Discussão de propostas para enfrentar a crise encerra ciclo de debates

As propostas para superar a crise econômica foram a tônica do último painel do Ciclo de Debates Minas Combate a Crise...

15/04/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Discussão de propostas para enfrentar a crise encerra ciclo de debates

As propostas para superar a crise econômica foram a tônica do último painel do Ciclo de Debates Minas Combate a Crise, realizado na tarde desta quarta-feira (15/4/09) no Expominas. As sugestões focaram, sobretudo, investimentos sociais e em infra-estrutura, o crédito e a necessidade de um novo pacto federativo. Ao encerrar o evento, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), salientou o acerto na realização dos debates e afirmou que o combate à crise terá prosseguimento na comissão extraordinária criada na ALMG para encontrar soluções que minimizem os impactos dessa conjuntura.

"Saímos mais conscientes da dimensão da crise, de suas peculiaridades e possibilidades", afirmou Alberto Pinto Coelho, defendendo uma postura pró-ativa na busca de alternativas. Ele salientou, entre as propostas apresentadas, a liberação de recursos do Somma (programa do Governo do Estado voltado para os municípios) retidos por decisão do Conselho Monetário Nacional, e a redução da taxa de juros cobradas dos Estados na amortização das dívidas com a União. "Apenas essas duas medidas representam a injeção de R$ 800 milhões nos cofres de Minas", justificou. O presidente agradeceu ainda aos parceiros na realização do evento: Governo do Estado, BDMG, jornal Estado de Minas, Diários Associados e Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

Secretário detalha ações do Governo do Estado

As ações em curso no Governo de Minas para combater a crise foram apresentadas pelo secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Sérgio Barroso. Apesar da redução de 75% na arrecadação nos três primeiros meses de 2009, em comparação com o mesmo período de 2008, ele garantiu que as obras e serviços voltados para a população não foram prejudicados. "O governo está presente junto aos empreendedores e acredita que a fase aguda do desaquecimento está passando", afirmou. Ele também garantiu que nenhum investimento privado anunciado para o Estado foi cancelado e que as consultas por empresários interessados em se instalar em Minas vêm sendo mantidas.

Barroso citou programas de apoio a micro e pequenas empresas - que têm quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas - e a cooperativas; as obras no aeroporto-indústria em Confins, com possibilidade de atração de empresas de alta tecnologia; a diversificação da pauta exportadora do Estado, através do Exportaminas; e os investimentos no Projeto Jaíba para torná-lo autônomo e auto-sustentável. Novos negócios também estão sendo buscados, envolvendo a viabilidade de gás natural no Sul de Minas, Vale do Aço e Triângulo; o estímulo a regiões menos desenvolvidas, a ampliação da Helibrás em Itajubá e até mesmo a implantação de um escritório de representação comercial na China.

De acordo com Barroso, o crescimento almejado pelo Estado se baseia nos pilares da responsabilidade fiscal, ambiental e social. "Vamos manter os R$ 11 bilhões de investimentos públicos previstos na proposta orçamentária", garantiu.

Revisão de norma federal é defendida pelo BDMG

A revisão de uma norma do Conselho Monetário Nacional, que limitou o crédito para o setor público em todo o País, foi apontada pelo presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Paulo Paiva, como uma fórmula de minimizar a crise nos municípios. Segundo ele, a medida foi adotada em 2001, como forma de prevenir o endividamento, e resultou em R$ 400 milhões do Somma retidos nos cofres do banco. "Minas Gerais tem esse patrimônio para investir nos municípios", ressaltou. Para Paiva, a crise terá que ser combatida com confiança, parceria, oportunidade e solidariedade.

Na área de infra-estrutura, o presidente do BDMG sugeriu o aporte de recursos do Estado na malha rodoviária federal, um segmento que multiplica os investimentos, com reflexos positivos no PIB. Ele justificou que, em Minas, 70% do transporte de cargas e passageiros se concentra em rodovias federais. Os recursos para investimento, porém, seriam remanejados da dívida paga pelo Estado. "Minas utiliza 13% da Receita Corrente Líquida (RCL) com o pagamento de dívidas à União. O Brasil tem superávit primário. É possível ter um acordo para o Governo Federal usar parte disso investindo nas rodovias federais em Minas", detalhou.

Como medidas de curto prazo, Paulo Paiva destacou, entre outras, a redução da taxa de juros da economia; a desoneração do setor produtivo associada à gestão mais eficiente do gasto público; e o estímulo à oferta de crédito também na rede privada. No ano passado, segundo ele, o BDMG criou produtos novos e se interiorizou, com foco nas empresas menores. O resultado foi um aporte de recursos 87% maior no primeiro trimestre de 2009 sobre o mesmo período de 2008.

Retomada da crise será lenta, prevê Wilson Brumer

Um novo modelo econômico, com conceitos diferentes, nascerá com a crise, na visão do presidente do Conselho de Administração da Usiminas, Wilson Nélio Brumer. Segundo ele, o dinheiro estava "fácil", mas os investidores agora serão mais exigentes e seletivos com os projetos, que deverão ter sustentabilidade. Esse cenário, lembra o executivo, requer discussões mais profundas: não só a reforma tributária, mas a complexidade tributária do País; não apenas a redução dos juros, mas uma redução forte para quebrar paradigmas. "Nossa auto-estima seria fortalecida, recuperaríamos a confiança dos consumidores e investidores", justifica.

Para Brumer, a saída da crise passa também pelas parcerias entre o Estado e a iniciativa privada. "O Estado não pode tudo. Cada estrada, presídio ou hospital construído precisa de manutenção amanhã. O que puder ser feito pela iniciativa privada deve ser feito", salienta. Ele citou como exemplo a união de estradas federais e estaduais em Minas, que viabilizaria, do ponto de vista econômico, a concessão à iniciativa privada. O novo papel do Estado, segundo o executivo, seria de promotor. Assim, reduziria o gasto com custeio para gastar mais com o cidadão.

Outro problema a ser enfrentado, segundo Brumer, é a falta de planejamento de longo prazo no Brasil. "Quando crescemos a 5%, faltou infra-estrutura", lembra. Para ele, é preciso ainda pensar o País de forma descentralizada. Por fim, o executivo da Usiminas afirmou que o cenário de crescimento zero previsto para o Brasil é o mesmo para o setor siderúrgico, um dos mais afetados pela crise e muito vinculado ao PIB.

Estados devem ser fortalecidos em novo pacto federativo

O deputado Sebastião Helvécio (PDT), coordenador da comissão extraordinária criada pela ALMG para debater a crise econômica, encerrou o ciclo de debates reivindicando um novo pacto federativo que resgate a importância dos governos estaduais no federalismo trino brasileiro. Ele salientou que os Estados foram o ente federado que mais perdeu recursos após a Constituição de 1988. E exemplificou que os impostos, de cuja arrecadação participam os Estados, perderam em importância, enquanto as contribuições, recolhidas pela União, cresceram. Por outro lado, 70% dos investimentos públicos são feitos por Estados e municípios.

O parlamentar fez um retrospecto do federalismo no mundo e no Brasil e afirmou ser desejável o confronto de interesse entre os entes federados. Sua proposta é de um estadualismo cooperativo, envolvendo ações no Legislativo, investimentos públicos, qualidade do gasto público e cooperação federativa. Uma das estratégias listadas por Helvécio seria a reestruturação e recomposição das dívidas estaduais com a União. Isso implicaria a redução de juros considerados por ele como absurdos e levaria a uma redução de R$ 400 milhões no valor pago por Minas Gerais.

O deputado listou ainda as contribuições da ALMG para o planejamento de Minas, como a criação do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) e o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), com ampla participação da sociedade e com a garantia de revisões periódicas. Participou também do painel o vice-presidente da Fiemg Edwaldo Almada.

 

 

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