Participantes de debate defendem revitalização de
rios
A revitalização de todos os rios de Minas Gerais,
transformando a política ambiental do Estado em um exemplo a ser
seguido no Brasil, foi defendida por Marcus Vinícius Polignano,
coordenador de Educação Ambiental da Meta 2010, que tem como
objetivo tornar o Rio das Velhas navegável e apto para a pesca e
nado no trecho que passa pela Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH). Ele participou do Debate Público Revitalização do Rio das
Velhas - Meta 2010: Avaliação e perspectivas, realizado pela
Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais nesta sexta-feira (12/12/08).
Na abertura do evento, Polignano defendeu que o
debate público seja o início de um movimento político em Minas
Gerais, que coloque o meio ambiente como o principal patrimônio da
sociedade. "Queremos a revitalização do Rio das Velhas, mas também
queremos a revitalização de todos os rios de Minas Gerais. É preciso
iniciar aqui uma reflexão sobre como mudar a nossa relação com o
meio ambiente, em especial com os rios do nosso Estado", afirmou.
O autor do requerimento para realização do debate
público, deputado Fábio Avelar (PSC), explicou que o evento foi
organizado com o objetivo de fazer uma reflexão sobre os avanços já
conquistados e o que ainda falta ser feito para a revitalização do
Rio das Velhas. Ele lembrou que a Meta 2010 começou com um movimento
da sociedade civil, sendo lançada em 2003, após a expedição
"Manuelzão desce o Rio das Velhas", que constatou a degradação do
rio, em especial na RMBH. Fábio Avelar destacou ainda que, após a
expedição, o governador Aécio Neves compreendeu a importância do
projeto para Minas Gerais, tendo sido transformada em 2007 em um dos
projetos estruturadores do Governo do Estado.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
das Velhas, Rogério Sepúlveda, defendeu uma mudança de concepção nas
políticas públicas que tratam diretamente dos rios. Para ele, é
importante que a administração pública passe a enxergar os rios que
passam dentro das cidades como fonte de vida e não apenas como um
local de despejo para os esgotos. "Ao invés de procurar canalizar os
rios, temos que integrá-los às cidades, criando uma convivência
harmônica entre homem e natureza", destacou. O deputado João Leite
(PSDB) também defendeu essa convivência harmônica entre as cidades e
os rios. Ele lembrou a sua infância, quando ainda era possível nadar
no córrego Tijuco, que passa em Belo Horizonte e foi canalizado na
época da construção da Via Expressa.
Sobre a Meta 2010, Rogério Sepúlveda afirmou que,
nos próximos dois anos, é preciso haver uma priorização dos recursos
para que os objetivos sejam alcançados. Ele destacou que várias
melhorias já foram conquistadas, mas que é preciso intensificar as
ações até 2010. Já o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio São Francisco, Antônio Thomaz Gonzaga da Matta Machado, disse
que ainda faltam cerca de R$ 100 milhões que devem ser destinados
para a revitalização de córregos que passam na RMBH. Ele também
lembrou que é preciso focar em ações que promovam a desinfecção do
Rio das Velhas. "Somente através dessas ações poderemos então nadar
no rio", considerou.
São Francisco - Gonzaga
alertou para o fato de que o Rio São Francisco não possui um
programa de revitalização nos moldes do Rio das Velhas. "Não
conseguimos, assim como foi feito na Meta 2010, integrar municípios,
Estado, empresas e sociedade civil em um programa de revitalização
com objetivos e prazos definidos", considerou. Para Gonzaga, os
recursos destinados ao Rio São Francisco estão dispersos, sendo
necessária a criação de um programa que organize a sua aplicação.
Segundo ele, a Meta 2010 está apontando um caminho que deve ser
seguido pela União e por outros Estados para a revitalização de seus
rios.
A assessora do Sistema de Água e Esgoto de
Itabirito, Irene Bernardo Diniz Filha, afirmou que a revitalização
do Rio das Velhas já é uma realidade. Para ela, os objetivos
estabelecidos pela Meta 2010 ainda não foram plenamente alcançados,
mas já é possível perceber mudanças na qualidade da água do rio.
Irene ainda destacou que a mudança não está sendo sentida apenas na
RMBH, mas também em outros municípios do interior, que já estão
trabalhando para a melhoria da qualidade das águas de seus rios.
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