Projeto do ICMS Solidário está pronto para o Plenário em 2º
turno
O Projeto de Lei (PL) 637/07, do deputado Dinis
Pinheiro (PSDB), que trata do ICMS Solidário, está pronto para ser
discutido e votado em 2º turno pelo Plenário da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais. Ele passou na tarde desta quarta-feira
(17/12/08) pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária.
A reunião chegou a ser suspensa para entendimentos entre os
parlamentares e, ao final, o texto aprovado pela comissão - que
ainda precisa ser submetido ao Plenário - determina que as novas
regras para a distribuição do imposto entre os municípios passarão a
valer integralmente a partir de 2011.
O relator, deputado Lafayette de Andrada (PSDB),
afirmou em entrevista que teve que tomar uma "decisão salomônica",
buscando construir o consenso e fazer justiça aos municípios. Isto
porque, segundo o que havia sido aprovado pelo Plenário em 1º turno,
as novas regras começariam a produzir efeitos financeiros a partir
de 2010. E, dos percentuais destinados aos novos critérios para
distribuição do ICMS, metade produziriam efeitos em 2010 e o
restante, a partir de 2011.
Na comissão, no entanto, proposta de emenda
apresentada pelos deputados Luiz Humberto Carneiro e Ronaldo
Magalhães, do PSDB, ampliava o prazo para o início da produção dos
efeitos financeiros do projeto para 2011 e 2012. Essa proposta
chegou a ser incorporada a uma primeira versão do parecer,
apresentada em reunião anterior, na última terça-feira (16) à noite.
Já outra proposta de emenda determinava que os efeitos deveriam
prevalecer a partir de 1º de janeiro de 2009, de autoria da deputada
Elisa Costa (PT) e dos deputados Paulo Guedes (PT), Antônio Júlio
(PMDB), Carlos Pimenta (PDT) e Getúlio Neiva (PMDB).
Ao final dos debates, a comissão aprovou o parecer
do relator, que opinou pela aprovação da matéria em 2º turno na
forma como foi votada pelo Plenário, e com as emendas nºs 1 a 6. A
emenda nº 6 amplia o prazo para o início da produção dos efeitos
financeiros do projeto para 2011, de forma a conceder um prazo maior
para a adaptação dos orçamentos e fluxos de caixa dos municípios. Na
votação, a deputada Elisa Costa e o deputado Getúlio Neiva
manifestaram-se contrários à rejeição da emenda que determinava que
os efeitos da futura lei seriam a partir de 2009.
Outras emendas - As emendas nºs 1 a 3 mudam os
prazos para alguns órgãos e secretarias de Estado publicarem os
índices e dados constitutivos de alguns critérios. A emenda nº 4
destina o percentual previsto para o critério "Mínimo per
capita" ao critério "ICMS Solidário", na hipótese de nenhum
município ter receita de ICMS per capita inferior a 1/3 da
média. Segundo o relator, essa previsão foi feita porque há dois
anos havia 39 municípios com receita de ICMS per capita
inferior a 1/3 da média do Estado e hoje são 19 municípios nessa
condição. A emenda nº 5 faz ajustes nos percentuais dos subcritérios
do critério "Produção de Alimentos".
Deputados comentam parecer; pedido de vista foi
feito na terça à noite
Em reunião anterior da comissão, o deputado Getúlio
Neiva tinha pedido vista do parecer do relator, ou seja, mais prazo
para analisá-lo. Ele alegou que havia um acordo entre os deputados
para que a proposição chegasse ao Plenário da forma como foi
aprovada em 1º turno. Nesta quarta (17), após entendimentos, Neiva
afirmou que não teria como questionar uma decisão da comissão que
fosse fruto de consenso. Também presente à reunião, o autor do
projeto, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), afirmou que também não
seria empecilho, caso a comissão chegasse a um acordo. Ao avaliar o
texto que será submetido ao Plenário, Pinheiro disse que, apesar dos
avanços singelos, ele significa um despertar de olhos para os
municípios mais pobres.
Já a deputada Elisa Costa declarou-se preocupada
com o resultado da reunião, opinando que houve quebra de acordo e
que não estava convencida de que aquele era o melhor caminho.
Segundo ela, o texto aprovado pelo Plenário revelava o sentimento de
unidade da Assembléia quanto ao assunto e, agora, com a mudança de
datas, seria aberto um precedente para a apresentação de novas
propostas de mudança da legislação. "Se não fizermos o repasse desde
2009, poderemos ter uma lei que não vai se efetivar em 2011",
avaliou.
Entenda o projeto do ICMS Solidário
O PL 637/07 redistribui o ICMS aos municípios
naquilo que compete ao Estado legislar, que é a forma de repartição
de 25% do ICMS e do IPI. Em Minas Gerais, a lei que trata da
distribuição desses 25% é a Lei 13.803, de 2000, que prevê, entre
outros critérios, que 4,68% dessa parcela serão distribuídos com
base no Valor Adicionado Fiscal (VAF) do município. O projeto propõe
exatamente redistribuir esses 4,68% entre outros critérios, a fim de
reduzir as desigualdades entre as receitas das cidades. Cerca de R$
9 milhões da arrecadação do imposto poderão ser redistribuídos entre
os municípios, ou seja, 2,10% do valor total repassado a eles. Do
total de 853 municípios mineiros, 734 serão beneficiados com o
remanejamento.
Por se tratar de matéria polêmica, a Assembléia
promoveu o Fórum Técnico ICMS Solidário no segundo semestre
de 2007, que teve ampla participação de prefeitos e lideranças em 12
cidades nas diversas regiões de Minas. O debate também foi realizado
sob a forma de audiências públicas das comissões permanentes, além
de ter sido designado pela Mesa grupo parlamentar para acompanhar a
tramitação do PL 637/07. O grupo é coordenado pelo deputado Getúlio
Neiva.
Segundo turno - Outros três
projetos, todos do governador, estavam na pauta da reunião da
comissão, na tarde desta quarta: PLs 2.547/08, que define diretrizes
para a formalização de parcerias entre Estado e iniciativa privada;
2.921/08, que cria o Fundo de Apoio Habitacional aos Militares do
Estado de Minas Gerais (Fahmemg); e 2.939/08, que institui a
Gratificação Complementar de Produtividade (GCP) na carreira da
Advocacia Pública do Estado.
Depois da aprovação do parecer sobre o PL 637/07, a
reunião foi suspensa, pois esses projetos não estavam em condições
de ser apreciados, já que precisavam passar ainda pelo Plenário em
1º turno. Todos os três estavam na pauta de Plenário da tarde desta
quarta (17).
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Juarez Távora (PV),
Elisa Costa (PT), Lafayette de Andrada (PSDB), Sebastião Helvécio
(PDT), Getúlio Neiva (PMDB), Dinis Pinheiro (PSDB), Luiz Humberto
Carneiro (PSDB), Paulo Guedes (PT), Mauri Torres (PSDB), Sargento
Rodrigues (PDT), Ana Maria Resende (PSDB), Célio Moreira (PSDB) e
Ronaldo Magalhães (PSDB).
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