Cerca de 1.200 catadores de papel e seus
familiares, de 60 municípios, participaram de uma manifestação
contra os reflexos da crise financeira no setor de recicláveis, na
manhã desta quarta-feira (18/3/09), no Espaço Democrático José
Aparecido de Oliveira, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O
movimento teve início na sede da Associação dos Catadores de
Material Reaproveitável (Asmare-BH) e percorreu diversas ruas da
cidade, até chegar ao Legislativo mineiro.
Lideranças do movimento, apoiado pelo deputado
André Quintão (PT), entregaram documento com propostas para superar
a crise ao 1º-vice-presidente da Assembléia, deputado Doutor Viana
(DEM), para ser encaminhado ao governador de Minas, Aécio Neves. Os
manifestantes foram recebidos no Hall das Bandeiras. Um dos líderes
do movimento, Mateus Ferreira de Oliveira, apresentou sugestões da
Associação dos Catadores de Lixo de Divinópolis (Ascadi).
O deputado Doutor Viana informou que, após
apresentar o manifesto ao presidente da Assembleia, deputado Alberto
Pinto Coelho (PP), decidiu-se que o melhor encaminhamento para as
reivindicações é avaliá-las na Comissão Extraordinária recentemente
criada pela ALMG para discutir a crise econômica mundial. A comissão
tem como atribuição, entre outras, organizar ciclo de debates para
aprofundar o estudo do tema e encontrar alternativas de curto, médio
e longo prazos para a ação do Estado e da sociedade civil na
prevenção e combate aos efeitos da crise.
A realização de audiências públicas sobre os
reflexos da crise sobre os catadores é uma das três reivindicações
apresentadas pelos catadores à Assembleia. As outras duas
reivindicações contidas no manifesto são a definição de orçamento
para a implementação da Legislação Estadual de Resíduos Sólidos e a
inclusão de incentivos e fomentos às associações e cooperativas de
catadores no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG).
Catadores pedem recursos orçamentários
O deputado André Quintão, que preside a Comissão de
Participação Popular, ressaltou a importância do apoio do Governo
mineiro e das prefeituras para que a crise não afete mais a
cooperativa dos catadores. "O povo humilde não pode pagar por isso",
disse o deputado em protesto, afirmando que as pessoas humildes não
são as responsáveis pela crise financeira que começou em outros
países. "A queda dos preços dos materiais foi tão grande que fica
mais caro buscar do vender o material", explicou o líder do
Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis em Minas
Gerais, Luiz Henrique da Silva.
Ao final, houve uma reunião com o vice-presidente
da ALMG, onde foram reivindicados recursos para garantir a
implementação da Legislação Estadual de Resíduos Sólidos; e para
incentivo e fomento às Associações e Cooperativas de Catadores,
dentro do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). Os
trabalhadores também sugeriram a realização de audiências públicas
pelas Comissões de Participação Popular, Direitos Humanos, Meio
Ambiente e Trabalho para debater os reflexos da crise sobre o setor
e constituir alternativas de apoio e garantia de
direitos.