Comissão de Saúde vai mediar impasse sobre tratamento de radioterapia

Com o objetivo de mediar uma revisão territorial do tratamento de radioterapia no Estado, aumentando a abrangência do...

10/12/2008 - 00:04
 

Comissão de Saúde vai mediar impasse sobre tratamento de radioterapia

Com o objetivo de mediar uma revisão territorial do tratamento de radioterapia no Estado, aumentando a abrangência do atendimento prestado no município de Governador Valadares, a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais irá realizar visita ao secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana. A necessidade de mediar uma solução para o problema foi constatada em audiência pública da comissão, solicitada pelo deputado Ruy Muniz (DEM), nesta quarta-feira (10/12/08), que debateu alteração feita pela Secretária de Saúde, reduzindo o número de municípios atendidos pelo Instituo de Oncologia e Radioterapia (IOR) de Governador Valadares.

O procurador jurídico do IOR, Ângelo de Souza Zulato, explicou que o IOR de Governador Valadares, até o início deste ano, era responsável por fazer o tratamento de radioterapia dos pacientes do SUS em 51 municípios do Leste de Minas. Entretanto, no início de 2008, a Secretaria de Estado de Saúde teria alterado esse credenciamento, reduzindo o atendimento da clínica para 23 municípios. Segundo ele, essa alteração estaria prejudicando os pacientes de Teófilo Otoni, por exemplo, que antes faziam o tratamento em Governador Valadares e agora percorrem uma distância maior para serem atendidos em Belo Horizonte.

Entretanto, o técnico em Oncologia da Secretaria de Estado de Saúde Luiz Adelmo Lodi Neto explicou que uma portaria do Ministério da Saúde, editada em 2005, estabeleceu que os serviços de tratamento de radioterapia somente poderiam ser credenciados pelo SUS se estivessem associados a um hospital. Segundo ele, o objetivo dessa portaria era garantir que, no caso de reincidência da doença, o paciente tivesse como recorrer diretamente ao hospital responsável pelo tratamento.

De acordo com Luiz Adelmo Lodi, após a portaria, foi dado um prazo pela Secretaria de Saúde para que as clínicas isoladas, como é o caso do IOR, se associassem a um hospital e continuassem credenciadas no sistema. No entanto, ele explicou que até então o IOR não apresentou a documentação necessária à Secretaria de Saúde, o que ocasionou a retirada de parte dos municípios que eram atendidos pela clínica.

Ângelo de Souza Zulato afirmou que o IOR procurou os três hospitais de Governador Valadares com o objetivo de cumprir a determinação da portaria do Ministério da Saúde. Entretanto, segundo ele, dos três hospitais, apenas um deles teria condições de preencher os requisitos exigidos para o credenciamento do SUS. Ângelo Zulato explicou que o IOR encaminhou ao hospital o pedido de associação, mas a instituição não teria demonstrado interesse. "Há 18 anos o IOR é credenciado pelo SUS e agora será preterido, mesmo prestando um atendimento de qualidade?", questionou.

Impasse - Diante do impasse constatado na audiência pública, os deputados Ruy Muniz e Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente da comissão, apresentaram requerimento solicitando a realização de reunião da comissão com o secretário de Saúde, Marcus Pestana. Eles constataram a necessidade de a Comissão de Saúde intermediar uma solução junto à Secretaria de Saúde. "É preciso encontrar uma solução, pois o câncer é uma doença que tem um tratamento sofrido, e a população do Leste de Minas não pode continuar tendo que viajar para outras regiões do Estado para ser atendida, sendo que o serviço pode ser prestado em Governador Valadares", afirmou Ruy Muniz.

Também foram aprovados dois requerimentos de Ruy Muniz, sendo que um deles pede a realização de visita da comissão a Governador Valadares para verificar as condições do tratamento de oncologia no município. O outro requerimento pede que o Ministério Público instaure processo de investigação com o objetivo de apurar os possíveis prejuízos à população do Leste de Minas, devido à revisão territorial no tratamento de radioterapia.

Redistribuição territorial da radioterapia é defendida

O coordenador de Regulação da Gerência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, Hélio Alves Batista Filho, defendeu que a Secretaria de Saúde faça uma redistribuição territorial da radioterapia. Ele afirmou que, atualmente, em Minas Gerais, todos os pacientes estão sendo atendidos, mas seria necessário redistribuir as regiões de atendimento.

Hélio Alves Batista mostrou como funciona hoje a divisão territorial do tratamento de câncer em Minas Gerais. Segundo ele, existem casos que precisam ser alterados, já que uma das determinações que regulam o SUS é que o paciente deve fazer o tratamento o mais próximo possível do seu domicílio. O coordenador citou como exemplo o município de Nanuque, em que os pacientes fazem o tratamento em Belo Horizonte.

O deputado Doutor Rinaldo (PSB) defendeu que seja encontrada uma solução para o problema dos pacientes do Leste de Minas, mas lembrou que as portarias do Ministério da Saúde devem ser respeitadas. Já o deputado Carlos Pimenta falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos pacientes de câncer e questionou a possibilidade de haver interferências políticas na distribuição territorial do tratamento.

Outros requerimentos - Foram ainda aprovados três requerimentos na reunião. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) apresentou requerimento solicitando a realização de audiência pública para debater a prestação dos serviços pelas agências do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) no interior. Já requerimento do deputado Doutor Rinaldo pede que seja encaminhado ofício ao presidente do Ipsemg solicitando que o instituto não feche a agência que funciona no município de Formiga.

O último requerimento, do deputado Deiró Marra (PR), solicita que seja encaminhado ao Secretário de Saúde pedido de prorrogação de prazo para que as farmácias possam se adequar à legislação que trata do acesso de portadores de deficiência. Na reunião também foi aprovada proposição que dispensa a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB) e Ruy Muniz (DEM).

 

 

 

 

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