Arrecadação de ICMS no 1º trimestre é 13% menor que o previsto

Nos primeiros três meses de 2009, o Governo de Minas arrecadou 12,9% a menos de ICMS do que previa para o período. A ...

01/04/2009 - 00:04
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Arrecadação de ICMS no 1º trimestre é 13% menor que o previsto

Nos primeiros três meses de 2009, o Governo de Minas arrecadou 12,9% a menos de ICMS do que previa para o período. A receita foi de R$ 4,93 bilhões, enquanto o previsto era R$ 5,66 bilhões. O valor também é 6,5% menor que o ICMS arrecadado no mesmo período de 2008. Os números foram revelados pelo secretário adjunto de Estado da Fazenda, Leonardo Colombini, durante reunião realizada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária nesta quarta-feira (1º/4/09).

O objetivo da audiência realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi ouvir representantes do governo sobre o impacto da crise internacional nas finanças do Estado e debater o cumprimento das metas fiscais de 2008. A reunião foi realizada a requerimento do presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), e do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT). O debate sobre a crise mundial também será tema do Ciclo de Debates Minas Combate a Crise, promovido pela Assembleia no Expominas, em Belo Horizonte, nos dias 14 e 15/4/09.

Os números exibidos pela Secretaria da Fazenda mostram que o Estado vem sendo prejudicado pela crise internacional em uma intensidade maior do que a média nacional. De acordo com os dados, a produção industrial do Brasil teve uma queda de 17,2% de janeiro de 2008 para janeiro de 2009. No mesmo período, a queda da produção mineira foi quase o dobro: 28,9%. Um dos setores mais prejudicados é o da indústria extrativa, em que Minas se destaca. A taxa de crescimento industrial desse setor, entre janeiro de 2008 e janeiro de 2009, foi de 1,5% no Brasil. No Estado, a taxa foi negativa em 5,3%.

Quando se verifica a evolução da arrecadação desde outubro, quando começou a crise, o contraste é ainda maior. O setor siderúrgico contribuiu com R$ 103,9 milhões de ICMS em outubro de 2008. Em março de 2009, o mesmo setor contribuiu com apenas R$ 37,4 milhões. O impacto só não é tão grave porque o setor representa 5% da arrecadação total, menos que setores como a comunicação, por exemplo. Segundo Leonardo Colombini, o problema é que Minas vinha crescendo mais que a média nacional, na época de bonança. Com a crise, o impacto também foi maior no Estado, que tem uma economia fortemente baseada em exportações.

O Fundo de Participação dos Estados (FPE), que se refere aos repasses federais para os estados, também sofreu com a queda na arrecadação. Entre janeiro e março de 2007, Minas recebeu R$ 398 milhões da União. No mesmo período de 2008, o crescimento foi de 33,2%, um recorde, e o FPE atingiu R$ 530 milhões. Já nos primeiros três meses de 2009, veio uma queda de 5,3%, e o repasse do FPE foi de R$ 502 milhões.

Investimentos estão mantidos, mas situação pode mudar

Apesar da queda na arrecadação, o secretário adjunto Leonardo Colombini afirmou que, por enquanto, o Estado ainda mantém a previsão de investimentos, com uma postergação dos gastos para meses posteriores de 2009. Da mesma forma, a previsão é de que os gastos com a folha de pessoal não ultrapassem o limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. No entanto, se a queda da receita continuar no ritmo atual, Colombini admitiu que pode haver reflexos nos investimentos, inclusive na área de pessoal. Ele previu que o Estado, possivelmente, ultrapasse o limite prudencial de gasto com a folha de pagamento, o que traria limitações para o governo. "Por isso, o Estado considera a possibilidade de não nomear concursados e não conceder reajustes salariais", declarou Colombini.

Respondendo a questionamentos do deputado Adelmo Leão, o secretário adjunto afirmou que a crise não afetará a construção da Cidade Administrativa, estrutura que abrigará a maioria dos órgãos executivos estaduais na Região Norte de Belo Horizonte. "Os recursos já estão alocados. A Cidade Administrativa será concluída este ano e já se prevê a transferência de algumas secretarias em dezembro", afirmou.

O deputado Adelmo Leão questionou se a política econômica adotada pelo Estado não contribuiu para a crise, ao repetir pressupostos adotados em nível internacional. "O Estado cresceu muito e o governo atribuiu isso a seus esforços. E agora que veio a crise, ela é conseqüência apenas da crise internacional?", questionou. Outros deputados, como Juarez Távora (PV), aplaudiram a precocidade das medidas de enfrentamento da crise determinadas pelo Estado.

Leonardo Colombini listou, entre as medidas de enfrentamento adotadas, a prorrogação do prazo de recolhimento do ICMS; revisão dos valores da tabela do IPVA de 2009; prorrogação para 2009 de benefícios fiscais; novas possibilidades de transferência de créditos fiscais para quitação de débitos de ICMS; capitalização de fundos de financiamento para aquisição de equipamentos industriais e para micro e pequenas empresas.

Juros cobrados dos Estados pela União são criticados

Com relação ao cumprimento das metas fiscais de 2008, outro tema da reunião realizada nesta terça-feira (1o), o ponto mais polêmico foram os juros cobrados pela União sobre as dívidas contraídas pelos Estados. "Esta é a grande questão para os Estados. Eles estão corrigindo suas dívidas (com a União) muito acima da taxa Selic", afirmou o secretário adjunto Leonardo Colombini. Até mesmo essa dívida já vem sendo agravada pela crise internacional. É que ela provocou uma elevação do IGP-DI, índice inflacionário que serve de base para a correção da dívida. Com isso, a dívida mineira passou de R$ 44 bilhões em 2008 para R$ 51,5 bilhões em 2009. Ela é corrigida pelo IGP-DI, mais uma taxa de juros fixa de pouco mais de 7%. Em 2009, a correção total superou os 16%, taxa considerada "escorchante" por alguns dos deputados presentes.

O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira, deputado Zé Maia (PSDB), foi autor das críticas mais contundentes. "A União é o maior agiota do mundo", criticou. O deputado Adelmo Leão chamou atenção para o fato de que a negociação da dívida dos Estados com a União não foi feita agora, e cobrou mais detalhamentos dos números apresentados pelo Governo Estadual. "Não podemos aqui condenar a União sem analisarmos detalhadamente esses dados", afirmou o parlamentar.

O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) concordou que a negociação não é de agora, mas argumentou que os índices de inflação eram maiores naquela época. "Agora a inflação caiu e o Governo Federal se recusa a baixar os juros cobrados sobre a dívida", afirmou o parlamentar. Carlin Moura (PCdoB) disse estar alarmado com o fato de a dívida consolidada ser de R$ 51,5 bilhões, "quase o dobro" dos R$ 29 bilhões da receita de 2008.

Juarez Távora, por sua vez, aplaudiu o fato de o governo ter conseguido reduzir consideravelmente a margem de endividamento do Estado, mesmo com o crescimento da dívida. Em 2008, Minas pagou R$ 2,54 bilhões de juros sobre a dívida com a União. Foram amortizados R$ 529 milhões da dívida total. A Receita Corrente Líquida foi de R$ 29,2 bilhões, um crescimento de 75% em relação a 2004. Crescimento semelhante ocorreu com a arrecadação de ICMS, que passou de R$ 12,9 bilhões, em 2004, para R$ 22,54 bilhões, em 2008.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente da comissão; Jayro Lessa (DEM), vice; Adelmo Carneiro Leão (PT), Inácio Franco (PV), Juarez Távora (PV), Lafayette de Andrada (PSDB) e Carlin Moura (PCdoB). Também participaram da reunião o diretor da Superintendência Central de Planejamento e Programação Orçamentária da SEF, André Abreu Reis; o assessor da Superintendência Central de Contadoria Geral, Antônio Donizete Rosa; o assessor da SEF, Flávio Riani; a assessora da Secretaria Adjunta de Estado da Fazenda, Silvana Mendonça de Andrade; e a diretora central de Gestão Fiscal, Maria Rita de Carvalho Rocha.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715