Empresário defende reforma estrutural para combater a
crise
O presidente do Conselho de Administração do Grupo
Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, defendeu a realização de reformas
estruturais para que o Brasil possa vencer a crise, que, segundo
ele, evidencia as deficiências competitivas do País. O empresário
participou, nesta quarta-feira (15/4/09), do Ciclo de Debates
Minas Combate a Crise, organizado pela Assembleia Legislativa
de Minas Gerais em parceira com Governo do Estado, BDMG, Fiemg e
Diários Associados.
Entre as reformas defendidas por Johannpeter, estão
a redução da taxa básica de juros, a melhoria da infra-estrutura e
logística, a redução do spread bancário e o acesso facilitado
a créditos e financiamentos com linhas oficiais. "Nesse sentido, a
crise tem seu aspecto positivo, pois obriga a tomada de atitudes.
Tecnicamente é possível fazer, mas trata-se de uma condução
política", afirmou.
Ao defender a adoção do IVA, imposto que
substituiria o ICMS e outros tributos, ele lembrou que a França já
resolveu o problema há vários anos. "E no Brasil, a coisa se arrasta
sem solução". Gerdau ainda criticou a máquina pública, que para ele
é grande e ineficiente. "Outros países já fizeram o enxugamento e
adotaram uma gestão moderna e eficiente. Se isso fosse feito aqui,
30% do seu custo poderia ser reduzido de imediato", opinou.
Apesar de apontar as deficiências do País, o
empresário elogiou a postura do Banco Central e do Governo Federal
diante da crise. Segundo ele, foram medidas inteligentes e rápidas,
como a desoneração fiscal e a redução do IPI.
Fiat vai contratar em abril
A redução do IPI foi elogiada também pelo
diretor-presidente do grupo Fiat na América Latina, Cledorvino
Belini. A iniciativa, aliás, foi responsável pela recuperação da
indústria automobilística nacional em 2009. Em dezembro de 2007,
11.575 veículos eram vendidos diariamente no Brasil. Com a crise, as
vendas caíram a 8.320. O incentivo fiscal deu novo ânimo ao setor,
que chegou, em março, a 11.866 unidades vendidas em março.
Segundo Belini, com o mercado reaquecido, a Fiat
vai contratar em abril 742 trabalhadores. "O governo tomou medidas
ágeis, e os impactos da crise aqui serão menores que em outros
países. E ainda temos onde recorrer, os juros podem ficar mais
baixos, por exemplo", afirmou.
Ao ressaltar a importância da indústria
automobilística para a economia brasileira, o presidente da Fiat
informou que a cadeia produtiva ao redor do automóvel gera 3,6
milhões de empregos no País. O setor responde por 22% do PIB
industrial brasileiro e paga mais de R$ 3,2 bilhões por ano em
impostos.
Segundo Belini, a indústria nacional ainda pode
crescer, pois a proporção de automóveis por habitante é baixa,
comparando-se com outros países. "No Brasil há um carro para oito
pessoas; no México, um para cinco; na Europa, um para duas; e nos
Estados Unidos, um para cada 1,2 americano". Mas Belini também foi
realista. "O Brasil também precisa investir em infra-estrutura e
transporte de massa".
Agronegócio representa 35% do PIB mineiro
Depois de indagar o presidente da Fiat sobre onde
colocar tantos carros, o secretário de Estado de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Gilman Viana, apresentou um panorama do
setor agropecuário, que representa 35% do PIB de Minas.
Viana mostrou-se preocupado com a queda dos preços
médios das commodities, como carne, café e grãos, e ressaltou as
peculiaridades do setor. "Na agricultura, nem sempre vender
significa lucro. No primeiro trimestre deste ano, houve aumento de
vendas para o exterior, mas redução significativa dos ganhos. Para
piorar a situação, produtos agrícolas são caros de serem guardados.
Nem sempre é possível estocar", exemplificou.
O secretário aproveitou para apresentar ao público
e convidados um balanço das ações do governo em sua pasta. Entre as
iniciativas, estão os programas Certifica Minas, Minas Leite, Seguro
Rural e o Minas Carne, que reduziu significativamente o abate
clandestino no Estado.
|