Vetos sobre patrimônio cultural têm parecer pela rejeição

Três vetos do governador a proposições de declaração de patrimônio cultural receberam pareceres pela rejeição, em reu...

04/03/2009 - 00:01
 

Vetos sobre patrimônio cultural têm parecer pela rejeição

Três vetos do governador a proposições de declaração de patrimônio cultural receberam pareceres pela rejeição, em reunião da Comissão Especial realizada nesta quarta-feira (4/3/09) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. As Proposições de Lei 18.939 e 18.941 declaram como patrimônio cultural do Estado as rotas de peregrinação Caminho da Luz e Caminho da Fé, respectivamente, e a Proposição de Lei 18.953 abrange o processo artesanal de fabricação do pé-de-moleque de Piranguinho (Sul de Minas).

A argumentação do governador para vetar os projetos é de que a Lei Delegada 170, de 2007, atribuiu ao Conselho Estadual de Patrimônio Cultural a competência para decidir sobre o tombamento e o registro de bens. Por isso, para o Executivo, sancionar as proposições significaria não observar a legislação, além de criar "precedente pouco recomendável".

Mas os pareceres discordam da justificativa. Em todos eles, os relatores lembram que o tombamento, processo complexo que inclui a limitação do direito de propriedade, já pode ser objeto de legislação ou decreto. A declaração de patrimônio cultural é bem mais simples, pois trata do registro em livros específicos e exige apenas a manifestação popular. Os relatórios também contestam a argumentação do "precedente", ao afirmar que a fabricação da cachaça mineira em alambiques já foi declarada patrimônio cultural.

Caminho da Luz - O parecer sobre o Veto Total à Proposição de Lei 18.939 foi feito pelo deputado Ivair Nogueira (PMDB). Originário do Projeto de Lei (PL) 1.271/07, do deputado Durval Ângelo (PT), a proposição declara patrimônio cultural do Estado o Caminho da Luz, rota de peregrinação que abrange os municípios de Tombos, Pedra Dourada, Faria Lemos, Carangola, Caiana, Espera Feliz, Caparaó e Alto Caparaó, na Zona da Mata.

Durante a discussão do parecer, o autor do projeto explicou que a determinação é uma reivindicação de associações que organizam as peregrinações no local. Segundo Durval Ângelo, há registros de que a rota já era usada há cerca de três séculos por índios que iam até o Pico da Bandeira para adoração. "Era um caminho de purificação". O deputado salientou que o Caminho da Luz é considerado o único interreligioso e ecumênico, pois atrai místicos e seguidores de diversas religiões.

Já a Proposição de Lei 18.941, originada do PL 1.499/07, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), se refere à rota Caminho da Fé, que abrange os municípios de Andradas, Ouro Fino, Inconfidentes, Borda da Mata, Tocos do Moji, Estiva, Consolação, Paraisópolis e Brazópolis, no Sul de Minas.

O relator, deputado Durval Ângelo, ressaltou que o local é um ponto de acolhida de peregrinos que redescobrem novos sentidos na vida durante a caminhada. Ele disse que esta já é uma manifestação reconhecida pelo povo da região, e que de forma alguma contraria o interesse público, como argumentado pelo governador.

O autor do projeto disse que a rota é percorrida por cerca de 50 pessoas por mês, e que já é uma "grande marca da religiosidade e da fé" entre os peregrinos de Minas. Para ele, a declaração como patrimônio pode contribuir para que o caminho seja mais conhecido nacionalmente.

Doce especial - A Proposição de Lei 18.953 foi originada do PL 2.719/08, também de Durval Ângelo. O relator do veto, deputado Dalmo Ribeiro Silva, defendeu que o projeto é importante para o Sul de Minas, pois reconhece um processo de fabricação que data do século 19. Segundo ele, em função do pé-de-moleque, Piranguinho já faz parte da rota de turistas que passam pela BR-459. "O município é considerado a capital do pé-de-moleque". Ele garantiu que a proposta atende ao anseio da população local. O autor reafirmou a tradição do doce na região e defendeu que os rigorosos critérios usados na fabricação representam um patrimônio mineiro.

A deputada Gláucia Brandão (PPS) completou as manifestações favoráveis à derrubada dos vetos, ao defender que as proposições são para preservar o patrimônio cultural mineiro, "que é um dos mais ricos do País". A presidente da comissão, deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), também fez elogios e sugeriu que os deputados fiquem atentos a outros tipos de manifestações mineiras que também merecem a distinção de patrimônio cultural.

Presenças - Deputadas Maria Lúcia Mendonça (DEM), presidente; Gláucia Brandão (PPS), deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Durval Ângelo (PT) e Ivair Nogueira (PMDB).

 

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