Nesta quinta-feira (12/3/09), às 9 horas, deputados
que integram a Comissão Especial das Serras da Calçada e da Moeda da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais visitarão a região,
localizada nos municípios de Nova Lima e Brumadinho, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com o relator da
comissão, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), um dos autores do
requerimento para a visita, o objetivo é avaliar as áreas onde há
exploração mineral e seu impacto ambiental, além de locais onde
empresas pretendem realizar novas explorações.
Os parlamentares irão vistoriar a região de
helicóptero. Serão visitadas a Mina do Pau Branco, em Brumadinho, de
propriedade do grupo francês Vallourec & Mannesmann Tubes; o
povoado de São Caetano da Moeda, distrito do município de Moeda;
remanescentes arqueológicos do forte da Serra da Calçada e
loteamentos no município de Sarzedo. Além de Dalmo Ribeiro, devem
participar os deputados Fábio Avelar (PSC), Almir Paraca (PT) e
Délio Malheiros (PV).
Dalmo Ribeiro afirmou que a visita é importante
para o relatório final da comissão, que deve concluir seus trabalhos
até 3 de abril. A comissão foi criada a requerimento do deputado
Fábio Avelar (PSC) para analisar o potencial para usos alternativos
do solo e do subsolo das serras, junto com a preservação dos
patrimônios arqueológico, espeleológico e natural dessas áreas, bem
como seu potencial ecoturístico. O relatório final deverá ser
encaminhado aos órgãos ambientais, ao Ministério Público e à
sociedade civil organizada, entre outros segmentos. A análise também
irá orientar a votação de três proposições que tramitam na
Assembléia sobre o assunto.
A Serra da Moeda é um grande espinhaço, ou cadeia
de montanhas, que vai do Sul de Belo Horizonte ao município de Belo
Vale, no sentido norte-sul. Inclui vários segmentos e ramificações,
entre os quais a Serra da Calçada. Tem esse nome por causa da
cunhagem clandestina de barras e moedas de ouro na época do Brasil
colônia, que era feita na região. Já a Serra da Calçada se distribui
entre os municípios de Nova Lima e Brumadinho. Ali há um "forte",
estrutura murada que é remanescente de uma antiga fazenda do século
XVIII, onde já se explorava ouro. Boa parte da área é de propriedade
da mineradora Vale.
Em junho de 2008, a Serra da Calçada foi tombada
pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).
A área tombada corresponde à propriedade da Vale, que pretende
explorar ferro em parte do terreno. A Vale pretende a revisão do
tombamento de forma a permitir a exploração parcial, em troca da
preservação do restante da área, que inclui as ruínas históricas da
exploração aurífera na época colonial, pinturas rupestres, lascas de
cristal possivelmente produzidas por populações primitivas, fauna e
vegetação características dos campos ferruginosos. Algumas entidades
ambientais e associação de moradores de condomínios vizinhos
defendem a preservação de toda a área. Uma delas é a Astúrias, que
tem um projeto de criação do Museu do Ecoturismo na região.
Proposições - São três as
propostas que tramitam na Assembléia a respeito das Serras da Moeda
e da Calçada. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/07, do
deputado Dalmo Ribeiro Silva, tramita em 2º turno. A PEC pretende
incluir a Serra da Moeda entre as áreas tombadas do Estado. Os
trabalhos da comissão da PEC foram suspensos para aguardar a
conclusão das atividades da comissão especial.
Outra proposição em tramitação é o Projeto de Lei
(PL) 124/07, do deputado Ivair Nogueira (PMDB). O projeto propõe
reduzir em 6,5% a área do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, com
o objetivo de regularizar áreas ocupadas por mineradoras e um
empreendimento imobiliário. O parque abrange os municípios de Belo
Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, atingindo uma área de
3.688,63 hectares. A outra proposição é o PL 1.304/07, do deputado
Délio Malheiros (PV), que foi anexado ao projeto anterior. Ele
pretende integrar a Serra da Calçada ao Parque Estadual da Serra do
Rola-Moça. A idéia é apoiada por associações de moradores e
entidades ambientalistas que acompanharam as reuniões da comissão
especial, tais como a Associação para Recuperação e Conservação
Ambiental em Defesa da Serra da Calçada (Arca-Amaserra).