Presidente diz que refletirá sobre eventual
candidatura
O presidente da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), afirmou nesta
sexta-feira (19/12/08), em entrevista à imprensa, que, diante de
diversas manifestações favoráveis de colegas do Parlamento, irá
refletir sobre a possibilidade de sua candidatura ao Governo do
Estado, em 2010. A declaração foi feita em entrevista à imprensa,
logo após o encerramento dos trabalhos legislativos. Ele também
afirmou que espera ver as atividades da Assembléia avaliadas pelo
conteúdo e qualidade dos debates públicos e das proposições de lei
produzidas, não simplesmente pelo número de projeto aprovados.
Antes de pensar em uma eventual candidatura, o
deputado Alberto Pinto Coelho disse que se preocupará em exercer, da
melhor forma possível, a presidência da Assembléia. O parlamentar
foi reeleito para dirigir o Parlamento mineiro até 2010. Ele disse
acreditar que a citação de um deputado estadual como eventual
candidato ao governo do Estado é algo que engrandece o Poder
Legislativo. "Eu diria que o fato de termos um membro da Casa sendo
lembrado, sendo cogitado para compor uma chapa majoritária faz
justiça, porque, na realidade, o deputado estadual é aquele líder
que tem uma ligação mais estreita com as lideranças municipais, com
as bases", afirmou Pinto Coelho.
O presidente da Assembléia afirmou, ainda, que uma
candidatura, se ocorrer, deverá necessariamente ser fruto de um
processo coletivo. "Entendo eu que um projeto majoritário não pode
ser um projeto de natureza pessoal, tem que ser, muito mais,
resultante de um estuário de ações, de apoiamentos, de
convergências", advertiu Alberto Pinto Coelho.
Balanço de 2008
Com relação ao trabalho realizado na Assembléia, o
presidente destacou que a produção não pode ser avaliada apenas
pelas cerca de 110 proposições de lei aprovadas em dezembro. O
fundamental, segundo ele, é analisar a qualidade destas proposições
e do debate que antecedeu sua aprovação. Ele ressaltou, ainda, que
essa produção não pode ser vista apenas em seu momento final, de
votação em Plenário. A participação da sociedade nos debates em
comissões parlamentares é um componente fundamental do processo
legislativo.
"Que esse trabalho também não seja visto apenas no
momento finalístico, que é a votação em Plenário, mas sim a riqueza
deste trabalho na sua discussão pelas diversas comissões, sempre com
o concurso de pessoas da sociedade civil, que são convidadas,
especialistas que têm grande contribuição a dar e que abrem a mente
dos parlamentares para que eles possam tirar suas conclusões e
produzir leis que são importantes para a sociedade", defendeu o
presidente da Assembléia.
É nesse contexto, segundo Alberto Pinto Coelho, que
deve ser vista a concentração de votações de projetos no mês de
dezembro, no Plenário. A busca do consenso parlamentar, com a
participação das diversas forças políticas e de representantes da
sociedade, muitas vezes acaba adiando a aprovação dos projetos. E
com o fim do prazo para o debate, que torna-se exíguo ao final do
ano, há uma tendência para que os impasses se resolvam neste
período, contribuindo para uma concentração de aprovações nas
últimas semanas.
Veja na íntegra a entrevista do presidente:
Presidente, ocorreram muitas manifestações de apoio
a uma eventual candidatura do senhor ao governo do Estado, em 2010.
Qual é o seu sentimento com relação a isso?
Na realidade, eu tenho uma nobre missão, que é
presidir o Parlamento e exercer o meu mandato como deputado
estadual. Recebi manifestações de companheiros da Casa, colocando
meu nome. Entendo eu que um projeto majoritário não pode ser um
projeto de natureza pessoal, tem que ser, muito mais, resultante de
um estuário de ações, de apoiamentos, de convergências. Portanto, o
fato de meu nome ser lembrado por lideranças expressivas que compõem
essa Casa é algo que nos leva, como afirmei aqui em Plenário, a uma
reflexão, a uma imersão profunda. Naturalmente, um projeto político
desta envergadura, dessa magnitude, é um projeto que tem de ser
construído. O fato de meu nome ter sido lembrado me dá um alento
muito grande, porém eu tenho que, antes disso, tentar cumprir da
melhor forma possível essa missão e o meu mandato aqui, como
presidente desta Casa.
De que forma a sugestão do nome do senhor
engrandece a Assembléia Legislativa?
Eu diria que o fato de termos um membro da Casa
sendo lembrado, sendo cogitado para compor uma chapa majoritária faz
justiça, porque, na realidade, o deputado estadual é aquele líder
que tem uma ligação mais estreita com as lideranças municipais, com
as bases. É quem tem uma representatividade autêntica e legítima.
Portanto, o fato do processo de eleição majoritária não passar à
deriva do Parlamento Mineiro é auspicioso.
A votação foi tranqüila neste final de ano. Ficou
algum projeto importante para 2009?
Existem, naturalmente, projetos de iniciativa
parlamentar. Muitos deputados querem vê-los transformados em lei,
pois entendem que estes projetos são importantes para a sociedade.
Então nunca se exaure, nunca se esgota esta demanda. Todavia, o que
nós estávamos constatando é que, no mês de dezembro, nós aprovamos
cerca de 110 proposições de lei. São proposições sobre temas
corriqueiros, também inúmeros projetos importantes, de grande
envergadura para o desenvolvimento de nosso Estado e para as
políticas públicas em diversas áreas. O que espero é passar para a
imprensa um balanço em que se mostre não a produção quantitativa da
Casa, mas muito mais a qualidade do trabalho que efetivamente aqui
se desenvolve. E que esse trabalho também não seja visto apenas no
momento finalístico, que é a votação em Plenário, mas sim a riqueza
deste trabalho na sua discussão pelas diversas comissões, sempre com
o concurso de pessoas da sociedade civil, que são convidadas,
especialistas que têm grande contribuição a dar e que abrem a mente
dos parlamentares para que eles possam tirar suas conclusões e
produzir leis que são importantes para a sociedade.
Ontem, o deputado Dinis Pinheiro lançou a
candidatura do senhor de forma isolada, mas hoje diversos outros se
manifestaram. O senhor se sente preparado para uma eventual
candidatura como essa?
Eu diria que a vida pública é algo fundamental para
alguém que possa ver seu nome colocado para uma candidatura
majoritária. O fato de você ter o respaldo político de lideranças
expressivas, como são meus companheiros, meus pares aqui dentro, de
vários partidos - cada um deles com uma larga experiência na vida
pública, com representação expressiva de várias regiões do Estado -
e se eles afirmam isso, é algo sobre o que temos que meditar e
refletir. Eu entendo que se está na vida pública também para
enfrentar desafios, que fazem parte de nossa vida. Eu me sinto em um
momento da minha vida em que me sinto apoiado para refletir esta
questão.
Presidente, a concentração de projetos aprovados no
final do ano é algo muito criticado pela população. Essa
concentração não é prejudicial ao entendimento, ao debate?
Outro dia eu vi uma manchete de que a Assembléia
estava em um ritmo alucinante. Falei: 'bom, daqui a pouco vão falar
que está frenético, ou coisa do gênero'. Em realidade, a dinâmica do
processo legislativo leva a uma situação em que você passa muito
tempo sem ter produção legislativa porque fica a discussão em busca
do entendimento. Porque os projetos e as propostas de lei, para
desaguarem no Plenário, têm que ser consensados. Esse entendimento
se faz nas comissões temáticas. Faz parte dessa dinâmica esperarmos
o momento em que há uma confluência, até pelo tempo. Muitas questões
colocadas deixam de existir em função do tempo e de as pessoas
quererem vê-las aprovadas. Esse ano foi atípico, houve eleição. Se
formos avaliar um ano como esse pela quantidade de projetos, acho
que isso é ver a questão de uma maneira muito superficial. Eu diria
que temos que ver o contexto e a dinâmica do processo. O fundamental
é isso. E por último, isso traduzido na qualidade do que sai desta
Casa.
|