Justiça deve decidir em breve sobre cobrança retroativa pela Copasa

A Defensoria Pública de Ipatinga (Vale do Aço) aguarda para os próximos dias decisão da Justiça sobre a cobrança retr...

07/04/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Justiça deve decidir em breve sobre cobrança retroativa pela Copasa

A Defensoria Pública de Ipatinga (Vale do Aço) aguarda para os próximos dias decisão da Justiça sobre a cobrança retroativa, pela Copasa, de contas vencidas há dez anos ou mais. A informação foi repassada pelo defensor Rafael Boechat à Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (7/4/09). Enquanto esperam a posição do Judiciário, os deputados pretendem intermediar nova rodada de negociações entre Copasa e Defensoria, que questiona a proposta de acordo feita pela empresa em fevereiro. Este é o resultado da reunião da comissão, que busca contribuir para resolver o impasse.

Uma ação civil pública foi formulada pela Defensoria em maio de 2008, depois de analisar centenas de casos de consumidores que não aceitavam a cobrança retroativa da tarifa de coleta de esgoto pela Copasa. A Defensoria questiona na Justiça o porquê disso não ter sido feito no momento adequado. A média de cada cobrança seria de R$ 4 mil, segundo Boechat, com débitos variando de R$ 1,5 mil a R$ 15 mil. A Copasa chegou a realizar tamponamentos por causa das dívidas não pagas, obstruindo a rede de esgoto de alguns usuários, o que provocou indignação na comunidade e reação da Defensoria. Graças a liminar, essa medida teve que ser suspensa. A ação, que tramita na Vara da Fazenda Pública, abarcaria mais de 6 mil unidades consumidoras.

Anistia - A deputada Rosângela Reis (PV), que pediu a reunião desta terça (7) e tem acompanhado o assunto, voltou a apelar para o entendimento. "As famílias, que são carentes, querem pagar suas dívidas, mas não têm condições", enfatizou a parlamentar, que reivindicou um parcelamento acessível ou mesmo a anistia do que chamou de "contas desenterradas". Ela informou que o caso de Ipatinga não seria único e que, segundo o deputado Délio Malheiros (PV), haveria problemas semelhantes no Vale do Jequitinhonha.

O presidente da comissão, deputado Adalclever Lopes (PMDB), lamentou as ausências da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana e do presidente da Copasa ou de "representante com poder resolutivo". Na avaliação do parlamentar, a prefeitura deve fiscalizar o cumprimento do acordo de concessão firmado com a empresa, que precisa oferecer um serviço de qualidade, universal e contínuo, acrescentou.

Copasa dá sua explicação, mas Defensoria critica proposta do acordo

A advogada da Copasa Márcia Trigueiro, que cuida do processo na Justiça, disse que a empresa quer o entendimento. Ela falou sobre a proposta de acordo apresentada à Defensoria em fevereiro deste ano. A companhia oferece o parcelamento de um ano de débito em 24 meses ou em 48 vezes, no caso dos usuários que pagam tarifa social por causa do baixo consumo, com a renegociação do volume restante. Não aceita, porém, incluir no acordo as pessoas jurídicas, pois entende que esse segmento não deveria estar amparado pela Defensoria. Segundo a advogada, no rol dos devedores estão postos de gasolina, hotéis e indústrias, com débitos que chegam a R$ 70 mil.

Rafael Boechat questionou trecho da proposta da Copasa de que o acordo somente produziria efeitos para pobres classificados assim segundo cadastro da prefeitura de Ipatinga. Sobre o tema, ele enfatizou que é um equívoco enxergar o defensor como "advogado de pobre", afirmando que a missão constitucional do órgão é o bem-estar da sociedade e, para isso, não diferencia pobres ou ricos. Afirmou que a Defensoria desconhece o cadastro da prefeitura e, se ele existe, não participou de sua elaboração. Boechat pontuou que a ação civil pública, "a grande arma dos direitos difusos e coletivos, como os do consumidor", terá efeitos amplos, caso a Justiça decida favoravelmente.

O procurador da Copasa Adlei Duarte de Carvalho avaliou que a situação de Ipatinga é diferente das demais cidades. "Havia uma cultura de não pagamento da tarifa de esgoto, o que acabou gerando esse déficit", opinou. Segundo informações da Copasa, antes da década de 80 (período em que foi assinado o contrato de concessão), o serviço de coleta de esgoto cabia à prefeitura - que não cobrava por isso. Quando a Copasa assumiu o encargo, passou a taxá-lo. Respondendo à indagação da cobrança retroativa em momento indevido, a companhia esclareceu, em entrevista à imprensa, que sempre encaminhou aos usuários avisos sobre os débitos.

Palavra dos vereadores - Três vereadores de Ipatinga participaram da reunião e, assim como a deputada Rosângela Reis, defenderam o entendimento e também propuseram a anistia dos débitos em determinado período. Falaram Maria do Amparo Maia Araújo, que reivindicou o perdão da dívida dos últimos cinco anos; Roberto Carlos Muniz e César Custódio.

Presenças - Deputados Adalclever Lopes (PMDB), presidente, e Padre João (PT) e a deputada Rosângela Reis (PV). Também participaram da reunião o procurador jurídico da Copasa, Frederico Freitas, e a defensora Ana Paula Coutinho Souza, da área de defesa do consumidor do Núcleo Belo Horizonte.

 

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