Diagnóstico dos Direitos Humanos é apresentado na ALMG

Minas Gerais é o primeiro Estado do Brasil a ter um diagnóstico qualitativo e quantitativo de indicadores dos Direito...

08/12/2008 - 00:01
 

Diagnóstico dos Direitos Humanos é apresentado na ALMG

Minas Gerais é o primeiro Estado do Brasil a ter um diagnóstico qualitativo e quantitativo de indicadores dos Direitos Humanos. O estudo, elaborado pelo Observatório de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), foi apresentado nesta terça-feira (9/12/08) no Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, durante reunião extraordinária da Comissão de Direitos Humanos. O objetivo é que ele se torne uma ferramenta de trabalho para desenvolvimento de ações.

Inéditos, os dados foram organizados a partir de informações coletadas junto a instituições oficiais sobre cinco temas: socioeconômico, mulher, negro, violência e criança e adolescente. Com base nessas informações, a garantia dos direitos humanos foi classificada como alta, boa, média, baixa e precária. Segundo a Sedese, para elaboração do índice de garantia dos direitos humanos foi utilizado como modelo o Sistema Intraurbano de Monitoramento dos Direitos Humanos (SIM-DH), desenvolvido na cidade de São Paulo. Em Minas, a diferença é que o modelo foi aplicado em todos os 853 municípios. A pesquisa será publicada a cada dois anos. A primeira servirá como parâmetro para as próximas publicações.

A diretora do Observatório de Direitos Humanos, Raquel Brandão, informou que o estudo estará disponível no site da Sedese (www.sedese.mg.gov.br). "Em 2009, lançaremos a publicação impressa. Pretendemos que essa iniciativa enriqueça a luta, crie novas políticas e melhore as já existentes", disse. "Podemos dizer que o primeiro passo foi dado. Hoje, temos dados com rigor técnico e que poderão ser analisados sob o prisma dos Direitos Humanos", disse a superintendente de Integração de Política de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Márcia Martini. "Dados que eram divulgados de forma fragmentada, agora foram consolidados. Este diagnóstico vai fazer com que aumente o controle da sociedade civil, do parlamento, das prefeituras", comentou o sub-secretário de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, João Batista de Oliveira.

Deputado elogia iniciativa e cobra dados da Polícia Militar de Minas Gerais

"Quem faz dos Direitos Humanos mais que uma bandeira de luta, um compromisso com a vida, tem nas mãos um instrumento precioso. Essa é uma luta constante, permanente", afirmou o deputado Durval Ângelo (PT). Ele ressaltou, no entanto, que alguns dados dever ser analisados com relatividade. "Na questão racial, por exemplo, devemos lembrar que a miséria, em geral, iguala negros e brancos. Quando falamos de gênero, é importante perceber que, em muitos locais, ainda está vigente a cultura do silêncio: mulheres que não denunciam os abusos sofridos, informações que não chegam ao aparelho do Estado", observou Durval.

O deputado citou a falta de dados da Polícia Militar, que não apresentou informações sobre a letalidade em confrontos com a polícia, por exemplo. "Não foi por falta de números, mas porque há muitos dados contraditórios. Dados da ouvidoria informam que a polícia matou duas vezes mais em 2007, em comparação com 2006. Minas Gerais não assinou o pacto sobre a tortura. Não faz parte da estatística nacional e, inclusive, está perdendo verba por isso", comentou, avisando que apresentará um requerimento pedindo que a Sedese complemente o diagnóstico com os dados oficiais da Ouvidoria sobre a letalidade das polícias mineiras.

Números - Entre os dados apresentados, 14 municípios apresentam alta garantia dos direitos, enquanto nove deles têm precária garantia (o pior índice). Cerca de metade dos municípios ficam na média dos indicadores. "O mais importante é que esses números não são para comparar com outros Estados, mas para melhorar o nosso próprio", disse o diretor do Instituto DH, João Batista Moreira Pinto, que apresentou o diagnóstico.

Os temas apresentados na pesquisa revelaram mapas bastante diferentes. Enquanto o mapa da violência tem números bem difusos, o que se refere aos aspectos socioeconômicos mostrou realidades distintas entre o Norte e o Sul do Estado. No Norte, a maioria dos municípios (73%) se encontra em situação bastante vulnerável, predominando as garantias precária e baixa. Na região Sul, a situação é contrária, com 37% dos municípios registrando alta garantia. O mapa da violência mostra que a maior incidência de indicadores de alta e boa garantia está nas macro-regiões Sul (boa 32%; alta 20%), Zona da Mata (boa 20%; alta 23%) e macrorregião Central (boa 20% e 27% alta).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715