Clélio Campolina defende planejamento para vencer a
crise
O planejamento governamental, a situação dos
trabalhadores e as expectativas da população sobre a economia foram
os principais temas abordados no painel Panorama de Minas
Gerais, no segundo e último dia do Ciclo de Debates Minas
Combate a Crise, nesta quarta-feira (15/4/09). A discussão
contou com o economista e professor da UFMG Clélio Campolina; o
presidente do Dieese, Tadeu Morais de Souza; e o sociólogo e diretor
do Instituto Vox Populi de Pesquisas, Marcos Coimbra. O evento é
realizado no Expominas, em Belo Horizonte, com promoção da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Governo do Estado, BDMG,
Fiemg e Diários Associados.
Campolina, que é diretor-presidente do Parque
Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), disse que a crise econômica
mundial reintroduziu o Estado na economia de forma abrupta, após um
longo período de hegemonia do chamado neoliberalismo. Mas esse
retorno, nas palavras do professor, ocorreu "sem planejamento, sem
clareza e no calor da hora". Campolina disse que a saída da crise
depende da combinação de medidas conjunturais e estruturais e, para
isso, é necessário planejar.
Na opinião do professor, Minas está bem nesse
aspecto por ter tradição de planejar e pelas ações do atual governo.
Sobre o Brasil, Campolina manifestou dúvidas. Ele deu como exemplos
de falta de planejamento o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) e o recente programa de habitação lançado pelo Governo
Federal. Nos dois casos, segundo ele, não houve articulação com
Estados e municípios e faltou considerar aspectos ambientais e
urbanos mais complexos.
Abertura - Antes de Clélio Campolina, falou o
vice-governador do Estado, Antônio Augusto Anastasia, naabertura dos trabalhos desta quarta. Ele garantiu a manutenção dos
investimentos já previstos em infraestrutura, mesmo diante da
redução da arrecadação do ICMS devido à crise. Em entrevista à
imprensa, o presidente da Assembleia, deputado Alberto Pinto Coelho
(PP), destacou que o Parlamento, por meio da Comissão Extraordinária
para o Enfrentamento da Crise Econômico-Financeira Internacional,
buscará colocar em prática as propostas apresentadas durante o ciclo
de debates, em parceria com os segmentos ligados à economia do
Estado.
Presidente do Dieese diz que trabalhador paga a
conta
Tadeu Morais de Souza deu ênfase aos efeitos da
crise sobre os trabalhadores, segundo ele, pouco presentes nas
análises sobre o assunto. "Na crise, quem está pagando todo o
prejuízo é o trabalhador. E o trabalhador é a principal figura da
economia", disse. O presidente do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou uma série
de dados, com destaque para o fechamento de 179 mil postos de
trabalho em Minas Gerais, de setembro a dezembro de 2008. Também
defendeu algumas medidas, entre elas a redução da jornada de
trabalho, como uma das formas de ampliar o emprego e superar a
crise. "Dinheiro no bolso do trabalhador gera riqueza para o País",
afirmou.
Pesquisa da Vox Populi confirma que não há pânico
sobre a crise na opinião pública
Marcos Coimbra apresentou uma pesquisa do Instituto
Vox Populi sobre a percepção da população mineira diante da crise.
Os dados do levantamento revelam que 87% dos cerca de 2 mil
entrevistados já ouviram falar da crise, mas, entre estes, 58%
acreditam que o Brasil será menos afetado que outros países. Oito
por cento são otimistas ao ponto de não acreditar em efeitos no
País. A pesquisa mostra, ainda, que cerca de dois terços dos
entrevistados não se preocupam ou se preocupam pouco com a crise, e
51% acham que a vida vai melhorar nos próximos seis meses.
De acordo com Marcos Coimbra, pesquisas de âmbito
nacional apresentam resultados semelhantes. Para ele, isso mostra
que a população brasileira está menos preocupada com a crise que a
de outros países, talvez por estar habituada a situações de
adversidade, como as vividas ao longo de duas décadas de
hiperinflação. "Não há pânico sobre a crise na opinião pública",
disse.
O Ciclo de Debates Minas Combate a Crise
prossegue à tarde com análises setoriais da economia e a discussão
de propostas para superar o atual momento econômico. Confira
hotsite sobre o evento.
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