Defensores públicos exonerados pedem reintegração aos cargos

A situação de 125 defensores públicos do Estado que exercem a função sem concurso público a partir de 1987 foi discut...

10/12/2008 - 00:02
 

Defensores públicos exonerados pedem reintegração aos cargos

A situação de 125 defensores públicos do Estado que exercem a função sem concurso público a partir de 1987 foi discutida nesta quarta-feira (10/12/08) pela Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Ao analisar uma ação direta de inconstitucionalidade impetrada pelo Ministério Público há dois anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que esses defensores não poderiam exercer os cargos. Em outubro, eles deixaram de receber seus vencimentos. Dezenas de defensores lotaram o Auditório da ALMG e exigiram uma solução para o problema. A reunião foi requerida pelo deputado Ivair Nogueira (PMDB).

A ausência do defensor público-geral do Estado, Belmar Azze Ramos, foi muito criticada pelos presentes. Seu representante na reunião, Leandro Coelho de Carvalho, lamentou a situação vivida pelos defensores, mas disse que a Defensoria apenas cumpriu uma decisão judicial. Decisão esta, segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Raimundo Cândido Júnior, que não é definitiva e que, "portanto, não pode criar essa situação de corte abrupto de remuneração desses pais de família".

O representante da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Ivan José Trindade Ávila, informou que o órgão, juntamente com a Defensoria Pública e a Secretaria de Defesa Social, está buscando uma solução para o problema, "mas ainda não encontrou uma forma técnica para isso". Assim que a encontrar, enviará um projeto de lei para ser votado na Assembléia, disse ele.

No entanto, a defensora pública e representante do Conselho Superior da Defensoria Pública de Minas Gerais, Ana Cláudia da Silva Alexandre, discordou. Segundo ela, essa questão é prerrogativa da própria Defensoria Pública, não cabendo a qualquer órgão decidir sobre ela. Além disso, ela criticou o fato de os principais interessados no assunto - os próprios defensores atingidos - não estarem participando da discussão mencionada pelo representante da Seplag.

Outros defensores presentes à reunião, como Glauco David de Oliveira, Bruno Lombardi e Marlene Chaves Gonçalves, apelaram para a questão humana, que para eles deve se sobrepor à frieza da lei. Lombardi citou a lei segundo a qual o pai afetivo se sobrepõe ao pai biológico para justificar que "não basta ser concursado, é preciso ter algo mais para ser um defensor público". Glauco Oliveira se referiu à ironia de que "aqueles que fomentaram o crescimento da Defensoria Pública estão sendo tratados de forma aviltante". O presidente da OAB-MG completou que "quem deu todo o seu sumo à Defensoria Pública não pode agora ser tratado como bagaço de laranja".

Deputados apóiam causa dos defensores

Todos os deputados que se manifestaram na reunião se posicionaram favoravelmente à causa dos defensores exonerados. Ivair Nogueira lembrou o constrangimento a que têm sido submetidos os defensores designados ao serem impedidos de entrar no prédio da Defensoria e disse que a postura do defensor-geral é imparcial.

Doutor Viana (DEM) sugeriu que cada um entre com um mandado de segurança individual para reaver seu cargo, lembrando que já há jurisprudência favorável. Ele citou ainda que há cerca de 45 assessores jurídicos de penitenciárias vivendo a mesma situação. Já Domingos Sávio (PSDB) levantou a hipótese de se apresentar uma emenda que contemple os interesses dos defensores a um projeto já em tramitação na Assembléia, de forma que a solução seja encontrada rapidamente.

Ao final da reunião, outros defensores que compunham a platéia foram ao microfone para relatar os dramas que estão vivendo ultimamente. Em tom exaltado, eles se queixaram da ausência do defensor público-geral e exigiram que a Defensoria forneça a eles esclarecimentos sobre a situação.

Presenças - Deputados Elmiro Nascimento (DEM), presidente; Ivair Nogueira (PMDB), Domingos Sávio (PSDB), Chico Uejo (PSB), Inácio Franco (PV), Doutor Viana (DEM), Doutor Rinaldo (PSB), Getúlio Neiva (PMDB), Délio Malheiros (PV) e Weliton Prado (PT).

 

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