Suspensão de horta comunitária leva comissão a escola pública

A determinação da retirada do Programa de Agroecologia "Nossa Horta" das dependências da Escola Estadual Bolívar Tino...

11/12/2008 - 00:01
 

Suspensão de horta comunitária leva comissão a escola pública

A determinação da retirada do Programa de Agroecologia "Nossa Horta" das dependências da Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro, no bairro Ribeiro de Abreu, na Capital, motivou visita da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais ao estabelecimento de ensino. De acordo com o requerimento do deputado Carlin Moura (PCdoB), que solicitou a visita, realizada na manhã desta quinta-feira (11/12/08), a intenção foi conhecer o programa e os motivos pelos quais a Secretaria de Estado de Educação pediu sua suspensão.

Segundo o presidente do Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra), Itamar de Paula Santos, que administra o projeto, não há diálogo entre a escola e a comunidade. Ele explica que dezenas de famílias estão envolvidas no programa, que é um laboratório a céu aberto, mas os funcionários e os alunos do estabelecimento são proibidos de freqüentar a horta. "Somos tratados como inimigos da escola. Tudo que queremos é abrir uma linha de diálogo com a secretaria para que nossa situação seja regularizada", pediu.

De acordo com Santos, são produzidas hortaliças e ervas medicinais pelo processo orgânico, das quais 50% são destinadas às famílias envolvidas no programa, e a outra metade pode ser comercializada com a comunidade. O "Nossa Horta", que existe desde 2003, integra o projeto Ribeiro de Abreu Social (Ribas), premiado pela Unicef em 2007, e é desenvolvido em parceria com os Correios, Secretaria Municipal de Abastecimento e Ministério das Comunicações. "O mais importante na nossa horta são as pessoas, que têm se alimentado de forma mais saudável e reduzido o número de doenças. Nosso desejo é integrar o programa à escola", concluiu.

Secretaria de Educação afirma que ocupação é irregular

A representante da Superintendência Regional de Ensino Metropolitano A, Maria Adelaide de Bergo Barros, que também participou da visita em nome da Secretaria de Estado da Educação, afirmou que a cessão de espaço, feita há cinco anos, é ilegal. Segundo ela, o processo já corre na esfera judicial e, por isso, pouco pode ser feito pelo Comupra. "O procedimento está na Advocacia-Geral do Estado e solicita apenas o cumprimento da lei. Não temos nada contra o projeto, mas temos que seguir as orientações legais", justificou. Maria Adelaide Barros afirmou ainda que a superintendência já tentou regularizar a situação com a comunidade, mas não houve resposta.

A diretora da Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro, Cleuza Lourenço Linhares, também se disse a favor do "Nossa Horta", mas ponderou que é necessário que as regras internas da escola sejam seguidas. "Sou responsável por mais de 1.500 alunos. Não posso permitir que pessoas estranhas circulem nas dependências da escola para comercializar os produtos produzidos na horta", disse. Para ela, a maior preocupação é zelar pela segurança e bem-estar dos estudantes. "A escola está aberta à comunidade, mas isso não significa que as regras de convivência e funcionamento possam ser violadas", finalizou.

Providências - Para o deputado Carlin Moura, existe um conflito fruto da ausência de diálogo entre os gestores públicos e a comunidade. Por isso, o parlamentar pretende aprovar um requerimento na comissão, a fim de que a Secretaria de Estado de Educação suspenda o processo judicial enquanto não se chegar a um consenso. Mais que isso, pretende realizar uma audiência pública para debater a situação da horta e fazer um apelo à secretária Vanessa Guimarães para que abra um novo processo de consulta à escola e, assim, conheça a vontade da comunidade escolar e das lideranças da região. "O projeto é bom, mas precisa ser oficializado. Não haverá solução sem diálogo, por isso devemos reunir os interessados e chegarmos a um ponto comum", disse.

Presenças - Deputado Carlin Moura (PCdoB).

 

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