Norte de Minas pede prioridade para formação de professores

Um plano que dê destaque ao ensino superior, como forma de preparar melhor os professores que irão atuar no ensino fu...

31/03/2009 - 00:05
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Norte de Minas pede prioridade para formação de professores

Um plano que dê destaque ao ensino superior, como forma de preparar melhor os professores que irão atuar no ensino fundamental, foi a principal recomendação dos participantes do encontro regional do Fórum Técnico Plano Decenal de Educação em Minas Gerais: Desafios da Política Estadual, realizado nesta terça-feira (31/3/09) em Montes Claros (Norte de Minas). O evento é promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais em parceria com mais de 20 entidades. Na terra de Darcy Ribeiro, uma de suas frases foi insistentemente repetida: "só existe uma forma de mudar o País - levar a educação a sério". O encontro foi o segundo realizado no interior. Nesta quinta-feira (2/4), é a vez de Governador Valadares (Vale do Rio Doce).

A polêmica maior em Montes Claros, que opõe Secretaria de Estado de Educação e entidades de classe de professores e estudantes, ficou por conta da divergência de visão sobre a fase de elaboração do Plano Decenal. O deputado Carlin Moura (PCdoB), autor do requerimento para a realização do Fórum Técnico, criticou a forma de elaboração do Projeto de Lei (PL) 2.215/08, que contém o Plano Decenal. Para ele, trata-se de um plano de gabinete, em que as entidades não foram chamadas a opinar.

O mesmo discurso foi feito pelo representante do Sindicato dos Professores (Sinpro-MG), Gilson dos Reis, para quem a elaboração do Plano Decenal se deu com pouca participação. Ele criticou o fato de o plano não contemplar um dos principais problemas, que é o financiamento da educação. Gilson dos Reis disse que todos os demais enfoques da educação, como melhoria de salários, implantação de laboratórios e bibliotecas, reforma da rede física, não acontecem sem novos investimentos. "Precisamos fazer como a Coréia do Sul, que destina 10% de seu PIB para a educação, enquanto no Brasil este percentual é de 3,4%", afirmou.

Falando do movimento criado pelas entidades de professores e estudantes em outubro do ano passado - "Educação que temos, educação que queremos" -, Gilson dos Reis apontou como principais falhas do projeto do Plano Decenal a inexistência de ações que valorizem a educação no campo e de povos tradicionais como quilombolas e indígenas; a concentração das escolas-referência na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Triângulo Mineiro e Sul de Minas; a falta de uma política para o ensino técnico; e a não implantação do piso salarial nacional para os professores, de R$ 1.082,00. Ele criticou ainda o baixo investimento em universidades estaduais. "A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) é importante, mas é muito pequena", acrescentou.

Unimontes contesta Sindicato dos Professores

Coube ao reitor da Unimontes, Paulo César Almeida, contestar grande parte do pronunciamento do representante do Sinpro. Para Almeida, a Unimontes não é pequena e tem dado sua colaboração para a educação do Estado, fazendo pesquisa e ciência. O reitor disse ainda que a Unimontes não procura aplausos, mas sim colaborar com a efetiva melhoria do plano.

"Temos mais de 250 projetos de pesquisa em andamento. A Unimontes é classificada pelo Ministério da Educação como uma das melhores do País e está transformando o Norte de Minas", afirmou Almeida. Demonstrando seu descontentamento com o pronunciamento do representante do Sinpro, o reitor da Unimontes disse que a construção do Plano Decenal tem que ser responsabilidade de todos os segmentos. "Criticar é fácil, difícil é fazer", arrematou.

Paulo César Almeida reconheceu a estreita relação entre a educação superior e o ensino básico. Ele disse que é preciso reformular currículos para adequá-los às novas exigências, bem como mudar atitudes, passos tão importantes como estabelecer metas no Plano Decenal, na sua opinião.

Analisando o projeto do Plano Decenal, Paulo César Almeida disse que é preciso discutir mais as metas para a educação infantil e para a formação de professores. Ele defendeu ainda que é preciso implantar os cursos superiores de tecnologia, com duração menor que a graduação tradicional, e que é preciso dar destaque aos programas de educação à distância.

Sobre a questão salarial, o reitor da Unimontes disse que o piso atual não é o sonho de todos, mas muito já se avançou nessa área. "Nos últimos seis anos há um resgate da carreira do professor e a universidade não tem tido qualquer problema de custeio".

Plano surgiu de uma base de dados

Segundo o coordenador do Plano Decenal, Luis Aureliano Gama de Andrade, a proposta surgiu de uma base real de dados e de um amplo diagnóstico da educação no Estado, e teve a participação direta de todos os segmentos. Ele disse que foi montado um atlas da educação com debates regionais que subsidiaram os planos de educação de 760 municípios, inclusive Montes Claros, observação confirmada pela secretária-adjunta de Educação da cidade, Marta Aurora Aquino. Luis Aureliano criticou a tentativa de se politizar o debate sobre o Plano Decenal e contestou as críticas de que o projeto não é democrático. "Todas as propostas aprovadas na 2ª Conferência Estadual da Educação foram incorporadas ao Plano", garantiu.

O coordenador do Plano Decenal falou dos princípios que nortearam a elaboração do projeto de lei, citando a justiça e a eqüidade, com a redução das desigualdades regionais; o princípio da excelência e qualidade da educação; o diálogo entre as redes de ensino; a valorização dos profissionais e a gestão democrática. Ele discorreu ainda sobre as metas e objetivos do Plano Decenal, com destaque para a erradicação do analfabetismo e a ampliação da escola de tempo integral. "Este não é um plano do governo, mas um plano de Estado", concluiu.

Deputados destacam importância do debate

A deputada Gláucia Brandão (PPS) destacou a importância do debate sobre o Plano Decenal. Segundo ela, com o Fórum Técnico a Assembleia cumpre seu papel de mediar as aspirações da sociedade, "como sua legítima representante". Gláucia Brandão falou ainda da consulta pública que a ALMG realiza por meio de seu site (www.almg.gov.br) e conclamou os cidadãos de todo o Estado a participarem "dessa nova modalidade de interlocução do Legislativo com a sociedade".

O deputado Ruy Muniz (DEM) também defendeu a discussão sobre o financiamento da educação. Ele disse que é preciso investir em tecnologia, com valorização crescente dos profissionais da educação, através da melhoria salarial e da capacitação. Já o deputado Paulo Guedes lembrou que é preciso valorizar a idéia de mineiridade do Norte de Minas, "onde o Estado nasceu, em Matias Cardoso". Sobre o Fórum Técnico, ele disse que a Assembleia tem o papel de escutar a sociedade e incorporar realmente as sugestões das entidades parceiras. "Minas não precisa de um choque de gestão, mas de um choque de educação", completou.

Formação do professor - Estudantes, pais, professores e representantes do Conselho Municipal de Educação também participaram do encontro regional em Montes Claros. A superintendente regional de ensino, Maria Salete Souza, concordou com a secretária-adjunta Marta Aurora, de que é preciso investimento na formação do professor no ensino superior. E destacou como grandes problemas da educação o transporte de alunos e a violência nas escolas.

À tarde reuniram-se para discutir propostas quatro grupos de trabalho, que receberam mais de 300 inscrições de pessoas de 35 cidades do Norte de Minas. No final do dia foram votadas as propostas da região e escolhidos os representantes da região que vão participar da etapa final do Fórum Técnico em maio, no Plenário da ALMG. São eles: Weliton Mota Ferreira, Maria Nunes França, Marta Aurora Aquino, José Gomes Filho, Fabrício Mascarenhas, Maria Marilene Alves, Maria Nereuda Sarmento, Gustavo Araújo, Ramon Fonseca e José Reinaldo da Silva.

Conheça algumas das propostas aprovadas no Encontro Regional em Montes Claros

Entre as propostas aprovadas, estão: alteração fundamental nos prazos das ações e das metas, ampliação da oferta de vagas em todos os níveis de ensino, supressão de ações que previam a premiação de professores, implantação do piso salarial do Governo Federal, professores de educação física nas escolas infantis, aumento dos investimentos em educação para chegar a 10% do PIB Estadual em 10 anos, e realização de concurso público em todos os níveis de ensino a cada dois anos.

Presenças - Deputada Gláucia Brandão (PPS), deputados Carlos Pimenta (PDT), Ruy Muniz (DEM), Carlin Moura (PCdoB) e Paulo Guedes (PT).

 

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