Governo do Estado promete mais 3.210 vagas prisionais em 2009

Onze obras de construção e ampliação de unidades prisionais estão programadas pelo Governo do Estado em 2009, que res...

17/03/2009 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Governo do Estado promete mais 3.210 vagas prisionais em 2009

Onze obras de construção e ampliação de unidades prisionais estão programadas pelo Governo do Estado em 2009, que resultarão em 3.210 novas vagas. Essa foi uma das metas reveladas pelo subsecretário de Estado de Administração Prisional, Genilson Zeferino, durante reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (17/3/09). O subsecretário fez também um balanço dos últimos seis anos de atuação do governo no setor prisional. A reunião aconteceu a requerimento do deputado Rômulo Veneroso (PV).

Além da construção e ampliação de cadeias e penitenciárias, uma outra meta de maior destaque é a continuação do processo de transferência das unidades prisionais administradas pela Polícia Civil para a gestão da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). Nesse processo, policiais civis e militares são liberados da guarda e escolta de presos, que passa a ser feita por agentes penitenciários. A programação da Suapi é assumir, em 2009, mais 15 unidades prisionais.

Esse processo é uma das prioridades do Governo do Estado desde o início da década. Em 2003, segundo Zeferino, o Estado era responsável pela guarda de 23.358 presos, sendo 17.642 sob responsabilidade da Polícia Civil e 5.656 pela Suapi. No início de 2009, o número total de presos subiu para 44.919, sendo 11.804 sob a guarda da Polícia Civil e 32.024 sob o controle da Suapi. O número de presos sob a guarda das Associações de Proteção e Assistência ao Condenado (Apacs) subiu de 60 para 1.014, no mesmo período.

Genilson Zeferino admitiu que, apesar do crescimento do número de vagas, a superlotação ainda é um problema grave do sistema. Apesar de a Suapi gerenciar hoje 32.024 presos, suas unidades, de acordo com a exposição do subsecretário, teriam capacidade para um máximo de 21.452. A expectativa é que o número total de detentos em Minas passe dos atuais 44 mil para mais de 68 mil até 2011.

Outro dado interessante é que, no final de 2008, existiam 4.303 presos que estudavam e 4.080 que trabalhavam. O trabalho inclui a produção de pães e costura. Já entre os estudantes, há 22 universitários. Segundo Zeferino, não é possível generalizar essas atividades entre os presos porque muitos estão sob guarda provisória, ou estão em unidades que não permitem essas funções. Existem ainda 326 empresas e entidades cadastradas para absorção da mão-de-obra de ex-detentos.

Gestantes e travestis são preocupação especial

Uma das recentes iniciativas da Suapi mais elogiadas pelos deputados foi o Centro de Referência da Gestante, em que 40 detentas vivem em um espaço adaptado à sua situação e à presença de crianças pequenas. São guardadas por 60 agentes que tem formação em enfermagem. O ambiente não tem grades e é decorado com motivos infantis. De acordo com Zeferino, todas são mulheres jovens, entre 19 e 24 anos, recrutadas para o transporte de drogas exatamente em função de sua gravidez. "As mães têm toda a dignidade e as crianças são trabalhadas em um ambiente diferenciado", afirmou o presidente da Comissão de Segurança, deputado João Leite (PSDB), complementando elogio feito por Rômulo Veneroso.

O sucesso da experiência com as gestantes leva o Estado, hoje, a pensar em uma providência semelhante para os presos travestis. Apesar de não serem muitos, geram preocupação especial porque se prostituem dentro das cadeias para sobreviver. Eles têm um índice de envolvimento com drogas superior à media dos presos em geral, eo grupo inclui três soropositivos. "É um dilema que temos, excluir os que já são excluídos", afirmou Genilson Zeferino.

O subsecretário também destacou a compra de aparelhos de raio-x, como o dos aeroportos, que abreviou o procedimento de visitas aos presos. Ele também anunciou que 1.268 agentes que passaram em concurso de 2008 tomarão posse nos próximos dias.

Deputados questionam problemas em municípios

A precariedade do sistema prisional em alguns municípios recebeu uma atenção especial dos deputados, que questionaram o subsecretário Genilson Zeferino sobre a situação de Betim, Tupaciguara e Unaí. O caso do Ceresp de Betim, onde 1.026 presos permanecem em um espaço projetado para abrigar 412, foi o mais questionado pelos parlamentares Maria Tereza Lara (PT) e Rômulo Veneroso. Esse deputado lembrou que, se a média de superlotação do sistema prisional é de 60%, ali o problema chega a 150% da capacidade. Maria Tereza lembrou ainda o problema de adolescentes presos em cadeias do município e defendeu que presos provisórios tenham direito ao trabalho.

Genilson Zeferino afirmou que o Estado tem um projeto de ampliação do Ceresp, que só não foi implantado porque o município se recusou. João Leite afirmou que o município aprovou até mesmo uma lei que proíbe a construção de novas unidades prisionais. O subsecretário afirmou que, diante disso, a solução se complica, uma vez que a legislação recomenda que o preso seja mantido perto de suas famílias. "Não é verdade que Betim receba presos de outros municípios. São de lá 80% dos presos e os outros 20% vieram de fora, mas cometeram os crimes na cidade", afirmou Zeferino.

O subsecretário afirmou que o mesmo desentendimento com a prefeitura ocorre em Unaí, onde o problema, acusado pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), é a falta de infra-estrutura para os agentes prisionais. A prefeitura, segundo Zeferino, não permite a realização de reforma nas instalações. Em Tupaciguara, o deputado Rodrigues afirmou que o problema é a precariedade da guarda dos presos. Haveria apenas um policial militar e um servidor cedido pela prefeitura para vigiar 70 presos. Zeferino afirmou que, se esse for o caso, será providenciado o envio de cinco agentes penitenciários para o município. "É necessário que alguns dirigentes municipais entendam qual é o papel de cada ente federado na área de segurança", afirmou Rodrigues.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos do deputado André Quintão (PT). O primeiro solicita uma audiência pública em conjunto com as Comissões de Participação Popular e de Direitos Humanos para discutir aspectos da decisão de construir um novo complexo penitenciário em Ribeirão das Neves.

O segundo encaminha, às Secretarias de Estado de Defesa Social e de Desenvolvimento Econômico, correspondência recebida pela Comissão de Participação Popular, do Conselho Regional de Psicologia. O documento inclui os seguintes questionamentos: no projeto do complexo penitenciário para Ribeirão das Neves, qual o número de presos atendidos e como será a assistência jurídica, psicológica e social dos presos? Pergunta ainda qual o valor de referência por preso nos modelos de atendimento pelo Estado, por parcerias público-privadas e por Apacs. E questiona ainda qual a razão do prazo de 27 anos para o contrato no novo complexo e qual a razão de Ribeirão das Neves ser novamente escolhida para abrigar uma penitenciária.

Presenças - Deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente da comissão; e deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão; Rômulo Veneroso (PV), Sargento Rodrigues (PDT) e Gustavo Valadares (DEM).

 

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