A Assembleia Legislativa de Minas Gerais inicia
nesta sexta-feira (13/3/09) uma ampla discussão com a sociedade
sobre o Projeto de Lei (PL) 2.215/08, do governador, que contém o
planejamento para a educação no Estado nos próximos dez anos. O
primeiro evento é o Debate Público Plano Decenal: Metas e Ações
Estratégicas para a Educação de Minas Gerais, promovido pela
Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, que
acontece no Plenário, a partir das 9 horas (veja abaixo a
programação completa). Trata-se de uma etapa preparatória para o
Fórum Técnico Plano Decenal de Educação em Minas Gerais: Desafios
da Política Educacional, que acontece em maio, em Belo
Horizonte. Haverá ainda etapas no interior de Minas, com o objetivo
de colher sugestões para aperfeiçoar o projeto em tramitação.
O Debate Público Plano Decenal: Metas e Ações
Estratégicas para a Educação de Minas Gerais será divido em duas
partes, englobando as 11 áreas abordadas no PL 2.215/08. A primeira
parte terá início às 9 horas para discutir os níveis, etapas e
modalidades da educação. Já a segunda parte terá início às 14 horas
e abordará a formação e a valorização dos profissionais da educação,
o financiamento e gestão e o diálogo entre as redes de ensino e sua
interação.
Durante o evento, entre 9 e 18 horas, estarão
disponíveis canais diretos para que a população participe das
discussões. Os interessados poderão encaminhar mensagens com
perguntas, questionamentos ou esclarecimentos em relação aos
assuntos debatidos pelo telefone 0800-0310888 ou pelo e-mail
debate.educacao@almg.gov.br.
O debate será transmitido ao vivo pela TV
Assembleia, que agora pode também ser assistida pela internet, no
site www.almg.gov.br, link TV Assembleia on line. A emissora pode
ainda ser sintonizada pelo sistema a cabo para a Capital e algumas
cidades no interior; e pelo sistema aberto (canal UHF) em mais de
200 municípios do Estado. Além da transmissão ao vivo, haverá
reprises nos dias 28/3, às 8h30; 29/3, às 8 horas; 18/4, às 8h30; e
19/4, às 8 horas. Nesses dias, porém, não estarão disponíveis os
serviços de e-mail e 0800.
Fórum Técnico - Além do Debate Público desta sexta
(13), o Fórum Técnico, realizado a requerimento do deputado Carlin
Moura (PCdoB) e da ex-deputada Elisa Costa (PT), terá encontros
regionais em Araçuaí (26/3), Montes Claros (31/3), Governador
Valadares (3/4) e Paracatu (7/4). As entidades e movimentos sociais
que apóiam a ALMG na realização do evento coordenarão encontros
também em Divinópolis (15/4), Juiz de Fora (17/4), Varginha (22/4) e
Uberlândia (24/4). A Plenária Final será em Belo Horizonte, entre 13
e 15 de maio. Participam da preparação do debate e do fórum mais de
20 entidades ligadas à educação, envolvendo governo estadual,
gestores municipais, estudantes, professores, pais, conselhos de
educação, representantes da educação indígena, quilombola e do
campo, entre outros.
Hotsite - Dados sobre o Plano Decenal de
Educação de Minas Gerais já estão disponíveis na página da
Assembleia na internet, no hotsite criado sobre o tema. A
programação do debate, detalhes sobre o plano, suas diretrizes e
metas; tramitação do PL 2.215/08; legislação estadual e federal
sobre o assunto; e estatísticas da educação em Minas podem ser
acompanhados pelo hotsite.
Programação do Debate Público
Plano Decenal: Metas e Ações Estratégicas para a
Educação de Minas Gerais
* 9 horas - Abertura - com
as deputadas Maria Lúcia Mendonça (DEM), presidente da Comissão de
Educação, Ciência, Tecnologia e Informática; e Ana Maria Resende
(PSDB); e os deputados Carlin Moura (PCdoB), Deiró Marra (PR) e
Vanderlei Jangrossi (PP)
* 9h30 - Exposições
Temas: Níveis, etapas e modalidades da educação
(educação infantil, ensino fundamental, médio e superior, educação
de jovens e adultos, especial, tecnológica e formação profissional,
indígena, de escolas rurais e quilombolas)
Os expositores são o secretário adjunto de Estado
de Educação, João Antônio Filocre Saraiva; professor José Cosme
Drumond, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Minas
Gerais (Uemg); reitor da Universidade Estadual de Montes Claros
(Unimontes), Paulo César Gonçalves de Almeida; diretora da Faculdade
de Educação da UFMG, Antônia Vitória Soares Aranha; sociólogo Rudá
Ricci, mestre em Ciências Políticas e doutor em Ciências Sociais;
Tião Rocha, antropólogo e educador popular; presidente da União
Colegial de Minas Gerais e vice-presidente regional da União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas do Estado de Minas Gerais e
Espírito Santo, Flávio Nascimento; e presidente da União Estadual
dos Estudantes de Minas Gerais, Diogo de Oliveira Santos.
* 14 horas - Exposições
Temas: Formação e valorização dos profissionais da
educação; financiamento e gestão; e diálogo entre as redes de ensino
e sua interação
Os expositores são o secretário adjunto de Estado
de Educação, João Antônio Filocre Saraiva; subsecretário de
Administração do Sistema Educacional da SEE, Gilberto José Rezende
dos Santos; Miguel Arroyo, professor emérito da Faculdade de
Educação da UFMG; João Monlevade, doutor em Educação, professor
aposentado da UFMT e consultor legislativo do Senado Federal;
diretor da Confederação Nacional da Associação de Pais de Alunos e
presidente da Associação de Pais de Alunos do Estado da Bahia, Pedro
Trindade Barreto; coordenadora-geral do Sindicato Único dos
Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Maria Inez
Camargos; presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas
Gerais (Sinpro), Gilson Luiz Reis; doutor em Educação pela USP e
professor da Faculdade de Educação da Uemg, André Márcio Picanço
Favacho.
Projeto abrange onze temas ligados à
educação
O PL 2.215/08 atende à Lei Federal 10.172, de 2001,
que determina aos Estados, Distrito Federal e Municípios a
elaboração de planos decenais de educação, com base no Plano
Nacional de Educação. Em Minas, a proposta abrange onze áreas, cada
uma delas com objetivos, metas e ações estratégicas definidas. Uma
das metas que se repete é a que visa à melhoria do desempenho dos
alunos, a fim de que a universalização da oferta seja acompanhada da
qualidade do ensino. A implementação das metas dependerá ainda de
disponibilidade orçamentária e financeira.
Para a maioria dos níveis de educação, o governo
planeja definir, em dois anos, os padrões de atendimento da
educação, abrangendo os aspectos relacionados à infra-estrutura
física, ao mobiliário e equipamento, aos recursos didáticos, ao
número de alunos por turma, à gestão escolar e aos recursos humanos
indispensáveis à oferta de uma educação de qualidade. Outra ação
estratégica prevê, também em dois anos, a definição das habilidades
e competências a serem adquiridas pelos alunos, bem como as metas a
serem alcançadas pelos professores, a cada ano escolar, de modo a
garantir o progresso dos alunos. Há também a previsão de um sistema
de premiação para os professores em função dos bons resultados. Veja
abaixo todas 11 áreas listadas no projeto:
Educação infantil - Uma das
ações prevê a ampliação de oferta de vagas em curso Normal de nível
médio para formar docentes para educação infantil. Entre as metas,
destacam-se a garantia de infra-estrutura física adaptada às
necessidades das pessoas com deficiência em 100% das escolas de
educação infantil, no prazo de cinco anos; a universalização do
acesso à escola para alunos de 4 e 5 anos, em dez anos; e a
ampliação progressiva da jornada escolar, visando a oferta de tempo
integral para 40% dos alunos de 4 e 5 anos, em dez anos, priorizando
os que se encontram em condição de maior vulnerabilidade social.
Ensino Fundamental - Estão
entre as ações estratégicas a estruturação de um plano de segurança
para as escolas públicas, com a colaboração da comunidade escolar.
Além disso, em três anos, 100% dos alunos de educação infantil e
fundamental deverão ter acesso a exames de acuidade visual e
auditiva. As metas para esse nível incluem a ampliação do ensino
fundamental para nove anos, com matrícula aos seis anos de idade, em
todas as escolas públicas e privadas, até 2010; a elevação para 98%,
em três anos, da taxa de atendimento escolar a alunos de 6 a 14
anos; a instalação de laboratórios de informática conectados à
internet em todas as escolas de ensino fundamental em dois anos, e
nas escolas municipais em seis anos; e a garantia de pelo menos uma
escola com quadra coberta em cada município, no prazo de quatro
anos.
Ensino Médio - Entre as
metas para esse nível estão: universalizar o atendimento na faixa
etária de 15 a 17 anos em dez anos; aumentar o número de matrículas
no turno diurno em 10% em cinco anos, e em 30% em dez anos; ampliar
progressivamente a jornada escolar diária, priorizando as áreas de
maior vulnerabilidade social; atingir a marca de 100% dos alunos de
escola pública de ensino médio com livro didático de todas as
disciplinas, em quatro anos; reduzir em 40% as desigualdades
regionais na qualidade do ensino, no prazo de dez anos; aumentar a
taxa de conclusão do ensino médio para 60% em cinco anos, e para 85%
em 10 dez anos.
Educação Superior - O
planejamento do Executivo prevê compatibilizar as políticas e ações
da educação superior com as demandas, expectativas e necessidades de
desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado, priorizando
as áreas de maior vulnerabilidade social; a oferta da educação
superior para 100% dos concluintes do Ensino Médio e, pelo menos,
para 30% dos jovens de 18 a 24 anos, até o fim da vigência do plano;
e a prioridade na formação de professores para as licenciaturas cuja
carência for diagnosticada, eliminando o déficit de professores
habilitados em cinco anos.
Educação de Jovens e Adultos (EJA) - A implantação de um projeto de ensino com recursos
didáticos e pedagógicos voltados para a educação de jovens e adultos
e a criação de uma avaliação sistêmica que atenda às especificidades
da EJA estão entre as ações previstas no PL 2.215/08, assim como o
atendimento à demanda por esse nível de ensino. As metas incluem a
redução do analfabetismo em 60% em cinco anos e sua erradicação em
dez anos; e a ampliação para 30% da oferta de vagas de EJA na opção
formação profissional, no prazo de três anos.
Educação Especial - As
ações para essa modalidade incluem a implementação de programas
específicos de educação profissional para os portadores de
necessidades especiais. Em cinco anos, todas as escolas de educação
especial deverão ter infra-estrutura física adaptada às necessidades
das pessoas com deficiência. E em dez anos, o atendimento a esse
público deverá ser universalizado. Outra meta prevê instalar, em
cada município mineiro, no prazo de quatro anos, pelo menos uma
escola regular de ensino fundamental e médio preparada - em termos
de profissionais capacitados, espaço físico e recursos didáticos -
para o atender pessoas com necessidades educacionais especiais.
Educação Tecnológica e Formação Profissional -
Compatibilizar a política de formação
profissional com políticas de geração de empregos é uma das ações
estratégicas dessa área, a partir de um sistema de informações sobre
o mercado de trabalho e da cooperação entre o poder público e os
setores produtivos. Em três anos, 100% das escolas públicas de
ensino médio deverão oferecer, na parte diversificada do currículo,
cursos de qualificação básica para o trabalho. A meta é ampliar em
200%, em cinco anos, e em 400% no prazo de dez anos o número de
alunos de ensino médio de escolas públicas matriculados em cursos de
formação profissional de nível técnico. A oferta de educação
profissional a distância também deverá ser ampliada em 100% em dez
anos.
Educação Indígena, de Escolas Rurais e Quilombolas
- Uma das ações estratégicas prevê a
implementação de projetos educativos próprios, incluindo plano
curricular, métodos de ensino e materiais didáticos específicos e
adequados a cada realidade. Em cinco anos, todas as escolas rurais,
indígenas e de comunidades de remanescentes de quilombos deverão ter
infra-estrutura física adaptada às necessidades das pessoas com
deficiência. Em três anos, todas as escolas terão laboratório de
informática com internet. E em dez anos, o atendimento escolar de
crianças e jovens indígenas e remanescentes de quilombos deverá ser
universalizado.
Formação e Valorização dos Profissionais da
Educação - Em quatro anos, o Executivo pretende
rever e consolidar a legislação de pessoal dos servidores da
educação das redes estadual e municipais. Outra ação estabelece um
programa de formação continuada dos educadores e gestores da rede
pública, com foco na utilização das novas tecnologias da informação
e comunicação. Em dez anos, a meta é atingir 100% de professores com
curso médio completo ou superior atuando na educação infantil; 80%
de professores com nível superior atuando nas séries iniciais do
ensino fundamental; e 100% nas séries finais. Nesse prazo, todos os
professores do ensino médio deverão ter o curso superior completo.
Além disso, o governo pretende reduzir o percentual de servidores
com contrato temporário na rede pública em 50% em cinco anos e em
80% em dez anos.
Financiamento e Gestão - As
diretrizes englobam a gestão democrática e descentralizada, através
do fortalecimento dos órgãos colegiados das escolas e municípios e o
aperfeiçoamento do processo de participação dos pais e da comunidade
na gestão das escolas públicas. O Executivo também prega a
consolidação e o aperfeiçoamento do processo de escolha democrática
dos diretores das escolas públicas; e a efetiva descentralização e
autonomia da gestão escolar nas dimensões pedagógica, administrativa
e financeira. Outras metas são a exclusão progressiva, na folha de
pagamento dos aposentados, do cálculo do mínimo de 25% destinados à
educação no Estado e municípios; o incentivo aos municípios para que
instituam a Ouvidoria da Educação; e a garantia de realização anual
de Conferências Municipais de Educação.
Diálogo entre as Redes de Ensino e sua Interação -
Em três anos, o Executivo pretende
institucionalizar regime de cooperação Estado/municípios,
estabelecendo regras e critérios capazes de nortear e aprimorar
ações conjuntas. Essas ações incluem a distribuição das
responsabilidades pelo atendimento da demanda da educação básica; o
planejamento integrado, buscando a compatibilização e a harmonização
dos currículos, programas, calendário e documentação relativa à vida
escolar do aluno e avaliação, como parâmetros da ação educativa nas
redes de ensino; e o compartilhamento dos dados
estatístico-educacionais. Outra diretriz é aperfeiçoar a política de
cooperação Estado/município relativa ao Programa de Transporte
Escolar.