Deputados estudam medida cautelar contra vôos na Pampulha

A decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de autorizar o Aeroporto de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, a...

04/03/2009 - 00:01
 

Deputados estudam medida cautelar contra vôos na Pampulha

A decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de autorizar o Aeroporto de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, a operar vôos regionais para outras capitais estaduais além da ponte aérea para São Paulo, foi classificada como um "precedente grave" pelo deputado estadual mineiro Fábio Avelar (PSC), em entrevista realizada nesta quarta-feira (4/3/09). O parlamentar presidiu, entre setembro e novembro de 2008, comissão especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que avaliou a situação dos principais aeroportos mineiros e condenou a proposta de autorizar o Aeroporto da Pampulha a operar vôos para outras capitais.

Nesta terça-feira (3/3/09), mesmo dia em que a Anac autorizou a ampliação dos vôos no Aeroporto de Santos Dumont, a Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG aprovou requerimentos para tomada providências no sentido de evitar que o mesmo ocorra em Belo Horizonte. Um dos requerimentos, de autoria da Comissão Especial dos Aeroportos, solicita ao Ministério Público Federal estudo da viabilidade de medida cautelar com o objetivo de impedir a operação de vôos diretos entre o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, mais conhecido como Aeroporto da Pampulha, e outras capitais estaduais.

O requerimento foi elaborado pela Comissão Especial dos Aeroportos em novembro de 2008, mas só foi aprovado agora em razão do recesso parlamentar. Para os integrantes da Comissão Especial, a ampliação dos vôos na Pampulha seria uma ameaça aos direitos difusos referentes à vida, integridade física e saúde dos moradores do entorno do aeroporto e dos passageiros. "Ademais, o relatório desta Comissão demonstra cabalmente a falta de segurança desse aeroporto", argumentam os deputados, no texto do requerimento.

Apesar de ver com preocupação a decisão no Rio de Janeiro, Avelar disse não acreditar que o mesmo ocorra em Belo Horizonte, em função das limitações do Aeroporto da Pampulha, que, entre outras coisas, ainda não possui licenciamento ambiental. Caso a decisão se repita em Minas Gerais, Avelar afirmou que a Assembleia Legislativa de Minas irá se mobilizar e o assunto voltará a ser tratado, desta vez pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas.

O deputado afirmou que as mesmas empresas que reivindicavam a ampliação dos vôos regionais no Aeroporto Santos Dumont, têm objetivos semelhantes com relação à Pampulha. Uma audiência pública chegou a ser programada para janeiro de 2009 para discutir a revogação da Portaria 933/2007, da Anac, que limitou a operação de vôos no Aeroporto da Pampulha. "Essa audiência pública não aconteceu e esperamos que ela nunca aconteça, sob pena de a Assembleia promover uma grande mobilização contra essa proposta", afirmou Avelar, em pronunciamento realizado na tribuna do Plenário da Assembleia.

De acordo com a Portaria 933/2007, o Aeroporto da Pampulha deve se restringir à aviação regional, operando com empresas de táxi aéreo e aviação geral em aeronaves com capacidade de até 50 assentos.

Secretaria exigirá licenciamento ambiental para Aeroporto da Pampulha

Fábio Avelar revelou, em seu pronunciamento, que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável irá notificar a administração do Aeroporto da Pampulha, até esta quinta-feira (5/3/09), para que sejam tomadas as providências necessárias para o licenciamento ambiental de suas instalações. Este procedimento, segundo o parlamentar, irá determinar o tipo de operações de vôo que poderiam ocorrer na Pampulha. "Eu tenho certeza, pelas conclusões da Comissão Especial, que a Pampulha não tem condições de obter licenciamento para operar vôos com aeronaves de grande porte", afirmou Avelar.

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, uma das companhias aéreas que vêm reivindicando a ampliação das operações na Pampulha, teria interesse em utilizar, neste aeroporto, aeronaves modelo 190, produzidos pela Embraer, com capacidade para 106 passageiros, em vôos entre diversas capitais. O argumento da empresa e outros setores favoráveis à sua reivindicação é que a medida estimularia a concorrência no setor, favorecendo os consumidores. Para Fábio Avelar, no entanto, o interesse dos passageiros vai além do preço das passagens, incluindo também questões relativas à segurança dos aeroportos e o desenvolvimento global do setor no Estado.

Nos últimos anos, o Governo do Estado investiu na ampliação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, assim como na infra-estrutura rodoviária que liga o terminal ao centro da capital mineira (Linha Verde) e ao restante da região metropolitana. Também foi realizado um planejamento da malha aérea estadual que prevê a utilização de toda a capacidade do Aeroporto da Pampulha para vôos entre as principais cidades mineiras, até 2011. Para Fábio Avelar, todos estes investimentos e planejamentos não podem ser ignorados pela Anac ao avaliar uma eventual revisão da Portaria 933.

Por outro lado, a decisão da Anac a respeito do Aeroporto Santos Dumont contrariou posição da prefeitura carioca e do governo fluminense, favoráveis ao fortalecimento do Aeroporto do Galeão, de maior porte. Neste sentido, é uma situação semelhante à de Minas Gerais.

Relatório lista motivos contra ampliação da Pampulha

Divulgado em 12 de novembro de 2008, o relatório da Comissão Especial dos Aeroportos listou inúmeros argumentos para manter a proibição do retorno dos grandes jatos à Pampulha. O autor do relatório, deputado Gil Pereira (PP), classificou a eventual medida como um retrocesso. Com o crescimento da aviação regional nos cinco últimos anos, a Pampulha já está saturada, segundo ele, quase atingindo seu limite operacional de 1,2 milhão de passageiros/ano. Sua pista está abaixo do nível da barragem da Pampulha, o que limita a instalação de equipamentos eletrônicos de segurança dos vôos. A pista necessita ser encurtada para a construção de uma área de escape e socorro. A população se opõe tenazmente ao retorno dos grandes jatos, que ultrapassam o limite de ruído permitido pela legislação ambiental de Belo Horizonte.

Por outro lado, já foram feitos R$ 300 milhões em investimentos para revitalizar o aeroporto de Confins que o alçaram de 13º para 5º lugar entre os aeroportos mais importantes do País, em condições de conquistar nos próximos anos o primeiro posto, devido às suas condições privilegiadas de clima e visibilidade e extensas áreas de expansão. A Linha Verde, que permitirá o deslocamento do centro de Belo Horizonte até o aeroporto em 30 minutos, está praticamente concluída, entre outros investimentos na infra-estrutura aeroportuária e rodoviária.

 

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