Assembleia faz homenagem a 100 anos de Dom
Helder
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais vai
celebrar, em Reunião Especial, os 100 anos de nascimento de Dom
Helder Câmara, um dos maiores defensores dos direitos humanos no
País, fundador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e
inspirador da Teologia da Libertação. A solenidade será no dia 13 de
abril, às 20 horas, no Plenário da ALMG. Antes, às 19 horas, no
Salão Nobre, haverá entrega de placas a representantes de
instituições com atuação na área de direitos humanos. Outra placa
será entregue no Plenário ao diretor da Escola Superior Dom Helder
Câmara, padre Paulo Umberto Stumpf. O autor do requerimento para a
reunião é o deputado Durval Ângelo (PT), para quem Dom Helder marcou
sua vida pela "contribuição inesquecível na defesa dos direitos
fundamentais".
No Salão Nobre, receberão placas o Centro Nacional
de Fé e Política Dom Helder Câmara, a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social, o Ministério Público de Minas Gerais, a
Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes, o Instituto Helena
Greco, o Centro Vhiver, o Grupo de Amigos e Parentes de Pessoas em
Privação de Liberdade, o Vicariato Episcopal para Ação Social e
Política da Arquidiocese de Belo Horizonte, a Convenção Batista
Mineira, o Projeto Novos Rumos da Execução Penal, o Instituto Dom
Helder Câmara de Recife (PE) e o seminarista Geilson Cajui Laureano,
que representará a família de Dom Helder e a Arquidiocese de
Fortaleza (CE).
A Reunião Especial terá, ainda, exibição de vídeo e
apresentações artísticas, entre elas a do músico Pereira da Viola e
a do Coral da Igreja Nossa Senhora das Dores de Contagem.
Indicado ao Nobel
Helder Pessoa Câmara nasceu em 7 de fevereiro de
1909, em Fortaleza. Estudou no Seminário São José, na capital
cearense, e foi ordenado padre em 1931. Cinco anos depois,
transferiu-se para o Rio de Janeiro. Em 1952, foi nomeado bispo e
tornou-se um dos fundadores da CNBB, com apoio do amigo e então
subsecretário do Vaticano monsenhor Giovanni Battista Montini,
futuro papa Paulo VI. Foi, também, o primeiro secretário-geral da
entidade. Três anos depois, ajudou a fundar a Conferência do
Episcopado Latino-Americano (Celam). Em 1964, foi nomeado arcebispo
de Olinda e Recife (PE).
Defensor da opção da Igreja pelos pobres, Dom
Helder participou, entre 1962 e 1965, do Concílio Vaticano II, que
rompeu com diversas tradições católicas e inspirou a Teologia da
Libertação. Durante a ditadura no Brasil (1964-1985), Dom Helder
defendeu perseguidos políticos e denunciou a violação dos direitos
humanos pelos militares. Ganhou a antipatia do regime, que o tachou
de "arcebispo vermelho", por seu suposto comunismo, e chegou a
proibir a menção a seu nome nos meios de comunicação.
Dom Helder foi indicado quatro vezes ao Prêmio
Nobel da Paz, entre 1970 e 1973. Escreveu 23 livros, 19 dos quais
traduzidos para outros idiomas, e recebeu 716 títulos de homenagem e
condecorações, entre os quais 32 títulos de Doutor Honoris Causa e
30 de Cidadão Honorário, inclusive de Belo Horizonte, em 1990.
Morreu aos 90 anos de idade, em 27 de agosto de 1999, em
Recife.
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