Agentes penitenciários pedem suspensão da demissões de temporários

Um grupo formado por aproximadamente 800 agentes penitenciários temporários do Estado esteve na Assembleia Legislativ...

01/04/2009 - 00:04
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Agentes penitenciários pedem suspensão da demissões de temporários

Um grupo formado por aproximadamente 800 agentes penitenciários temporários do Estado esteve na Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta quarta-feira (1o/4/09) para reivindicar providências do poder público quanto à previsão de demissão de 1.250 servidores, a serem substituídos por aprovados no concurso público da categoria realizado em 2007. Os deputados da Comissão de Direitos Humanos receberam alguns desses agentes e, em audiência pública requerida pelo deputado Ruy Muniz (DEM), ouviram a situação dos servidores, que pretendem entrar com pedido de liminar na Justiça, em parceria com a Defensoria Pública, para que as demissões sejam suspensas.

De acordo com o agente penitenciário Ronan Rodrigues da Silva, as demissões estão acontecendo e o contrato de trabalho não prevê nenhum acordo ou indenização trabalhista. Ele explicou que o quadro está defasado, o que justificaria a manutenção dos agentes, e que será necessário resolver a situação de servidores que estariam afastados e sem receber salário. O agente Fabiano Ferreira Pessoa, que também falou em nome do grupo, disse que as condições de trabalho são precárias, com o corte do auxílio-alimentação, a superlotação prisional e a falta de capacitação e equipamentos básicos de trabalho. "É preciso dividir essa responsabilidade com o poder público. Queremos dar um basta nessa situação e fazer com que as demissões sejam suspensas", reivindicou. Na reunião, os agentes anunciaram uma passeata até o Palácio da Liberdade e a Praça da Estação para sensibilizar as autoridades.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), lembrou que a situação foi criada pelo próprio Estado, que contrata servidores sem concurso público para criar uma relação trabalhista frágil e aberta a indicações políticas. Ele lembra que a autonomia para a elaboração de projetos dessa natureza é privativa do Poder Executivo e que é preciso vontade política.

O deputado Ruy Muniz concordou com os agentes e entendeu que é possível manter os servidores contratados, mesmo com a efetivação dos concursados. Para ele, os novos agentes assumiriam os cargos ociosos, resolvendo a questão da defasagem do quadro, e os temporários seriam capacitados e preparados até que novos concursos públicos fossem realizados.

Contrato de trabalho seria unilateral e irregular

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) afirmou que o contrato firmado entre o governo e os agentes é unilateral e não respeita nem mesmo os direitos trabalhistas dos servidores. Segundo ele, o principal foco das reivindicações é suspender as demissões e, para isso, pediu a sensibilização do governo para que os postos de trabalho sejam mantidos e para que o Ministério Público não tenha a frieza de cobrar a retirada dos agentes. "É preciso pensar na dignidade da pessoa humana. Tenho certeza de que dá para manter e efetivar aos poucos". O deputado ofereceu também apoio na elaboração de ações judiciais que garantam os direitos trabalhistas dos servidores. O deputado Antônio Genaro (PSC) fez coro às palavras de Rodrigues e se disse indignado com a demissão de tantas pessoas em um momento de crise, quando os empregos estão cada vez mais escassos.

Defensoria Pública quer avaliar contratos para tomar providências

A comissão se reuniu no período da tarde, motivada pelos debates da manhã, com o coordenador de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, Gustavo Corgosinho, e representantes dos agentes penitenciários. A intenção foi expor a questão dos servidores contratados e solicitar apoio e orientações legais para que a situação das demissões seja revertida.

De acordo com o defensor, seria prematuro e irresponsável emitir um parecer sobre o caso sem um estudo detalhado sobre os contratos dos cerca de 11 mil agentes temporários que compõem o atual quadro funcional do Estado. Para ele, será necessário avaliar as possibilidades e as medidas judiciais cabíveis em termos individuais e coletivos. "Temos que trabalhar os casos específicos e os reflexos da precariedade dos contratos", disse.

O deputado Durval Ângelo afirmou que a idéia é conseguir uma solução intermediária, que permita a manutenção dos postos de trabalho e a recondução dos demitidos, para que os agentes tenham tempo de buscar uma nova ocupação e busquem seus direitos na Justiça. "O contrato é extremamente precário e só determina obrigações aos servidores. Precisamos definir uma medida judicial que, baseada no interesse público e na falta de critério para as demissões, reverta, mesmo que temporariamente, a situação", salientou.

Projeto de lei - O deputado Sargento Rodrigues lembrou que tramita na Assembleia o PL 2.578/08, do governador, que dispõe sobre a contratação de servidor por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Segundo o parlamentar, a proposição, que está na pauta de votação da Comissão de Administração Pública, traz avanços na relação do Estado com os trabalhadores, tais como a inclusão dos direitos a férias, 13o salário, licença-maternidade, pagamento de horas-extras e demissão mediante processo administrativo que garanta ampla despesa. "É preciso que a Defensoria Pública faça o contraponto à letra fria com a qual trabalha o Ministério Público", disse. Para ele, é possível efetivar os novos concursados sem, com isso, demitir os contratados. "Vamos buscar na Justiça o que for possível para reverter a situação". O deputado apresentou ainda um processo julgado favoravelmente pelo Tribunal de Justiça, de um servidor na mesma situação dos agentes penitenciários.

Requerimentos - Foram aprovados na reunião requerimentos de autoria do deputado Ruy Muniz, para a realização de audiência pública com o secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Jr., para que os agentes possam expor sua situação; e outros dois de autoria do deputado Durval Ângelo, pedindo o encaminhamento ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Ministério Público Federal de cópias de contracheques de agentes, que estariam afastados sem receber salário e mesmo assim estariam tendo desconto dacontribuição previdenciária.

Audiências públicas são aprovadas no interior

Na reunião, foram aprovados ainda diversos requerimentos, que versam sobre a realização de audiências públicas e pedidos de providências. O deputado Adalclever Lopes (PMDB) solicitou a realização de audiência em Cachoeira do Pajeú (Vale do Jequitinhonha), para debater as denúncias de supostas violações de direitos humanos contra servidores públicos daquele município. Os deputados Weliton Prado e Almir Paraca, ambos do PT, pedem audiência pública para discutir a situação de presos em Buritis (Noroeste de Minas), que teriam sido transferidos em decorrência de obras no estabelecimento prisional do município e não retornaram ao final da reforma. O deputado Durval Ângelo também teve requerimentos aprovados, para a realização de audiência pública em Caxambu (Sul de Minas), para apurar denúncia de crimes de tortura cometidos por policiais militares; e para a realização de debate público em comemoração aos 20 anos de criação do Dia Internacional de Combate à Homofobia.

Sobre o caso da morte do oficial de Justiça Bernardo Mendonça Tabet, ocorrida em 2007, foram aprovados requerimentos, todos do deputado Durval Ângelo, com pedidos de providências. Ele pede envio de ofício à Corregedoria de Justiça e ao Conselho Nacional de Justiça, para a apuração de denúncias recebidas pela comissão, de que estaria ocorrendo tráfico de influência no julgamento do processo de assassinato. Ele também solicita envio de gravações autorizadas pela Justiça à Corregedoria da Polícia Civil, de conversas telefônicas que comprovariam o envolvimento de delegados no suposto tráfico de influências; o encaminhamento das gravações à Corregedoria da Polícia Militar; pede providências à Promotoria do Trabalho e à Polícia Federal, quanto a denúncias de sonegação fiscal por parte de exportadores de café, suspeitos de serem os mandantes do assassinato do oficial; e ofícios à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Corregedoria do Ministério Público e ao gabinete do governador do Estado, para que se posicionem sobre as denúncias de tráfico de influências, que envolveriam servidores desses órgãos.

Denúncias - O deputado Durval Ângelo teve ainda aprovados requerimentos motivados por outras denúncias feitas na reunião. Sobre a suposta agressão de policiais militares contra o trabalhador da construção civil Rafael de Jesus Silva no canteiro de obras do hospital da Unimed, no último dia 23 de março, o parlamentar pediu o envio de ofício à Corregedoria da Polícia Militar, ao Ministério do Trabalho, à Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público e à Unimed para apuração do caso e providências.

Sobre a denúncia de suposta ação de constrangimento da mineradora Vale contra moradores da cidade de Itabira, que estariam sendo forçados a venderem e deixarem suas casas, a preços estabelecidos pela empresa, o deputado solicitou a realização de audiência pública na Câmara Municipal para discutir o problema; e o envio de cópia à Polícia Militar da Lei Estadual 13.053, de 1998, que torna obrigatória a comunicação às autoridades, entre elas as de direitos humanos, da requisição de força policial nos casos de reintegração de posse. O requerimento questiona ainda quando a comissão será convidada para discutir o assunto, conforme prevê a norma.

Finalmente, foram aprovados outras quatro proposições que dispensam a apreciação do Plenário da Assembleia.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Antônio Genaro (PSC), vice; Ruy Muniz (DEM); Vanderlei Miranda (PMDB); Gláucia Brandão (PPS); Maria Lúcia Mendonça (DEM); e Sargento Rodrigues (PDT).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715