Deputados pedem recursos para Fundação Caio
Martins
Camas e televisões quebradas, colchões e roupas de
cama rasgados, oficinas sem equipamentos, falta de estrutura. A
situação encontrada pelo deputado Almir Paraca (PT) em uma das
unidades da Fundação Educacional Caio Martins (Fucam) assustou o
parlamentar, que pediu a realização de uma audiência pública da
Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais. Nesta quinta-feira (4/12/08), os
parlamentares se reuniram com ex-alunos e representantes do Governo
do Estado para buscar alternativas para as seis escolas da fundação
voltadas ao ensino profissionalizante e a menores em situação de
risco social.
"A situação é de abandono. Recentemente fomos
obrigados até a fazer uma campanha do agasalho para os alunos, o que
mostra o quão grave é a situação. Nem mesmo os programas da
Secretaria de Estado de Esportes chegam à Fucam, evidenciando o
abandono da instituição", afirmou o parlamentar, que pediu atenção
do governo e sugeriu a formação de consórcios regionais das
prefeituras das cidades onde existem escolas. São seis municípios
mineiros: Esmeraldas (Região Metropolitana de Belo Horizonte),
Buritizeiro, Juvenília, Januária, São Francisco e Riachinho (todas
no Norte de Minas).
Conselho - O novo
presidente da Fucam, Cloves Benevides, que também é subsecretário de
Estado de Políticas Antidrogas, prometeu que em 15 dias dará posse
definitiva ao conselho curador da entidade, que terá a
responsabilidade de definir os novos métodos pedagógicos da
instituição. "Tenho perfeita consciência da importância da Fucam.
Vamos trabalhar com a lógica da responsabilidade compartilhada. Para
isso pretendo me reunir periodicamente com ex-alunos e
funcionários", prometeu.
Benevides informou também que em 90 dias vai
apresentar um diagnóstico estrutural da rede de escolas, com
definição de novos projetos e parâmetros de funcionamento. "Até lá
vamos estudar alternativas, mas é certo que temos que investir em
mais cursos profissionalizantes e em novas tecnologias", afirmou.
Recursos - Para o deputado
Ademir Lucas (PSDB), o problema está na falta de recursos. "Se não
houver dotação orçamentária, não adianta, que não vai funcionar. A
entidade precisa ter vida própria e recursos próprios", disse o
parlamentar, que é de Esmeraldas e lembrou os tempos em que a
instituição servia de modelo.
A representante do Corpo de Voluntariados da
Fundação Caio Martins, Nelma França, ressaltou que cada aluno da
entidade custa R$ 51 aos cofres públicos e um preso sai por R$
1.500. "Todos sabem que a fundação virou um grande problema para o
Estado. Então temos que refletir. Será que isso está certo?",
indagou. O presidente da Associação de Ex-alunos, Amauri Rodrigues,
criticou a postura dos últimos diretores e sugeriu a formação de uma
comissão de ex-alunos e especialistas da área da educação para
discutirem a formação de um novo modelo para a Fucam. "A Fundação
virou um cabide de empregos. Altos salários são pagos aos diretores,
enquanto funcionários sobrevivem com pouco mais de R$ 400",
reclamou.
Depois dos convidados, o deputado Almir Paraca
abriu o microfone à platéia que tomou boa parte do Auditório da
ALMG. Em comum, o saudosismo e o sentimento de revolta pela situação
precária pela qual passa a instituição. Pela Fucam já passaram mais
de 50 mil alunos. As seis unidades da Fundação têm hoje 1.350 e,
segundo os participantes da audiência, poderia ter muito mais, se
houvesse recursos.
Presenças - Deputados
Weliton Prado (PT), presidente da Comissão; Ademir Lucas (PSDB),
Almir Paraca (PT) e Sebastião Costa (PPS). Também participou o
secretário de governo de Esmeraldas, Josué Nunes de Carvalho.
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