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Desemprego das mineradoras leva deputados ao
vice-governador
O Governo de Minas pode atuar politicamente contra
as demissões da mineradora Vale e para evitar que a crise do
desemprego no setor mineral se alastre. Esse posicionamento foi
anunciado pelo vice-governador Antônio Anastasia aos deputados da
Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, em audiência por ele concedida no final
da tarde desta quinta-feira (18/12/08), em seu gabinete.
A deputada Rosângela Reis (PV) e os deputados
Ronaldo Magalhães (PSDB), Délio Malheiros (PV) e Antônio Carlos
Arantes (PSC) conduziram um grupo de sete sindicalistas de Itabira e
de Congonhas à audiência, além do vice-prefeito de Itabira, Roberto
Ferreira Chaves. Paulo Soares de Souza, presidente do Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos
(Metabase) de Itabira, relatou como "pavorosa" a situação dos
demitidos pela empresa no Estado. E corrigiu para 12 mil, e não 1,3
mil como o número de demitidos pela empresa em Minas. "Só em
Itabira, onde há 7,5 mil operários nas minas, 1,5 mil perderam os
empregos", assegurou.
O sindicalista disse há 8 mil trabalhadores em
férias coletivas e a previsão de um plano de demissão de uma grande
leva de empregados diretos em janeiro. Informou ainda que a Vale
anunciou em outubro um lucro líquido de R$ 19 bilhões nos três
primeiros semestres, e desafiou a empresa a suportar a crise
internacional sem demissões.
Anastasia disse que vai levar o assunto ao
governador Aécio Neves numa reunião nesta sexta. "Nossas ações têm
que ser políticas, já que o poder concedente das minas é do Governo
Federal. É uma pena que tenhamos sofrido esse golpe, porque Minas
vivia um esplêndido desempenho econômico", lamentou. O
vice-governador acrescentou que os instrumentos à disposição do
Estado são limitados, e já foram usados, como o adiamento do
pagamento de impostos estaduais. "A taxa de juros nos Estados Unidos
foi reduzida a zero. Aqui está acima de 13%", comparou.
Usiminas também já está paralisando seus
altos-fornos
O deputado Ronaldo Magalhães, que foi prefeito de
Itabira, disse que a cidade vai passar por uma situação muito
difícil, não só por causa da crise, mas também pela redução que
sofrerá devido à lei do ICMS solidário. "Não podemos ficar contra a
Vale. Precisamos dela e do Governo do Estado para nos ajudar a
superar a crise", disse ele.
A presidente da Comissão do Trabalho, deputada
Rosângela Reis, manifestou preocupação com o efeito em cadeia, já
que outras empresas poderiam desempregar e a situação ficar pior. "A
Usiminas está adiando as demissões. Desativou para manutenção o
primeiro alto-forno e deve desligar também o segundo. Seria uma pena
desmontar equipes que levam tanto tempo para serem treinadas", disse
a deputada.
O deputado Délio Malheiros mostrou os
desdobramentos da crise no Jequitinhonha, que fornece carvão para as
indústrias siderúrgicas. "Há 3.750 caminhões parados nos postos de
gasolina, sem contratos, fora os caminhões pesados de mineração que
custam R$ 650 mil e foram comprados com financiamento, e os donos
tiveram seus contratos cancelados por fax", informou. Até mesmo o
Sul de Minas foi afetado. Segundo o deputado Antônio Carlos Arantes,
as rodovias que levam às siderúrgicas viviam congestionadas pelo
transporte de eucalipto e carvão, e agora estão desertas.
Fernando Coura, presidente do Sindiextra, disse que
Minas tem 652 empresas do ramo. "Se a Vale está gripada, as outras
651 estão com pneumonia dupla", ilustrou, criticando que as pequenas
e médias empresas não recebam atenção da imprensa. As guseiras de
Sete Lagoas estão todas paradas, informou. Os caminhoneiros são
micro-empresários na proporção de dois em cada três, e não terão
como sustentar suas famílias nos próximos meses. A silvicultura
(produção de eucalipto e carvão) está deixando 15 mil desempregados
no Estado, completou.
Presenças - Participaram
da visita a deputada Rosângela Reis, presidente da comissão;
deputados Ronaldo Magalhães (PSDB), Délio Malheiros (PV) e Antônio
Carlos Arantes.
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