos. Há
também a previsão de um sistema de premiação para os professores em
função dos bons resultados.