Soldado se defende de acusação de abuso policial em briga de trânsito

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais receberam, em audiência públic...

04/03/2009 - 00:01
 

Soldado se defende de acusação de abuso policial em briga de trânsito

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais receberam, em audiência pública realizada nesta quarta-feira (4/3/09), professores de artes marciais que apresentaram denúncia de suposto abuso policial após discussão de trânsito, ocorrida no dia 28 de janeiro, em Belo Horizonte. A reunião, que foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), também contou com a presença de um dos policiais envolvidos no episódio.

O professor de jiu-jitsu Paulo Márcio do Nascimento Cândido alega que teria sido agredido e preso arbitrariamente na porta de sua casa por diversos policiais depois de desentendimento no trânsito com o soldado Marcelo Bastos Sampaio. Segundo Cândido, horas após ter trocado insultos com o militar, que teriam sido motivados por uma fechada de trânsito, ele teria sido abordado por um grupo de policiais militares na saída de sua residência. Os homens teriam feito agressões físicas, psicológicas e ameaças de morte antes de executar a prisão.

"Fui insultado racialmente e agredido diante da minha esposa e filhos. Houve arbitrariedade e abuso na abordagem policial", denunciou. O professor, que no momento do desentendimento no trânsito estava acompanhado do colega Emanuel Alcino, teria sido removido à força para a delegacia sem direito sequer a uma ligação telefônica. De acordo com Alcino, que também esteve presente à audiência, o major Eduardo Lucas, que comandou a operação, teria dito que os professores tiveram sorte de não terem sido mortos. "Ele disse que deveríamos agradecer a Deus por estarmos vivos, uma vez que se ele estivesse na operação, já estaríamos mortos", afirmou.

O deputado Durval Ângelo informou que, de acordo com o boletim de ocorrência feito sobre o caso, não havia qualquer irregularidade com o carro do professor no Departamento de Trânsito (Detran-MG) ou qualquer antecedente criminal registrado contra ele.

Soldado afirma que foi ameaçado pelos professores

O soldado Marcelo Bastos Sampaio defendeu-se das acusações e apresentou sua versão sobre o fato. Segundo ele, a discussão foi iniciada por uma fechada de trânsito, que gerou provocações dos professores, por meio de gestos obscenos. Acompanhado da esposa e da filha de oito meses, o policial afirma ter sido perseguido até as proximidades da sua casa e ameaçado pelos denunciantes.

Em seu depoimento, Sampaio disse que acionou o reforço policial tendo em vista o descontrole emocional provocado em sua família. "Avisei a eles que havia uma criança no carro e eles me responderam com agressões verbais. Fomos até a casa dele (Cândido) e fizemos a apreensão por entender que ele agiu perigosamente e contra a lei", explicou. Sobre o questionamento dos parlamentares se ele teria presenciado ameaças de morte feitas por policiais, o soldado disse que ouviu gritos, mas não identificou qualquer citação nesse sentido.

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB) questionou o fato de não estarem presentes testemunhas ou de ter sido feito exame de corpo de delito que comprove as agressões dos policiais. Para ele, o episódio é um reflexo da violência no trânsito brasileiro. "Deve haver melhor apuração dos fatos, mas o que me conforta é saber que, apesar de estarmos diante de mais um caso de briga de trânsito, não estamos aqui lamentando a morte de ninguém, como vemos todos os dias", disse.

Ausência - O deputado Durval Ângelo lamentou a ausência do major Eduardo Lucas, que comandou a operação e teria sido considerado o mais agressivo pelos denunciantes. De acordo com o parlamentar, ele será convocado e terá que prestar esclarecimentos à comissão.

Para o deputado Sargento Rodrigues (PDT), as vítimas no caso são o soldado Marcelo Sampaio e seus familiares. Ele acredita que o militar agiu corretamente, apesar de estar sendo supostamente ameaçado, e que somente a apuração dos fatos irá determinar o que realmente aconteceu. "Prefiro não fazer juízo de valor sobre a abordagem policial antes de ouvir o depoimento do major Eduardo Lucas. O mais importante é termos a consciência de que é preciso haver uma polícia cada vez melhor e respeitadora dos direitos humanos", salientou. Ao final da audiência, o deputado Durval Ângelo lembrou que o episódio foi levado à Justiça para abertura de procedimento legal.

Requerimentos - Na reunião, foram aprovados ainda três requerimentos para a realização de reuniões e visitas. O deputado Durval Ângelo pediu reunião conjunta com a Comissão de Segurança Pública em Patrocínio (Alto Paranaíba) para apuração de denúncias de violação dos direitos humanos e supostos crimes ambientais; e audiência pública em Boa Esperança (Sul de Minas) para debater a superlotação da cadeia pública da cidade. Finalmente, os deputados André Quintão (PT), Eros Biondini (PHS) e Carlin Moura (PCdoB) solicitaram a realização de reunião conjunta com a Comissão de Participação Popular para debater o tema "Os povos indígenas em Minas Gerais e as políticas públicas".

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Antônio Genaro (PSC), Ruy Muniz (DEM), Vanderlei Miranda (PMDB) e Sargento Rodrigues (PDT).

 

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