ALMG celebra Dom Helder Câmara e a luta pelos direitos humanos

Considerado um ícone da luta pelos direitos humanos, Dom Helder Câmara foi lembrado nesta segunda-feira (13/4/09) pel...

13/04/2009 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

ALMG celebra Dom Helder Câmara e a luta pelos direitos humanos

Considerado um ícone da luta pelos direitos humanos, Dom Helder Câmara foi lembrado nesta segunda-feira (13/4/09) pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais com Reunião Especial no Plenário, em comemoração do centenário de seu nascimento. Também foram homenageados pessoas, entidades, órgãos e instituições que têm se destacado na defesa dos direitos humanos. O autor do requerimento para a reunião e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, deputado Durval Ângelo (PT), salientou que Dom Helder foi "um desbravador", que abriu o caminho para todos que hoje lutam pelos direitos humanos.

De acordo com o parlamentar, Dom Helder tinha as características de quem atingiu a grandeza da alma: "sem perder a doçura e leveza, foi de uma força descomunal, de imensa coragem e determinação na defesa dos oprimidos e perseguidos, dos injustiçados e abandonados." Já o diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara, padre Paulo Umberto Stumpf, salientou a sensibilidade do homenageado para se deixar afetar pela presença do outro, pelo rosto humano. Descrevendo Dom Helder como um homem franzino, de baixa estatura e de uma eloqüente oratória que o agigantava, Stumpf o comparou a outros grandes líderes mundiais como Gandhi, Luther King, Dalai Lama, Nelson Mandela e Teresa de Calcutá.

Ditadura - Os oradores citaram também a atuação de Dom Helder durante o período da ditadura militar no Brasil. De acordo com Paulo Stumpf, ele foi a primeira pessoa a proclamar, internacionalmente, que havia perseguidos políticos no Brasil e aceitou a insegurança como situação permanente da vida. "E como o regime não o podia atingir diretamente, atingia pessoas próximas a ele e até familiares", apontou. Ainda assim, segundo o diretor, Dom Helder se referia aos militares da ditadura como "meus queridos irmãos equivocados". O padre classificou a homenagem da ALMG como um desagravo a Dom Helder Câmara que, assim como outros perseguidos políticos, foi proibido pela ditadura de falar em casas legislativas.

"Em tempos nos quais os direitos humanos foram banalizados e violados sistematicamente, deu demonstração de que viver o Evangelho, ter compromisso com Cristo, ser discípulo e discípula de Jesus é, acima de tudo, defender os direitos humanos", completou Durval Ângelo. Na visão do parlamentar, assim como Dom Helder era acusado de proteger subversivos e terroristas, os que lutam hoje pelos direitos humanos enfrentam obstáculos semelhantes, sendo acusados de defender bandidos.

Obras de Dom Helder comprovam sua capacidade intelectual

Nascido em Fortaleza (CE), em 7 de fevereiro de 1909, Dom Helder faleceu aos 90 anos, no Recife (PE), em 27 de agosto de 1999. Citando a biografia e a obra do homenageado, Paulo Stumpf salientou que ele foi membro de 41 organizações internacionais e cinco nacionais; escreveu 23 livros sobre temas da paz e da justiça, 19 deles traduzidos para 16 idiomas; escreveu ainda centenas de discursos proferidos em todo o mundo, inclusive na ONU; recebeu 716 títulos de homenagem e condecorações no Brasil e exterior, 30 títulos de cidadão honorário e 32 de Doutor Honoris Causa; foi homenageado com 25 Prêmios da Paz e indicado cinco vezes ao Nobel da Paz. "E só não recebeu porque o governo Médici articulou para impedi-lo", completou o padre.

Ainda hoje, de acordo com o diretor da Escola Superior, Dom Helder continua a inspirar livros, artigos, teses de doutorado, dissertação de mestrado, obras sociais e religiosas. Zildo Rocha, do Instituto Dom Helder Câmara do Recife (PE), acrescentou que serão lançados naquela cidade, nesta terça-feira (14), seis volumes iniciais de cartas de Dom Helder, reunindo 600 correspondências.

Homenagens - Além do Instituto do Recife e da Escola Superior Dom Helder Câmara, receberam a homenagem da ALMG o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (padre José Ernanne Pinheiro); a Subsecretaria de Estado de Direitos Humanos (subsecretário João Batista de Oliveira); o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público de Minas Gerais (promotor Rodrigo Filgueira); a Escola Desembargador Edésio Fernandes do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (desembargador Reynaldo Ximenes Carneiro); o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (Helena Greco, representada por Marília Greco); o Grupo Vhiver (Valdecir Fernandes Buzon); o Grupo de Amigos e Parentes de Pessoas em Privação de Liberdade (Virgílio Antônio da Cunha Mattos); o Vicariato Episcopal para Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte (padre Ademir Ragazzi); a Convenção Batista Mineira - Comitê da Ação Social da Igreja Batista (Rosilene Nazar); o Projeto Novos Rumos da Execução Penal do TJMG (desembargador Joaquim Alves de Andrade); e a família de Dom Helder Câmara, representada por Valdênia de Carvalho.

O presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), saudou os homenageados pela luta em defesa dos direitos humanos. Além dos citados, participaram da mesa da solenidade o deputado Carlos Gomes (PT), o vereador de Belo Horizonte Adriano Ventura (PT), o vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), José Antonino Baia Borges; o procurador Antônio Olímpio Nogueira, o vice-presidente da OAB-MG, Luís Cláudio da Silva Chaves, e o presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), Nelson Missias de Morais. Durval Ângelo leu ainda correspondência do prefeito de BH, Márcio Lacerda. Apresentaram-se na reunião o cantor e compositor Pereira da Viola e o Coral da Igreja de Nossa Senhora das Dores, de Contagem.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

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