Epidemia de dengue está a caminho de MG, constata
comissão
Apesar das ações dos governos Federal e Estadual e
das administrações municipais, vem aí uma epidemia de dengue de
grandes proporções em Minas. Esse prognóstico ficou claro na
audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais realizada nesta quarta-feira (18/3/09). Na reunião,
solicitada pelos deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da
comissão, e Carlos Pimenta (PDT), representantes dessas três esferas
de governo apresentaram números preocupantes do avanço da doença no
Estado.
Dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde
(SES) mostram que Minas Gerais já registrou mais de 13.600 casos
este ano, com três mortes. Belo Horizonte, Coronel Fabriciano e
Governador Valadares estão entre as cidades que devem enfrentar o
maior número de doenças. Na Capital, segundo a Secretaria Municipal
de Saúde, a quantidade de casos notificados (suspeitos) é 300%
superior ao mesmo período do ano passado. Já foram confirmados nos
três primeiros meses do ano 753 casos, sendo um de dengue
hemorrágica e 12 com complicações. Representantes dessas duas
secretarias, além do Ministério da Saúde, apresentaram as mais
recentes ações governamentais de combate à dengue.
"É uma situação muito preocupante. As medidas estão
sendo tomadas e ainda assim a perspectiva é de uma grande epidemia
em Minas", alertou Carlos Mosconi. Já o deputado Carlos Pimenta
lembrou que, em 25 municípios mineiros, quatro em cada cem
domicílios estão infestados com focos do mosquito transmissor da
dengue, o Aedes Aegipty, um índice que comprova a existência
de epidemia.
De acordo com o secretário municipal de Saúde de
Belo Horizonte, Marcelo Teixeira Gouvêa, 80% dos focos estão
localizados nas residências. "A população está suficientemente
informada sobre a dengue, mas o grande desafio é transformar essa
informação em atitude", disse ele, que apresentou as ações tomadas
pela prefeitura. O secretário alertou, no entanto, que não bastam as
iniciativas do poder público, é preciso haver a mobilização de toda
a sociedade.
Suas palavras foram reforçadas pelo coordenador
geral do Programa Nacional de Dengue do Ministério da Saúde,
Giovanini Evelim Coelho, que chamou a atenção para o aumento da
incidência da dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença, em
crianças. Apesar do avanço da dengue em vários Estados, como Minas
Gerais, Bahia e Espírito Santo, os dados do ministério mostram que o
Brasil, em janeiro e fevereiro de 2009, registra 49% menos casos que
no mesmo período do ano passado.
Vacina ainda demora pelo menos dez anos
A população vai ter que conviver com a doença por
pelo menos mais dez anos. Esse é o prazo mínimo previsto pelos
especialistas para a criação de uma vacina. Enquanto isso, as ações
precisam se concentrar na prevenção e no tratamento dos doentes.
Para o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), "toda vez que deixamos de
tomar as medidas preventivas necessárias, gastamos muito mais com as
conseqüências", disse ele, completando que essas ações precisam ser
intensificadas imediatamente, já que se espera uma epidemia para
este ano. Adelmo e o deputado Doutor Rinaldo (PSB) concordaram que a
solução, mesmo que paliativa, passa também pelas mãos da comunidade,
que precisa agir para combater os focos do mosquito. O petista
sugeriu ainda a participação das escolas para aumentar o
comprometimento com a saúde da população.
Luis Felipe Caram, subsecretário de Estado de
Vigilância e Saúde, sugeriu uma lei prevendo a punição para os
cidadãos que não tomarem as medidas preventivas contra a dengue em
suas casas, sugestão bem recebida pelo deputado Carlos Pimenta. Uma
das atitudes da SES, segundo Caram, é a distribuição de 33 mil capas
para caixas d'água, criadouros importantes para a larva do Aedes
Aegipty.
Requerimentos - Foram
aprovados sete requerimentos durante a reunião:
* Do deputado Hely Tarqüínio (PV), solicitando uma
audiência pública para debater o funcionamento e gargalos do
tratamento fora do domicílio, do trabalho de regulação e do chamado
SUS Fácil.
* Do deputado Eros Biondini (PHS), pedindo uma
reunião conjunta das Comissões de Saúde e do Trabalho, da
Previdência e da Ação Social para receber do subsecretário de Estado
de Política Antidrogas, Cloves Benevides, informações sobre o Centro
de Referência em Álcool e Drogas de Minas Gerais.
* Do deputado Adalclever Lopes (PMDB) solicitando o
envio de um pedido à SES para que instale uma unidade da Fundação
Hemominas em Caratinga.
* Do deputado Carlos Pimenta, pedindo a realização
de uma audiência pública para debater o funcionamento da Fundação
Hemominas.
* Do deputado Neider Moreira (PPS), solicitando o
envio de um ofício ao secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana,
pedindo a criação de uma comissão destinada a solucionar conflitos
relacionados à saúde pública em Itaúna.
* Do deputado Carlos Mosconi, pedindo a realização
de uma audiência pública para debater a eficácia da
ecoescleroterapia, uma técnica que dispensa internação e anestesia
para o tratamento de varizes.
* Também de Carlos Mosconi, solicitando o repasse à
SES de correspondência recebida pela comissão, informando que o
hospital Governador Israel Pinheiro, do Ipsemg, não realiza há mais
de um ano a cirurgia de histeroscopia, para remoção de pequenos
pólipos intra-uterinos, por falta de aparelho específico.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice;
Doutor Rinaldo (PSB), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Rosângela Reis
(PV). Também participaram da reunião o médico Carlos Eduardo
Ferreira; o assessor SES, Francisco Lemos; e a médica
epidemiologista da Secretaria Municipal da Saúde, Gilvânia Westin
Cosenza.
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