Apac e reforma de cadeia são soluções para Boa Esperança

A construção de uma unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) e uma reforma estrutural fo...

19/03/2009 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Apac e reforma de cadeia são soluções para Boa Esperança

A construção de uma unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) e uma reforma estrutural foram as soluções encontradas pelos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para o problema da superlotação de presos na cadeia pública de Boa Esperança (Sul de Minas). As constatações foram feitas após visita dos parlamentares ao local, nesta quinta-feira (19/3/09), motivados por denúncias de condições insalubres, precariedade de instalações e excesso de presos no local. Informações dadas pelo delegado-geral da 21a seccional, Anésio Nava Filho, apontam que, hoje, a cadeia municipal conta com 89 presos, instalados em celas com a capacidade máxima para 35 detentos.

Segundo o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão e autor do requerimento que solicitou a visita e posterior audiência pública na Câmara Municipal, o secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, teria afirmado que possui R$ 1,2 milhão para a reforma da cadeia. As obras não teriam começado, ainda de acordo com o secretário, pela falta de local para a transferência de presos de Boa Esperança, o que daria condições para as reformas.

Durval Ângelo afirmou também que a juíza Adriene Freire Diniz Garcia, de Alfenas, cidade para onde os presos teriam sido transferidos, negou as vagas, por alegar superlotação no estabelecimento prisional daquele município. "Temos um problema global de superlotação por falta de políticas penais do Estado. É preciso que a Secretaria, o Judiciário, o Ministério Público, a Assembleia e a sociedade se mobilizem nesse sentido, para que sejam estabelecidas penas alternativas e a Defensoria Pública seja reestruturada", disse.

Alternativa em Campos Gerais - Os deputados Durval Ângelo e Antônio Genaro (PSC) afirmaram ainda que a juíza de Alfenas agiu corretamente ao não receber os presos de Boa Esperança, tendo em vista o problema semelhante na cidade. "Ir para Alfenas, onde a cadeia já está superlotada, não é a solução. A cadeia de Campos Gerais, que será inaugurada nos próximos meses, poderá receber cerca de 30 presos de Boa Esperança, para que as obras tenha início", afirmou Durval. A transferência dos presos para Campos Gerais teria sido garantida aos parlamentares pelo presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), Nelson Missias de Morais.

Prefeito garante que a cidade terá uma nova cadeia

O prefeito de Boa Esperança, Jair Alves de Oliveira, defende que a solução é reunir as comunidades e implantar o sistema Apac, em que o preso presta serviços à comunidade e é respeitado como ser humano, opinou. Ele informou, por outro lado, que já foi celebrado um convênio com o Estado para a construção de uma cadeia para 200 presos, que contará com assistência médica e psicológica que garanta os direitos humanos dos detentos. "Já temos o dinheiro e o local para a construção. Acredito que o problema será resolvido em curto prazo", prometeu.

O defensor público da Comarca de Boa Esperança Werner Mendonça lembrou também que o objetivo da Defensoria não é colocar os presos nas ruas, mas garantir os direitos mínimos deles. "Queremos preparar os detentos para que retornem à sociedade como pessoas de bem. Para isso, temos que pensar políticas públicas para o sistema prisional do Estado", salientou.

O defensor público geral do Estado, Belmar Azze Ramos, disse que "a Defensoria zela pelo cumprimento das penas, mas com um mínimo de condições de salubridade e respeito aos direitos humanos". Ele prometeu contribuir com a ALMG nos encaminhamentos que forem feitos na reunião.

O juiz da 1a Vara da Comarça de Boa Esperança, Carlos Eduardo Vieira Gonçalves, reforçou as palavras de Mendonça e disse que é necessária uma união de esforços para que ocorram mudanças efetivas, que beneficiem a comunidade. "Esperamos que os presos cumpram sua pena, mas que sejam respeitadas as condições mínimas de dignidade da pessoa humana", colocou. Ele lembrou ainda que a Apac é a melhor solução para o sistema prisional, mas que a iniciativa deve partir da comunidade. "Conclamo a todos que conheçam as Apacs, para que verifiquem esse modelo de sistema penitenciário", completou.

Paliativo - O promotor de Justiça Fernando Muniz Silva, da Comarca de Boa Esperança, disse que o sistema prisional da cidade chegou ao limite e ponderou que a segurança da sociedade não pode ser deixada de lado. De acordo com ele, há receio da comunidade de que a superlotação inviabilize a detenção de novos infratores. "Por isso, se a cadeia que o Estado nos oferece é aquela, é com ela que iremos trabalhar", disse. O promotor relatou ainda que a cadeia de Boa Esperança não atende mais a cidade e que a reforma será "apenas um paliativo para a questão".

Resposta do delegado

O delegado-geral da 21a seccional, Anésio Nava Filho, afirmou que não há denúncias de maus-tratos e sim de problemas estruturais. Ele afirmou que a Polícia Civil tem lutado arduamente para que a segurança da sociedade de Boa Esperança seja garantida, uma vez que a cadeia não oferece condições mínimas para que os presos cumpram pena com tranqüilidade. "As verbas para a reforma são uma vitória advinda de muita luta. Assim que conseguirmos uma cadeia que esteja em condições de receber alguns presos, teremos a reforma, que irá melhorar um pouco a situação. Aliviar o problema, portanto, é uma questão de tempo", concluiu.

Ao final, o deputado Antônio Genaro (PSC) disse ter se emocionado com a situação dos presos. Ele prometeu levar a questão às autoridade competentes, uma vez que o cenário é difícil e o objetivo da sociedade deve ser recuperar os detentos. "O que vimos é um local que piora o indivíduo. As verbas já existem, por isso temos que transformar a cadeia em exemplo para a região", alertou.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Antônio Genaro (PSC); presidente da Câmara Municipal de Boa Esperança, Divino Costa; secretário de Esporte e Cultura de Boa Esperança, Pedro Coimbra; e o defensor público-geral do Estado Belmar Azze Ramos, além de outros vereadores e dos convidados citados.

 

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