Comissão paritária pode trazer solução para impasse na saúde de Itaúna

A proposta de criação de uma comissão paritária para solucionar os conflitos envolvendo o repasse de recursos do SUS ...

11/03/2009 - 00:01
 

Comissão paritária pode trazer solução para impasse na saúde de Itaúna

A proposta de criação de uma comissão paritária para solucionar os conflitos envolvendo o repasse de recursos do SUS pelo município de Itaúna para a Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira foi apoiada pelos participantes da audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (11/3/09). A sugestão é de que um grupo acompanhe, mensalmente, a prestação de contas das transferências de recursos para o hospital. A comissão seria formada por representantes das secretarias de Estado de Saúde e municipal de Saúde de Itaúna, da Casa de Caridade, do Ministério Público, do Conselho Comunitário do Hospital, do Conselho Municipal de Saúde e da Câmara Municipal de Itaúna.

A audiência foi solicitada pelo deputado Neider Moreira (PSDB), preocupado com os atrasos nos repasses, que teriam começado em 2007. Segundo ele, as atualizações de valores das tabelas do SUS também não teriam sido repassadas pela Secretaria Municipal de Saúde ao hospital. O deputado afirmou que os recursos de outros programas, como o Pro-Hosp e o IntegraSUS, também não estariam ocorrendo no prazo legal.

O problema dos repasses atingiu, sobretudo, o atendimento de urgência e emergência municipal, que é realizado nas dependências do hospital. Neider Moreira observa que a Casa de Caridade, com 150 leitos, é uma referência regional, atendendo, somente no pronto-socorro, cerca de 7 mil pacientes por mês, além de prestar serviços de alta complexidade e de ser o segundo hospital mais importante do Centro-Oeste mineiro. É também um hospital-escola, referência para a formação do curso de Medicina da Faculdade de Itaúna e também para as áreas de nutrição, enfermagem e fisioterapia.

Secretário contesta problemas nas transferências

O secretário municipal de Saúde de Itaúna, José Oscar Júnior, contestou as informações apresentadas, alegando que o gestor municipal não tem controle sobre os reajustes das tabelas. De acordo com o secretário, o município teria passado por diversas auditorias que não teriam apontado nenhuma ingerência da secretaria quanto aos valores destinados à Casa de Caridade. José Oscar Júnior argumentou ainda que a tabela do SUS não foi reajustada, mas unificada, havendo reclassificação de alguns procedimentos. Quanto ao plantão de 24 horas do hospital, o secretário de Saúde explicou que os incentivos para o plantão e para a UTI aumentaram.

As explicações dadas pelo secretário não agradaram o provedor da Casa de Caridade, Lincoln Moreira de Faria, que mostrou as portarias do Ministério da Saúde informando sobre as atualizações das tabelas do SUS, em especial um "aumento substancial", segundo ele, das diárias de UTI. O provedor protestou ainda contra os resíduos que vêm sendo gerados para o hospital em função do repasse de valores desatualizados. Lincoln de Faria informou que, em 2007, o hospital tinha direito a R$ 368 mil de repasse mensal e recebia R$ 318 mil. Com a modificação das tabelas, hoje o hospital teria direito a receber R$ 600 mil e continuaria recebendo os mesmos R$ 318 mil.

O provedor da Casa de Caridade disse que o pronto-socorro chegou a funcionar por seis meses sem receber os recursos devidos, e que em 2007 o contrato só foi renovado por ordem judicial. Ele também contestou afirmação do secretário municipal de Saúde e afirmou que a auditoria confirmou os atrasos das transferências.

MP garante atendimento de urgência e emergência

No entendimento do Ministério Público, os serviços de urgência e emergência são de responsabilidade do município e do hospital, segundo informou a promotora Fernanda Honigmamnn Rodrigues. Ela abriu um processo em 2007 para garantir a manutenção do atendimento do pronto-socorro e disse não entender as razões do município para descumprir a ordem judicial de manter os repasses para o hospital. Em seguida, segundo ela, o gestor municipal teria decidido não remunerar mais os médicos do plantão de pronto-socorro. A procuradora também acredita que a perícia solicitada pelo município é uma medida protelatória, uma vez que a auditoria realizada já teria comprovado o atraso nas transferências de recursos no SUS.

Fernanda Rodrigues foi a primeira a propor a criação da comissão para buscar soluções para a falta de diálogo entre o município e a Casa de Caridade. A superintendente de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde, Myriam Araújo Coelho, sugeriu que a comissão paritária a ser criada saísse da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para dar auxílio técnico para a solução do impasse. A superintendente ressaltou a importância do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) ser mantido atualizado, porque é ele que informa a realidade do hospital quanto à estrutura, número de leitos disponíveis para o SUS e atendimentos.

O deputado Neider Moreira formalizou a sugestão de criação da comissão paritária em um requerimento que será colocado em votação na próxima reunião da comissão. Outras três proposições que dispensam a apreciação do Plenário foram aprovadas na reunião.

Os deputados Carlos Mosconi (PSDB), Ruy Muniz (DEM) e Doutor Rinaldo (PSB) também apoiaram a sugestão e fizeram um apelo aos gestores municipais para que a disputa política não prejudique o bem-estar da população. Eles salientaram que a situação de Itaúna se repete em vários municípios mineiros. "O interesse da Comissão de Saúde é que a população seja bem atendida", afirmou Doutor Rinaldo. "A saúde é uma questão supra-partidária", acrescentou o deputado Ruy Muniz.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice-presidente; Doutor Rinaldo (PSB), Fahim Sawan (PSDB), Ruy Muniz (DEM), Antônio Júlio (PMDB), Hely Tarqüínio (PV) e Neider Moreira (PPS). Também participaram da reunião o presidente da Câmara Municipal de Itaúna, Antônio de Miranda Silva; o vice-prefeito de Itaúna, Pedro Paulo Pinto; e o presidente do Conselho Regional de Medicina, João Batista Gomes Soares.

 

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